O importante não é vencer todos os dias, mas lutar sempre

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O avião aterrissou. Um friozinho abraçou o meu corpo assim que coloquei o primeiro pé para fora do avião. Bianca estava ao meu lado.

— Você vai direto para sua casa? — Bianca perguntou, arrastando sua mala.

— Não, vou para a casa da Dominique. Preciso conversar com ela o mais rápido possível e terminar tudo de uma vez.

— Você quer que eu vá com você?

— Não, eu posso resolver isso sozinha. — Detive meus passos e virei-me para ela. — Você tem certeza de que quer fazer isso sozinha?

— Tenho.

— Bianca, eu posso adiar a conversa com Dominique e tentar conversar com os seus. Eu posso explicar a eles que fui eu quem a levou comigo — insisti, embora a ansiedade de terminar logo com aquele maldito assunto estivesse consumindo-me por inteira.

— Paola, está tudo bem. Está na hora de eu resolver os meus próprios problemas. Eu quero ser como você e impor as minhas vontades sobre a minha vida e não as dos meus pais.

Abri um sorriso, deixando uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto. Bianca sorriu e puxou-me para um abraço. Eu achei que já não fosse mais possível escorrer lágrimas pelo meu rosto, uma vez que eu já tinha passado uma noite inteira chorando.

— Eu queria poder te ajudar, Paola.

Eu só queria que aquela dor passasse.

Assim que John fechou a porta daquele quarto, deixando-me na escuridão, as lágrimas deslizaram mais ainda pelo meu rosto. Eu me odiava por ter feito aquilo com ele. Ele tinha me olhado de um jeito tão odioso que eu me senti um monstro. Eu estava me odiando.

Eu joguei meu corpo contra o chão e abracei minhas pernas, escondendo meu rosto entre os meus joelhos. Soltei um grito enquanto balançava-me para frente e para trás. Eu tinha destruído tudo, Lorenzo tinha destruído tudo. Chorei por muito tempo, tentando amenizar a dor dentro de mim.

Eu queria que alguém estivesse naquele quarto comigo e me aconselhasse, mas não tinha ninguém naquele maldito quarto. Não tinha ninguém do meu lado. Eu não tinha uma família, não tinha pais, não tinha irmãos, não tinha ninguém.

A minha ganância, a minha sede por dinheiro e poder tinham me deixado naquela situação. O meu passado tinha voltado e destruído tudo que eu tinha encontrado. Lorenzo e eu tínhamos destruído tudo. Eu quis matar Lorenzo. Os meus dedos formigaram para que eu apertasse o pescoço dele assim como ele tinha feito comigo. Eu quis acabar com aquela vida desprezível dele.

Eu nunca tinha sentido uma dor tão grande dentro de mim. O alívio momentâneo que senti foi quando eu gritei com todas as minhas forças, ainda jogada naquele chão gelado. Chorei a noite inteira a fim de mandar aquela dor para longe, mas não adiantou. Eu quis levantar daquele chão e tentar explicar as coisas para John, mas eu sabia que ele não iria me ouvir.

Eu também não ouviria uma pessoa que mentisse para mim daquela forma.

— Está tudo bem. Só me abraça — pedi, apertando mais meus braços em torno de seu corpo. Ainda não era possível sentir a barriga de Bianca, mas em breve eu poderia sentir.

— Vai ficar tudo bem — Bianca sussurrou, afastando-se de mim. Sua mão parou em meu rosto, enxugando minhas lágrimas. — Sabe que eu vou sempre estar com você, não sabe?

Assenti.

— Agora não será diferente. Erga essa cabeça, porque você é uma mulher forte. Entre naquela casa e resolva tudo com a cabeça bem erguida. Eu vou querer ser madrinha do seu casamento com John. — Sorriu, puxando meu rosto para beijar minha testa.

Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1Onde histórias criam vida. Descubra agora