O amor verdadeiro começa lá, onde não se espera mais nada em troca.

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E se ele estivesse doente mesmo?

E se algo pior acontecesse com ele?

E se ele estivesse sentindo muitas dores?

E se ninguém estivesse com ele?

As perguntas rondavam a minha pergunta desde o momento em que Olívia tinha dito que eu não precisava trabalhar, pois o meu chefe estava doente e, portanto, ela e Justin cuidariam de tudo. Praticamente corri até a saída do prédio e entrei no primeiro táxi que apareceu. Dei a localização da casa de John e os minutos que seguiram foram torturantes, como grossas agulhas entrando em minha pele lentamente, destroçando tudo.

Não era a minha obrigação ir até a casa dele e conferir que nada de errado estava acontecendo, mas a minha consciência me mandava fazer isso. Era minha culpa, afinal, ele pulou dentro de uma piscina, em uma noite fria, para me salvar. Era o mínimo que eu podia fazer por ele. Não lembrava, em quase trinta e cinco anos de vida, quando alguém tinha se importado o suficiente comigo para fazer algo por mim. Eu estava sempre cercada de pessoas, mas sabia que se um dia eu precisava deles não receberia ajuda. Foi então que eu percebi que tudo na minha vida não passava de uma troca de favores, de puro interesse, de pura ganância.

Paguei ao taxista, desci e praticamente corri até o portão imenso, de grades pretas. Apertei a campainha.

Esperei um, dois, três segundos e ninguém me atendeu.

Apertei de novo.

Novamente, não fui recebida por ninguém.

Apertei a campainha mais umas cinco vezes, dando um mínimo intervalo a cada cutucada. Quando, ainda assim, não recebi uma resposta, comecei a cutucá-la ferozmente, feito uma criança birrenta, sentindo a ansiedade escorrer pelos meus dedos.

Bolsas escuras sob olhos meio avermelhados, olhos pesados e um corpo molengo foram um dos primeiros aspectos que me receberam. Encarei-o como se estivesse vendo o verdadeiro bicho papão. O que tinha acontecido com ele? Não parecia um resfriado qualquer, ele estava com um aspecto doente. Era deprimente olhá-lo daquele jeito, ainda mais sabendo de quem se tratava e o motivo de estar daquele jeito.

— Paola? O que está fazendo aqui? — O cansaço em sua voz era aparente.

Ahhh, você está bem. — Um suspiro exagerado fugiu da minha boca e eu fechei meus olhos, levando minha mão até o peito onde eu podia sentir meu coração batendo mais forte que o normal. Quando reabri os olhos, estendi uma pasta. — Eu vim entregar alguns documentos. — A primeira desculpa que surgiu.

— Eu lembro de ter pedido a Olivia.

— Ela não pôde vir — menti, mas ele não pareceu engolir a minha desculpa. Eu sabia mentir muito bem, como não tinha soado tão convincente?

— Obrigado. — Estendeu uma mão pegar os documentos, mas o processo foi tão lento que eu estendi-os primeiro.

Antes que ele se virasse, vi um cachorro correr em nossa direção, balançando o rabo e liberando um latido que, por alguns momentos, assustou-me. No entanto, quando ele passou por John com toda sua brutalidade e pulou em cima mim, tentando lamber meu rosto, percebi que se tratava de um cachorro extremamente dócil.

Oiiii. — Acariciei sua cabeça, ainda recebendo as lambidas. Avistei a coleira e chequei o nome na mesma. — Príncipe.

— Parece que ele gostou de você. Não sabia que gostava de cachorros.

— Eu também gostei muito de você. — Esfreguei os dedos em suas costas, vendo-o curvar-se em adoração. — De qual raça é?

— Golden.

Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1Onde histórias criam vida. Descubra agora