O desejo traz tua boca.

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Dentro Audi R8 azul, me sentei de forma confortável no banco. Um misto de emoções controlavam os pensamentos. Por um lado, eu estava com raiva de sua atitude mais cedo, mesmo que ele tivesse me pedido desculpas. Por outro lado, estar tão perto dele estava me dando uma sensação de descontrole por parte dos meus desejos.

Lembrei de todas as vezes em que eu tocava pensando nele. Que homem detestável e irresistível ao mesmo tempo. Por que ele não podia ser mais acessível? Toda aquela merda iria acabar em instante se ele simplesmente não fosse um ser humano que parecia fazer questão de me fazer odiá-lo.

Fechei os olhos e inalei o ar gélido de dentro do carro.

Eu precisava de alguma distração, precisava muito. Se eu não controlasse todas as emoções que pareciam descontroladas em meu âmago, em algum momento eu iria surtar de verdade e perdeu o resto do controle que ainda me restava. Um autocontrole que tinha me custado muito para ter durante toda a minha vida.

Antes de me casar com Lorenzo, eu tinha uma vida que era intercalada entre o trabalho e a presença constante do sexo masculino. Eles sempre foram o meu parque de diversão particular, eu simplesmente usufruía de todos os prazeres que eles podiam me proporcionar com o único propósito de não perder a cabeça com o rumo da minha vida. Sinceramente, funcionava muito bem para mim.

Não importasse o quanto isso parecesse imoral e sujo para uma mulher, a presença masculina sempre fora considerado um reles brinquedo em minha vida. Eles eram a chave para o meu descontrole. Afinal, se tinha algo que Dominique tinha firmado em minha cabeça era que todos os homens eram completamente odiáveis, não importava o quanto eles parecessem bonzinhos ou sinceros. Eram sempre as mesmas merdas, eu só precisava aprender a lidar com eles.

Mas chegou um momento em que tive que escolher o meu trabalho e foi quando Lorenzo entrou em minha vida.

Agora, outro estava entrando, mas ele estava entrando sem a minha permissão e isso estava me tirando de todo o meu autocontrole.

— Vire para a esquerda — direcionei John para o apartamento e apertei meus braços em volta do meu corpo, tentando dissipar a onda fria que escorria lentamente pelos meus braços. Eu estava de vestido em uma noite extremamente fria e, embora tivesse aquecedor tanto no carro quanto na casa noturna, eu ainda estava morrendo de frio.

— Está com frio? — John perguntou, sem desviar sua atenção da estrada.

— Estou.

Assisti enquanto ele esticava a mão até o painel do carro e aumentava a temperatura do mesmo.

— Você parece gostar muito desse tipo de ambiente.

Notei o toque de ironia em sua voz e percebi que ele estava falando da balada.

— Para ser sincera, meus hábitos noturno não têm nada a ver com aquele lugar — embora tivesse falando como quem comentava algo banal, esperava que ele notasse o duplo sentido na frase.

— Hábitos noturnos? Como quais?

— Eu tenho alguns probleminhas com insônia. — Dei de ombros. — Enquanto a maior parte da população está aproveitando uma boa noite de sono, eu prefiro fazer coisas bem mais interessantes — enfatizei as últimas três palavras.

Antes de virar minha cabeça para a janela, ganhei a perfeita visão de um sorriso malicioso.

— Tocar piano, por exemplo. Amo tocar piano — acrescentei, soando bem inocente.

— Tocar piano? De madrugada?

— Você sabe que eu não sou daqui. Antes de vir para cá, eu vivia em uma casa sozinha, sem ninguém, então tinha que fazer algo para não me afogar em meio a tanta solidão — aticei, mascarando um pouco da verdade.

Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1Onde histórias criam vida. Descubra agora