J o h n M i l l e r
Demoramos alguns segundos até chegarmos ao meu carro. Tivemos que passar por muitos fotógrafos que enchiam nossas cabeças com perguntas supérfluas. Decidi que seria melhor levar Paola para a minha casa, uma vez que a distância da minha casa a festa era de dez minutos.Quando chegamos em minha casa, deixei que ela tomasse um banho e entreguei-lhe uma calça de moletom e uma blusa minha. Já passavam das duas horas da manhã, então deixei sua roupa e seus sapatos sobre o sofá. Fiz, também, um pouco de chocolate quente para ela a fim de que aquela tensão deixasse seu corpo, mas a verdade era que eu quem tenha que livrar-me daquela tensão e não ela.
— Escolha o quarto que quiser — disse, e dei-lhe as costas. Não estava em condições de continuar em sua frente. Vê-la era o mesmo que lembrar que passei todo aquele tempo sendo enganado. Não queria mostrar minha fraqueza a ela, não queria que ela visse as lágrimas que começaram a escorrer no momento em que lhe dei-lhe as costas.
Paola tinha mentido de um jeito tão extraordinário bem, que eu me sentia mal por ter acreditado. Eu tinha acreditado em todas as palavras que tinham saído de sua boca, acreditava em todos os momentos em que ela parecia estar sendo sincera.
Era apenas o meu coração que me fazia enxergar daquele jeito. Eu estava apaixonado e as pessoas apaixonadas não raciocinam direito, cometem loucuras e são capazes de enxergar uma coisa não existe em ninguém: a perfeição.
Estava tudo tão confuso e doloroso dentro de mim. Tinha sido um bobo por acreditar que uma mulher, como ela, ficaria comigo. A minha vida era monótona. Embora eu tivesse muito dinheiro, eu jamais poderia oferecer a ela as coisas que desejava. Eu jamais seria o suficiente para preencher as suas necessidades.
Deixei um rastro de lágrimas em cada degrau que subi e entrei em meu quarto, fechando a porta atrás de mim. Eu só queria tomar um banho, deitar a cabeça em meu travesseiro e dormir por quanto tempo fosse necessário. Só queria que aquela dor sumisse.
Abandonei tudo que eu acreditava ser bom por estar sozinho, a fim de viver aquele sonho de menino. Eu queria viver feliz e casar com ela, o que tinha demais nisso? Era algo tão ruim assim? A levaria para o altar e a tornaria minha esposa. Mesmo que ela não pudesse ter filhos, nós poderíamos adotar, se essa fosse a sua vontade. Eu estava disposto a tentar tudo por ela.
Mas eu nunca seria o suficiente para uma mulher que não conhecia limites. Eu nunca seria o suficiente para uma mulher ruim e gananciosa. Eu nunca seria suficiente para Paola Vitale. E não estava mais disposto a abrir mão da minha vida para passar todas as noites chorando.
Tomei um banho, tentando mandar embora a dor que dominava em meu peito. Fechei e abri os olhos diversas vezes, tentando despertar daquela dor ou voar para uma realidade diferente. O que mais Deus tinha reservado para mim senão um futuro isolado?
A solidão era tão real em minha vida que eu já tinha me acostumado com ela. Deixar Fernanda no Brasil, abandoná-la para viver um futuro promissor, talvez, tivesse contribuído para que eu tivesse carregado durante anos aquele vazio, aquela solidão.
Fechei o chuveiro e enrolei uma toalha em meu corpo. Escovei meus dentes e passei os dedos pelos fios do meu cabelo. A dor em minha cabeça tornava-se mais forte. Peguei uma pequena cartela de comprimido e tomei um para aliviar a dor. Aquilo me magoou. Me magoou muito.
— Merda. — Soquei a bancada do banheiro.
Impedi que as lágrimas chegassem ao fim do meu rosto e abri a porta do banheiro. Quando ergui meu rosto, encontrei Paola sentada na ponta da minha cama enquanto brincava com seus dedos. A luz do banheiro invadiu o quarto e ela elevou o rosto, encarando-me.
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Insensato Desejo | Série Dono do Meu Desejo #1
RomanceA vida da magnata italiana, Paola Vitale, é um simples "o mestre mandou", onde ela é a única soberana de tudo ao seu redor, inclusive das pessoas, que não passam de meras peças em seu tabuleiro. Ela tem tudo o que qualquer pessoa deseja: dinheiro, b...