Meraki

Capítulo 36 - Sixth lesson

Heeey! Tudo bem com vocês?

Primeiramente gostaria de agradecer pela compreensão em relação ao bloqueio inexplicável do prólogo desta estória. Quem ainda não leu, recomendo, pois é importante para a estrutura da fic.  

Não deixem de comentar, votar e divulgar.

Espero que apreciem o capítulo e perdoem erros.

See you!

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Camila

Sentada no tapete felpudo, com as costas apoiada no sofá e rodeada de fotografias – as quais eu tentava criar uma linha do tempo desde a minha última visita a Itália no verão passado –, refleti sobre a conversa telefônica que tive com Beth mais cedo naquela manhã.

De acordo com a mulher as coisas em minha antiga casa estavam aparentemente tranquilas desde o episodio em que Sofia foi parar no hospital devido à "briga na escola", mas estranhamente minha mãe e irmã se enclausuraram e Beth não conseguia uma aproximação no intuito de buscar por possíveis informações que revelassem algum tipo de abuso por parte do meu pai. Foram apenas duas breves ligações, onde minha mãe garantiu que a família estava em perfeita ordem.

Suspirei e massageei a base entre o pescoço e os ombros, numa tentativa de aliviar o peso e rigidez no local. Os últimos dias foram incríveis, com meu passado em segundo plano, mas eu nunca poderia ignorá-lo, não enquanto Sofia vivesse debaixo do mesmo teto que Alejandro Cabello. E sou eu a pessoa responsável por tentar livrá-la daquele inferno, mas seria uma batalha árdua, longa e possivelmente perdida.

Imaginar-me enfrentando Alejandro; olhando em seus olhos com o queixo erguido, a voz firme, e corpo em completa sintonia e calmaria com minha mente, é quase um sonho impossível. Essa é a verdade, pois se me colocasse diante do homem que se designa meu pai, eu desmoronaria como sempre aconteceu. Sua autonomia sobre mim, mesmo que já tenham se passado uma década, ainda é sólida.

Tenho pessoas incríveis ao meu lado, que me apoiariam em todos os momentos, além de conseguir ser representada por profissionais respeitados devido ao meu dinheiro e status em minha área de atuação, mas primeiramente eu tenho que me fortalecer, isso deve partir de mim e mesmo com a evolução ocorrida nos últimos meses, não é o suficiente para me fazer enfrentar meu passado sem sucumbir. Eu quero me tornar a pessoa capaz de fazer isso, não apenas pela superação pessoal, mas principalmente por minha irmã.

Eu quero ser capaz de fazer isso.

Vou lutar com todos os demônios que me assombram e pretendo vencer um a um, mesmo tendo que rasgar o que resta da minha alma para conseguir, pois a vitória e o apoio daqueles que me amam serão os responsáveis por unir cada pedacinho que eu deixar para trás. Hoje eu sei que posso ser resgatada. Hoje eu sei que posso mudar.

O som da campainha ressoou pelo apartamento, tirando-me do meu delírio. Passei as mãos pelo rosto, sentindo que algumas lágrimas fizeram seu caminho tortuoso em minha face. Caminhei até a larga porta branca e abri consciente de que seria Dinah, já que a portaria não interfonou informando sobre nenhuma visita.

Abri a porta sem prestar a devida atenção, e o vislumbre dos coturnos pretos me fez erguer o olhar vagarosamente, observando jeans escuros com alguns rasgos em sua extensão e uma camiseta larga na cor preta. Lauren estava com o ombro apoiado no batente da porta e um sorriso brincando em seus lábios, que refletiam em seus belos olhos brilhantes. Meu coração saltou e minha boca entreabriu-se buscando por ar devido à surpresa.