MESS ME 「 Changki 」

9

Toquei os fones e em seguida olhei para trás, vendo Changkyun sentar-se ao meu lado e encarar a parede. Eu não ousei dizer nada, esperei a música acabar enquanto apreciava a presença dele ali.

— Let It Be — Changkyun murmurou e sorriu ao me olhar. Eu acabei sorrindo também — ela costuma melhorar meu humor, pensei que fosse melhorar o seu também — arqueei uma das sobrancelhas — eu te vi saindo do refeitório meio chateado.

"E veio atrás de mim, por quê?", era o que eu queria perguntar.
Changkyun tocou meu rosto e limpou outra lágrima que caía. Meu coração deve ter disparado, e eu devo ter ficado mais envergonhado que o normal.

— O-obrigado — foi tudo o que consegui dizer ao abaixar o rosto.

— Kihyun — minha boca estava entreaberta. Ele sabia meu nome? — que tal tomar milk-shake comigo depois do seu trabalho?

É o quê?
Ergui meu rosto e, pela primeira vez em dois anos, consegui o encarar por mais de dois segundos. Encontrei forças o suficiente para assentir e ver o sorriso dele sem desmaiar.

— Que horas você sai?

— Cinco horas — ele assentiu e abaixou os fones da minha orelha.

— Quer ouvir outra música dos Beatles? — assenti lentamente e o observei retirar a fita "Let It Be" e trocar pelo outro lado. Era um rock leve, e acabei mexendo a cabeça junto com as batidas da música, não me importando se Changkyun ria de mim ou não.

A música ultrapassou os três minutos e alguns segundos, e assim que retirei os fones, o sino soou.

— Te vejo mais tarde, Kihyun? — Changkyun perguntou suavemente.

— S-sim — ele sorriu e subiu os degraus correndo, tropeçando no último.

[...]

Não contei nada para Minhyuk ou Jooheon no segundo intervalo, já que era certeza de que fariam uma algazarra. Então eu teria que me virar sozinho.
Corri até a loja de música, retirei o casaco e me sentei atrás do balcão como sempre. Changkyun não veio no horário de sempre, e os que vieram em seu lugar não diminuíam a minha ansiedade. Eu queria vê-lo logo.
Olhei para o relógio, e assim que deu cinco horas, não esperei Jeong me falar para ir, corri para os fundos, vesti o casaco e sobrepus a mochila no ombro. Changkyun havia acabado de empurrar a porta e sorriu ao me ver.

— Vamos? — indagou com uma voz doce.