Não saber lidar

1.8K 146 32
                                    

POV Daryl

O grupo se reuniu a noite, com a Carol de volta. Todos sentaram em volta  da mesa da cozinha, cada um de nós perdido em seus próximos pensamentos. A volta de Beth Greene dos mortos abalou todos, e o grupo dela fez a balança pesar para o nosso lado.  De alguma forma desconhecida, a garota fraca e que se resumia a ser a babá do grupo tinha sobrevivido a um tiro na testa, lapsos de memoria e ainda por cima juntado um grupo aparentemente consistente. A loira não apareceu para o jantar, alegando que tinha que ficar com o grupo dela. O grupo dela. O grupo dela deveria ser esse. Resmungo com o pensamento e me encosto na pia, mordendo meu polegar e processando pela milésima vez a historia que ela contou.

-Eu vou ter que dizer o que estão todos pensando, mas ninguém tem coragem de falar: Não tem a menor possibilidade de Beth ser realmente a líder daquele grupo- diz Carol depois que todo mundo acabou com as refeições.

-- O que? – repete Maggie, franzindo a testa e olhando indignada  para Carol .

-Por favor, como uma garota como ela poderia dar ordens a homens como aqueles? Eles são enormes.

-Não acho que esteja certa, Carol- responde Rick se levantando e caminhando até onde estou, deixando o prato na pia- Acho que ficou obvio para todos nós que Beth cresceu, amadureceu.

-Bobagem- responde- Vocês não podem estar realmente acreditando nisso.

-Qual a sua teoria, Carol?- pergunta Rosita arqueando a sobrancelha- Porque até agora não achei nada de sentido no que disse, além do básico machista e idiota.

-Ela é a fachada.- responde e todos a olham com atenção- Usam Beth como “ líder” para garantir que ninguém nunca chegue perto do líder de fato. Aposto com vocês que é tudo em torno de manipulações  das quais ela nem se dá conta.

Balanço a cabeça para mim mesmo. O que Carol  diz é simplesmente idiota.

-Grande merda o que você está dizendo- diz Maggie, claramente irritada.

-Eu entendo que esteja preocupada- diz  Rick por fim- Que enfrentamos muita merda, mas Beth é uma de nós, e eu tenho dividas enormes com ela, começando pelo modo que ela cuidou de Judy quando ninguém mais o fez, até o que ela e o grupo fizeram por nós.

Concordo mentalmente, mas sem saco nenhum para continuar a ver essas merdas de discussão. É tudo uma grande bosta, sem o mínimo de sentindo. A verdade é que nenhum de nós sabe lidar com nada disso, alguns por extrema felicidade, outros por ser algo desconhecido, outros porque sai do normal daqui, e eu, simplesmente porque não consigo.  Saio silenciosamente pela porta dos fundos, sabendo que eles não vão deixar o assunto Beth Greene de lado tão cedo, uma vez que apesar de a garota ter contado sua historia ela ainda é um mistério.

O vento frio tira um pouco do estranho peso das minhas costas. As coisas ainda estão de cabeça para baixo, o mundo ainda é uma merda cheia de filhos da puta e nós ainda  estamos numa desgraça de guerra.

Sigo em direção ao muro com passos silenciosos. A rua está deserta, exceto pelos guardas estratégicos que vão ser substituídos daqui a algumas horas. O cara responsável pelo portão acena em reconhecimento quando abro para sair.

Não ligo a mínima para o vento frio que se espalha, apenas sigo em direção a floresta, aliviado por estar longe de pessoas em geral.  Meu sangue ferve em minhas veias o tempo todo, e eu quero socar alguém. Raiva se tornou um sentimento constante em mim desde o tempo que passei no Santuário, e a nossa tentativa frustrada de vencer só piora as coisas.

Soco uma arvore em um rompante, mas meus instintos avisam que alguém está se aproximando.  Abandono meu acesso de raiva  e puxo a besta em um rompante, apontando para onde sei que tem alguém. São passos silenciosos e isso me faz pensar em quem caralhos poderia ser. Resolvo descobrir, e me movo em direção ao som com cuidado.

A Light RebornsOnde histórias criam vida. Descubra agora