O cantar do passado

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POV Daryl.

Não importava quanto tempo passasse, se era a Beth de agora ou a de antes, eu sempre teria dificuldades para entende-la. Apesar de ter saído daquele jeito de meu quarto, nada na Greene mais nova poderia indicar raiva, descaso ou indiferença. Na verdade, seu olhar indicava tudo, menos indiferença.

Então foi difícil suportar estar no mesmo ambiente que ela sem poder toca-la, ou sem poder conversar e resolver as coisas. Confesso que tocar era mais importante.

Achei que finalmente tivesse conseguido um pouco de tempo ao encontra-lo sozinha no meio da noite em uma rua parcialmente deserta, mas isso também escorreu por entre meus dedos quando os pirralhos apareceram gritando um com o outro e ela acabou por intervir.

A cada momento que passa, essa merda de destinados ao quase faz mais e mais sentido em minha cabeça e eu começo a lutar para aceitar isso como verdade absoluta e parar de lutar contra.

Acordo mais tarde, uma vez que além de ter tido problemas para dormir, uma vez que a loira não saia de minha cabeça, também tive um turno até mais tarde na vigia, e tomo um banho rápido, esperando que isso tire a sonolência de mim.

Desço as escadas rapidamente, resmungando comigo mesmo, mas estaco no meio de um passo ao ouvir uma voz ecoando pela casa. Ergo o olhar e encontro Beth cantando para Judy, um sorriso enorme no rosto.

Sua voz parece preencher todo o ambiente, todo o meu ser, tudo ao redor. Ela ri no meio da letra, faz uma pequena dancinha com a Bravinha e volta cantar. E eu fico parado, estático, no meio da escada como um verdadeiro maricas idiota.

Ela está não fodidamente linda e radiante que me sinto de volta ao passado, ao mesmo tempo que tudo em mim responde no presente, caindo por ela agora. De novo.

Em algum momento a loira nota minha presença e ergue o olhar, sorrindo e sem parar de cantar. Então eu simplesmente perco o controle sobre as minhas ações e a próxima coisa de que me dou conta é que estou descendo as escadas rapidamente, e parando frente a frente com ela.

Beth para no meio do refrão e me olha surpresa, piscando lentamente. Seu sorriso se fecha e seus olhos de corça se fixam em mim. E eu simplesmente a puxo contra mim, meus lábios reivindicando os seus para mim com urgência.

Não posso e não quero evita-la, e se tudo no universo pode nos atrapalhar eu não vou deixar espaço de tempo para que isso ocorra. Ela sorri entre o beijo e se ergue na ponta dos pés, passando os braços por meu pescoço e enfiando os dedos em meu cabeço, massageando meu couro cabeludo e arranhando minha nuca.

Agarro sua cintura com mais força e a puxo para mais perto. Tudo em mim reage, responde, e simplesmente sei que o lugar dela é aqui, em meus braços. Porque ela encaixa perfeitamente ali, e eu sei que encaixa.

Nos afastamos em busca de ar e ela ri, o rosto vermelho e a respiração ofegante.

-Bom dia, Daryl Dixon- diz sorrindo, os braços ainda em meu pescoço - Espero que esse seja o seu jeito oficial de me cumprimentar pela manhã a partir de agora.

-Se você quiser - respondo dando de ombros. Ela ri novamente e apoia a cabeça em meu ombro.

-Eth? - chama Judy com a vozinha enrolada - Eth e Dalyl.

Eu pisco atordoado e olho para a pequena, que nos observa com interesse. Sinto meu corpo se retesar, desconfortável e a risada de Beth contra meu peito, ao notar.

-Em frente as crianças - murmura para si mesma me soltando e dando um passo para trás. Se vira para falar com Judy, mas nada sai de sua boca.

Ela engasga e volta a se apoiar em mim, com uma careta.

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