Hope's Giver

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POV Daryl

Um maldito comercial de margarina. É isso o que Alexandria é, com todas essas pessoas felizes caminhando por ruas intactas com seus cachorros e suas crianças. Pessoas que não tiveram que enfrentar o mundo lá fora e que sorriem com facilidade como se mortos não estivessem se arrastando por todo lado em busca de carne.

Observo a casa de cercas brancas e completamente arrumadinha e é Beth quem me vem a mente. Esse lugar a faria sorrir de uma forma que eu não aguentaria. Ela me olharia, sorrindo irônica, e diria que tinha estado certa por todo esse tempo.  Pessoas boas existem, e comunidades resistem em meio a toda essa merda. Para ela tudo isso seria normal, aceitável e confortável, enquanto para mim é desconfortável, desajeitado, desajustado. Eu queria trocar de lugar com a garota, para que pudesse viver tudo isso aqui.

A mulher metida a besta que comanda esse lugar me chama para uma entrevista. Não sei o que pode sair dali, o que eu supostamente deveria fazer. Entro hesitante em sua sala branca  e limpa. Ela me guia até uma poltrona com uma câmera a sua frente e meu corpo trava.

-Você é o senhor Dixon, certo?- pergunta e eu me limito a ficar em pé ao lado da poltrona.

-Sou.

-O que poderia me contar de sua historia, Dixon?- pergunta gentil e eu me limito a balançar a cabeça.

-Nada de valor- digo com descaso, mas ela insiste.

-Por que acha que devem ficar aqui?- pergunta e eu penso por um momento.

-O garoto e Judy merecem um lugar assim para crescer- respondo com sinceridade.

-Como sobreviveram por todo esse tempo?- pergunta depois de tantas outras perguntas chatas.

–Nem todos sobrevivemos- digo finalmente olhando-a de maneira fixa. Ela fica desvia o olhar sem graça.

(...)

-O que houve entre você e Beth?- Carol pergunta e eu ergo o olhar para atordoado.- Não pareça tão surpreso, a morte dela te atingiu demais para que nada tivesse acontecido. Além disso você foi o primeiro por quem ela perguntou quando acordei.

Meu coração falha uma batida. Ela perguntou por mim. Por  mim.  Seu rosto aparece em meus pensamentos novamente, nítido como se eu pudesse ve-la agora, mesmo que eu saiba que não vou faze-lo nunca mais.Seguro o impulso de fechar os olhos, e me limito a dar de ombros para Carol.

-Ela era minha responsabilidade e eu deixei que fosse pega- digo em um resmungo e me levanto pegando minhas flechas e saindo de perto dela.

O que tive com Beth Greene não é da conta de ninguém nem nunca vai ser.

(...)

POV Beth

A primeira coisa que fiz quando paramos algum tempo depois, bem longe do hospital, foi esclarecer aos novos passageiros que não existia resto de grupo. Inicialmente ficaram surpresos, mas ao contrario do que achei não ficaram bravos ou desiludidos. A fama de inteligente e estrategista saiu deles, entre sussurros. Eu não vi essa chegando.

-Não podemos nos responsabilizar por todos vocês vinte e quatro horas por dia, então peço a aqueles que puderem começar um treinamento.

Todos aceitaram.  Não eram fortes, não eram destemidos, não eram rápidos. Mas eram esforçados e aprendiam com o tempo. Aprenderam do zero, como se fossem todos da idade de Archie, o garotinho de quatro anos, mas ainda assim me supreenderam uma vez que depois do primeiro treino eu achava que demorariam muito mais do que estavam demorando para aprender. George e Alenna foram os que destacaram, seguidos de mais alguns tantos, como Carlos e Mike. Eu sabia que eventualmente todos aprenderiam.

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