Ciúmes e flashbacks

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POV Daryl.

Archie. Esse nome ecoa em minha cabeça, enquanto sinto a raiva fluir por minhas veias. Seja lá quem for esse cara, Beth o ama e eu odeio isso. Deus, como odeio. Ir naquela saída com ela foi um erro e tanto, trazendo milhares de lembranças para mim, me sufocando em saudade e desejo. Tanto desejo que chego a me sentir dolorido.  E ela nem se lembrava de mim direito.

Xingando baixo, saio da sala assim que a reunião acaba, e não tenho a capacidade de pensar em qualquer outra coisa durante o resto do dia. Evito cuidadosamente qualquer contato com ela ou alguém de seu grupo, e brigo o tempo todo comigo mesmo, os pensamentos entre raiva e desejo quente e cru.  Beth Greene tinha estado perto o suficiente para fazer com que as emoções que eu segurava a rédeas curtas escapassem e me dominassem. Ainda sou capaz de sentir a proximidade de seu corpo, o cheiro concentrado em seu pescoço a maciez da pele contra mim.

Lembranças giram ao meu redor, seus sorrisos, o modo como tudo em mim começou a despertar para ela... O beijo. O maldito beijo.

Flashback on

-O que mudou sua mente?- pergunta, aqueles olhos de corça fixos em mim de maneira determinada e curiosa.

Desvio o olhar desconfortável e resmungo.

-Não resmungue para mim, Daryl Dixon- diz, ameaçando descer do balcão.  Tiro os pés da mesa e me levanto rapidamente, com foco em evitar isso.

-Não faça isso- digo segurando sua cintura e voltando-a para o balcão- Não vai ser bom para o pé.

-Me responda- diz toda mandona, os olhos nos meus de maneira desafiadora. 

Tiro minhas mãos de sua cintura, e me movo sobre meus pés, os olhos presos nos delas.

-Você sabe- resmungo encarando-a de volta na mesma intensidade.  Os momentos de proximidade, os xingamentos, os desentendimentos, a tensão que se apossou de mim conforme  o carinho e a necessidade dela foram tomando conta de todo o meu ser.

 Ela me mostrou o que era esperança, carinho, amor. Ela me mostrou quem eu posso ser, que não sou preso ao passado ou ao meu sangue. Teve paciência, mas me enfrentou e me desafiou. Remexeu com cada um dos sentimentos que eu nem sabia que tinha, e eventualmente com o que eu sabia que tinha também. Beth Greene foi capaz de me enxergar, foi capaz de ver quem eu era antes mesmo de mim.  E eu me sentia bem e quente perto dela. Um redemoinho de sentimentos e sensações.

-Oh- murmura arrumando o corpo e piscando varias vezes. Não sei como reagir, então me afasto um passo e enfio as mãos no bolso.

-Acho que devemos ir dormir- digo e ela acena, escorregando o corpo para frente e quase descendo do balcão, mas para no caminho, ficando sentada bem na beirada.

-Na verdade não devemos não- diz e eu arqueio a sobrancelha

-A casa está protegida, eu conferi- digo e ela nega com a cabeça.

-Essa não é a questão, Daryl- diz séria e me encarando de uma maneira que faz com que meu ar fique preso na garganta. – A questão é que eu quero que você fale. Com todas as letras. Não quero entender por resmungos ou deduções.

Eu me sinto encurralado, isso me irrita e me assusta de uma maneira que me desconserta. É como se ela tivesse as rédeas da situação, e eu odeio que uma garotinha consiga fazer isso e eu não. Dou um passo a frente e ficamos cara a cara, da mesma altura pela primeira vez na vida.

- O que você quer que eu diga? – rosno contra seu rosto de boneca, perto o suficiente para sentir sua respiração contra meu rosto- Que todo o meu corpo responde a você de maneira vergonhosa? Que eu me importo com você de uma maneira que nunca me importei com ninguém antes? Que eu odeio a mim mesma por todos os pensamentos sujos que eu tenho com uma garota com a metade da minha idade? Ou pelo que eu menos sei como lidar?  Que meu coração se acelera e que eu não sei o que eu sinto?

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