Preocupação e destinados ao quase

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POV Beth

Alguma coisa estava chiando. Eu tinha a vaga noção disso, mas não dava a mínima. Desci uma das mãos para os braços musculosos, e passei as unhas ali, ao mesmo tempo que me pressionei mais a ele. Eu me sentia completa, e eu me sentia em chamas. Todo o meu corpo o conhecia, e eu soube que nós estávamos juntos antes do tiro. Ou então já tínhamos nos beijado. Apertei mais forte, e ele retribuiu me apertando contra si.

O chiado aumentou e nos separamos relutantes. Ele soltou um xingamento baixo, e puxou o rádio da própria cintura, mas não me soltou. Apoiei meu corpo contra o dele, sem ter certeza se minhas pernas me firmariam, e assisti ele conversar pela rádio com Rick, que pedia que  voltássemos sem realmente entender as coisas direito. Não com o meu cérebro começando a derreter em uma dor de cabeça latejante. Firmei a expressão e tentei disfarçar o desconforto.

Senti quando o clima mudou e ele ficou tenso, mas não pude dar atenção a isso, não com a minha visão tendo pontos negros que não permitiam olhar nos seus olhos. Ele murmurou algo sobre entrar no carro e eu me afastei de seu corpo, tentando parecer normal.

Depois que o carro voltou a se movimentar a dor amenizou e acreditei que fosse alarme falso. Chegamos em Alexandria logo depois. Ele parecia muito preocupado e tenso, então antes que ele saísse para resolver o que quer que fosse com Rick eu o chamei. Ele se virou, confuso.

-O que?- perguntou fixando os olhos em mim.

Eu sorri para ele e suspirei.

- Nada não- disse e ele sorriu de lado. – Até mais.

Ele acenou com a cabeça e sumiu.

Sozinha no carro pensei sobre as minhas opções, e resolvi ir até a casa de Rick ver Judy. Se eles estivessem lá, eu aproveitaria para escutar o tal assunto, se não pelo menos eu poderia brincar com a minha bonequinha mais linda desse mundo.

O caminho foi tranquilo, Aaron me cumprimentou, e me chamou para um jantar um dia desses. Eu fiquei de combinar melhor. A  casa dos Grimes estava silenciosa e a porta encostada. Entrei sozinha e dei de cara com a copa vazia. O latejar em minha cabeça voltou um pouco, então resolvi tomar uma água. Não adiantou. Caminho até o sofá e me sento ali, apoiando a cabeça nas mãos e fechando os olhos

POV Daryl

Eu tinha ido ao inferno. Ocorreu quando vi Beth Greene levar um tiro na cabeça bem diante de meus olhos, e eu não pude fazer nada. Ver a luz que me guiava se apagar me tragou para uma escuridão sem fim e eu não soube lidar. Senti o chão sob meus pés cedendo e as chamas do inferno me queimando conforme eu agonizava no meu próprio mundo de solidão, dor e saudades. E então eu fui ao paraíso quando a vi viva, mesmo que ela não se lembrasse de mim, ou de como tinha me consertado, revirado e refeito. 

Eu disse a mim mesmo que estava tudo bem, que só o fato de que ela estava viva bastava. E então eu cai por ela novamente, aos poucos, conforme ela mostrava a Beth antiga e a nova em uma harmonia fascinante pra caralho. Cada canção, cada momento com a Bravinha nos braços, cada vez que sorria e corava, tudo isso trazia quem ela era, e fascinava e atiçava. O desejo começou a despertar novamente, correr pelas minhas veias, me cutucar por baixo da pele. E eu comecei a notar que ela também estava começando a ser afetada, mesmo sem lembrar de tudo.

Essa ida para a vigia com ela de dupla foi um teste para todo o meu ser, mas o estopim veio com o medo. Quando os vi eu só pensava em tira-la da linha de tiro, e quando ela entrou no meio eu senti como se o inferno estivesse próximo de novo, principalmente quando um tiro raspou na lataria do carro perigosamente perto dela.

Então eu estava gritando, e ela estava gritando e nós eramos o agora e o passado. Ninguém nunca me enfrentou como Beth Greene, e ninguém nunca o faria. Ela ergueu o dedo do meio para mim, vermelha de raiva e ofegou. Meus olhos desceram, acompanhando o movimento e se fixaram em seus lábios. E nada nesse mundo poderia me parar quando meu instinto tomou conta e eu a puxei para mim.

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