A busca e a proximidade

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POV Beth

A presença dele me sufoca. Não sei explicar ao certo, mas é um misto estranho de emoções, contando com uma familiaridade com a qual eu não esperava e o fato de que algo nele me puxa para perto, me faz sentir choques por todo o meu corpo.  Observo a paisagem lá fora, deixando que ele guie o carro para onde diabos ele quiser, não me importando muito em planejar nada. Não é como se eu estivesse com meu pessoal, de qualquer forma. Daryl Dixon não aceitaria ordens nem em um milhão de anos, e acho que mesmo sugestões seriam motivo de briga e discussão.

Ele resmunga durante a primeira parte do trajeto, o que meio que me diverte, e eu tento focar nisso e ignorar toda a sua presença masculina ao meu redor. O caipira tem um cheiro de terra molhada, graxa e algo amadeirado, que meio que é hipnotizante.

-Você não deveria estar aqui- finalmente resmunga algo entendível e eu me viro para olha-lo diretamente.

-Mesmo? E deveria estar aonde?

-Em casa, onde é seguro- diz e eu balanço a cabeça. Algo me diz que isso tem a ver com as milhares de coisas das quais não me lembro, todas elas sobre ele.

-Não sei bem o que você espera de mim, Dixon, mas ficar em casa não está nos meus planos. Além do mais, nenhum lugar é seguro nos dias de hoje- digo e minha voz sai um pouco mais aguda do que o esperado.

-Nem mesmo sua comunidade?- pergunta em um tom meio sarcástico.

-Nenhum lugar é impenetrável ou impossível de cair.- me limito a dizer e suspiro, voltando a olhar para frente.

-Não entendo porque fez tanta questão de vir- resmunga novamente e eu balanço a cabeça exasperada.

-Não entendo o porquê de você fazer disso algo tão grande- resmungo de volta, cruzando os braços.

Sinto seus olhos em mim, me analisando, o que me faz ficar super consciente de cada movimento meu. Tento não demonstrar o nervosismo.

Ficamos em silêncio por mais um longo momento, o que me agoniza o suficiente para começar a brincar com as penas de uma flecha minha. Giro a flecha entre os dedos e reprimo a vontade de cantarolar alguma coisa.

-Porque a besta, dentre todas as armas?- pergunta e eu volto a olhar para ele.

-Porque me faz sentir segura- digo com sinceridade, pensando no quanto eu simplesmente quis uma para mim quando pensei sobre caçar e em como essa arma em especial se tornou parte de mim.

-Eu sei que é silenciosa e tudo mais- diz em um aceno e eu nego com a cabeça.

-Não é sobre isso- afirmo desviando o olhar e me perdendo em memorias e sensações- Armas silenciosas e eficientes não se resumem a bestas. Tem o arco, tem as espadas, as facas em geral... Mas é a besta que me faz segura. Não pela eficiência, ou por alguma facilidade. A verdade é que no começo eu tinha até algumas dificuldades com ela, principalmente com o tranco, o coice e o peso. É mais a sensação que me passa. Não sei explicar.

Mais silencio. Ele parece perdido em suas próprias memórias e eu julgo que é bom deixa-lo a sós com isso. Bem, pelo menos por cerca de dez minutos. Depois disso eu acabo cedendo aos meus impulsos naturais e o enchendo de perguntas e tagarelando em seu ouvido. Ele deixa escapar um sorriso de lado, que faz meu coração saltar algumas batidas, e responde tudo, mesmo que algumas vezes seja apenas um resmungo.

(...)

Saltamos do carro para uma rua deserta, com o objetivo de checar um grande prédio que pertenceu a uma indústria antes do mundo cair em pedaços. Não sei dizer se vamos encontrar algo de útil, mas é bom checar assim mesmo. Fecho a porta com baque seco e ergo os braços para apertar o rabo de cavalo, deixando-o mais firme.

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