Sonho, passado, presente e mágoa

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POV Beth

Confusão. Pura e completa, de um jeito que não sinto a muito tempo. Ao descer daquele ponto de vigia, todo o meu corpo era fogo e nada mais importava. Eu só queria que tivesse continuado, queria ter sentido o sabor dos lábios de Daryl, suas mãos pelo meu corpo. Queria as minhas mãos no corpo dele. Solto a ar pela boca e entro em casa, ainda sentindo meu coração acelerado e as mãos de Daryl em mim.

-Bethany?- ouço a voz de Bradd e viro o olhar para a cozinha, onde encontro-o encostado no balcão com uma caneca em mãos.

-Hey- cumprimento, seguindo até ele e parando ao seu lado.

-Está tudo bem? - pergunta me analisando a eu dou um sorriso de lado.

-Estou.- digo e é verdade. Não é exatamente ruim sentir o corpo amolecer por Daryl Dixon. Nem absurdo.

-Acho que está se esforçando demais- acusa me entregando a caneca, que descubro ser um tipo de chá. Sorrio carinhosa.

-Isso não é verdade e você sabe- respondo depois de um longo gole.- Faço muito mais em casa.

-Então lá ainda casa- diz pensativo e eu suspiro, entendendo um pouco do dilema.

-Lá sempre vai ser casa- respondo me virando mais em sua direção e o encarando firme- Vocês são minha família tanto quanto eles, Bradd.

-Eu só...

-Você só?

-Não sei lidar com eles, Beth- responde - Não gosto de pensar que te deixaram para trás naquele carro.

-Eu estava morta, Bradd. Estava morta até que me encontrassem e revivessem- digo e ele desvia o olhar desconfortável. - E eu amo vocês por isso.

- Não deveria- diz baixinho, enxaguando algumas coisas, de costas para mim.

-Não?-pergunto puxando-o pelo ombro para me olhar. Ele não o faz.

-Conversamos sobre isso depois, Beth- diz e eu penso em discutir, mas o conheço bem o suficiente para saber que via ser inútil. Aceno em concordancia e ele se vira em direção as escadas.

-Bradd?- chamo e ele para.

-Sim?

-Como soube que amava Charles?- pergunto e ele se vira surpreso e curioso.

- O que? - pergunta confuso e assisto a compreensão atingi-lo aos poucos. Ele abre um sorriso sacana e segura uma gargalhada. - Quem é, Bethany?

-Não vem ao caso- resmungo tomando outro gole. Ele ri baixo.

-Aposto no caipira. Aquela aurea toda bruta é uma delicia mesmo- brinca e eu me engasgo com o chá. Ele ri mais.

Fecho a expressão e me viro de costas, seguindo até a pia.

-Não sei porque ainda perguntei.

Sinto a aproximação dele e ele me vira pelos ombros.

-Soube que amava Charles porque tudo em mim reagia a ele. Todas as células do meu corpo. Cada pensamento meu girava em torno dele e eu o queria tanto que doía. Ainda quero tanto que dói as vezes. Não acaba nunca, Beth. E é maravilhoso.- Ele se aproxima e me da um beijo na testa- Se for algo perto disso, segure com todas as forças.

-E se não for real?- pergunto e ele suspira.

-Se não for real você pelo menos tentou.- diz bagunçando meus cabelos. - Boa noite.

-Boa noite.

E então ele se vai, me deixando perdida em meus próprios pensamentos.

(...)

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