Eu não sabia o que era pior. Ter que voltar a falar sobre ele, saber que ainda estava vivo ou pior, saber que criatura alada de cabelo colorido totalmente odiosa que me atacou era meu meio irmão de sangue. O rei das fadas era o meu pai, embora eu não fizesse ideia do que isso significava para mim.
Os guerreiros fae, incluindo meu meio irmão, se recusaram a abrir o bico sobre o motivo de terem vindo até aqui. Mas o ataque dos habitantes de gelo já tinha sido solucionado. Foram eles. O necromante foi apenas uma maneira de enfraquecer nossa defesa na esperança vã de conseguirem vir até aqui para acabar comigo. Apolo tinha sumido desde então .Um maneira mais gentil de dizer a verdade.
Ele estava me ignorando.
Passei o mês inteiro tentando falar com ele, mas sempre que eu me aproximava ele dava um jeito de escapar da nossa conversa. Eu não era um idiota e ele também não tentava disfarçar. Lucian, ao contrário do irmão, vinha se aproximando cada vez mais de mim. Até Lorde Aedion já não se comportava mais de forma mais grosseira comigo.
Mesmo assim, queria que ele prestasse atenção em mim o tempo todo. Queria que voltasse me tratar como antes e esse sentimento estava me corroendo. Qual era o problema dele!? Aquele troglodita loiro não percebia que eu queria a atenção dele de volta?! Essa parte de mim, que sentia isso por ele, me irritava tanto que não conseguia mais fazer nada. Meu peito ardia, essa angústia crescia dentro de mim como uma erva daninha que eu não conseguia podar.
---Você não é muito bom em esconder seus pensamentos sabia disso?!_falou Lucian, colocando o livro de volta na estante.---Meu irmão está zangado, só isso. Bem...e pode estar envergonhado demais para falar com você, depois da estupidez que fez com seu amigo então.. Só dê um tempo há ele....Vai ficar tudo bem.
Fechei o livro com tanta força que o som ecoou por toda a biblioteca.
---Eu não sei do que você está falando Lu._retruquei, desconcertado.---E também não entendi o propósito dessa pesquisa... Por que não voltamos a jogar xadrez?!Eu sou meio fada, mas se não mudei até agora, duvido que alguma coisa vai acontecer comigo no futuro...
Ele suspirou, seus olhos dourados concentrados enquanto sua mente máquinava alguma coisa. Viemos até essa maravilhosa biblioteca,para entender o que tinha acontecido com meu corpo. Todo meio fae registrado no reino apresentou características genéricas das fadas desde o nascimento. Orelhas pontudas, cabelos coloridos e um par de asas. Mas por algum motivo, não tinha acontecido comigo.
---Você não está curioso?!_perguntou, cruzando os braços.---Se você sofrer uma transformação,vai poder voar. Isso não é incrível?!
Revirei os olhos.
---Tenho certeza de que não preciso de asas para fazer isso...Minha mãe só me ensinou magia de gelo...O resto aprendi sozinho por acidente..Mas sei que deve existir um feitiço de ar que me faça voar por aí.
---Qual será sua casta de fada?!_perguntou, não para mim, mas para si mesmo com um expressão eufórica no rosto.---Seria mais fácil olhando suas asas, mas ela não nasceram...
Não escutei mais nada depois disso. Lucian começou a pesquisar sobre mim depois de descobrir o que eu era. Assim como sua mãe, Lady Ada, ele tinha um certo fascínio por fadas que eu nunca vou entender. Seus olhos dourados brilhavam quando falava sobre elas. Por isso, acabou me arrastando até aqui. Estavamos há horas fazendo essa pesquisa e tudo que descobrimos foi que fadas, ao contrário do que eu pensava, não comiam só folhas.
Só consegui sair da biblioteca quando o sol já tinha se posto no horizonte e sendo sincero, estava quase explodindo de cansaço. Sem falar na raiva que se alastrava dentro de mim toda vez que lembrava do gelo que Apolo estava me dando. Soldados passavam de vez em quanto pelo meu caminho e toda vez, apressavam o passo. O que era ótimo, tudo o que precisava para animar o resto de meu dia era saber que todo mundo ainda tinha medo de mim.
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Coração de Ômega(Romance Gay)[LIVRO 1][Em revisão]
WerewolfHades era só mais um dos centenas de garotos sem sorte que moravam em um vilarejo pobre e abandonado pelo reino. Desde pequeno, demonstrou uma curiosidade e sagacidade assustadora incomum para alguém como ele. Como sua mãe, ele via o mundo de uma fo...