Capítulo 1:Um garoto na neve

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Tudo começou na primeira noite de inverno, quando um estranho mensageiro chegou a cavalo trazendo consigo uma mensagem de um importante nobre da qual, nem eu, nem nenhum do meus amigos tínhamos ouvido falar. Ele veio rápido, aquecido por suas roupas extravagantes e de cores vibrantes. Observei- o fazer seu caminho até a casa do prefeito do vilarejo e em seguida, anunciar um baile que seria dado em homenagem ao filho do nobre para qual servia, que há pouco, completou sua maior idade. Quando o mensageiro terminou seu trabalho, foi embora na mesma noite, sumindo floresta a dentro engolido pela imensidão branca da neve.

---Hades..._acenou Franklin de longe, afastando a lembrança de ontem da minha mente.---Aqui!!

Caminhei até o beco escuro e cheio de neve onde Franklin e meus outros dois amigos estavam discutindo. Era um beco velho, um dos muitos na Vila de Frost, que no inverno ficava enterrada de neve. Não que o verão daqui fosse cheio de flores. Na Vila de Frost era sempre inverno e nesse ano o frio estava pior de um jeito nunca visto antes.

---Oi.._falei,

Frankin sorriu, como sempre fazia quando nos encontrávamos e então, voltou a explicar nosso plano para Beth e Jeod, meus colegas de trabalho. Franklin explicava passo a passo cada detalhe do plano na tentativa de convencê-los a participar. Era um plano simples, mas ao mesmo tempo muito arriscado.

Na noite seguinte, roubaríamos a mansão do prefeito Rickon, que estava abarrotada de suprimentos, comida e remédios mandados pela própria capital do reino que raramente nos ajudava. Se tudo desse certo, teríamos comida suficiente para aguentar boa parte do inverno. Se tudo desse errado seríamos presos e banidos da vila e morreríamos de frio antes da metade do inverno ou pelo menos, meus amigos morreriam.

---O mensageiro nos deu a oportunidade perfeita.._explicava Franklin, desenhando nossa rota na neve com um graveto.---Com o baile, a família do prefeito e a maioria dos guardas vai até o castelo e o armazém de suprimentos vai ficar desprotegido o suficiente para invadirmos...Só que precisamos de mais pessoal... Por isso chamei vocês... Aceitam o trabalho?!

Beth e Jeod se entreolharam desconfiados. Era uma plano maluco, eu sabia disso, a mansão era cheia de guardas o tempo todo. Mesmo que a maioria se afastasse por causa do suposto evento, ainda teriam guardas suficientes para atrapalhar nosso sucesso. Era muito perigoso, mas não tínhamos outra escolha, se não essa.

Era inverno, numa cidade onde a paisagem era branca em todos os meses do ano. As tempestades de neve estavam cada vez mais intensas assim como o frio. Os fazendeiros da região mal tinham comida para si mesmos, não dava para roubá-los. Seria cruel demais até para mim. O armazém era nossa única saída e mesmo que prostestassem, os dois sabiam disso.

---É arriscado demais..._admitiu Beth, seus longos cabelos castanhos sendo arrastados pelo vento.---Mas admito... Esse inverno será um dos piores e sem comida.... Não vamos durar muito tempo sem essas provisões.

Jeod olhou de Beth para mim. Suas orbes castanhas encarando meu rosto dormente de frio, sombrias.

---Vai usar aquilo?_perguntou, apreensivo.

O olhar de todos recaiu sobre mim.

Eu sabia que ele falava dos talentos estranhos que eu possuía, mas ainda assim, demorei um pouco até conseguir respondê-lo. Usar ou não usar?! Essa questão me atormentava todos os dias como se fosse uma coceira incômoda no meu cérebro que se recusava a passar. Se por um lado, uma parte de mim me implorava para usa-los, a outra me dizia que era perigoso demais. O que eu fazia não era natural, se me vissem usando.., eu seria queimado como herege na fogueira mas, por outro lado, se eu não usasse... Todos morreríamos de fome em semanas.

Coração de Ômega(Romance Gay)[LIVRO 1][Em revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora