Hardcore Man

Capítulo 38 - Delação

POV PARK JIMIN

Nenhum de nós poderia ganhar aquele jogo.

Todas as circunstâncias levavam a consequências irreparáveis e alguém seria severamente machucado. Mas, não sabia que seria o primeiro a ter o coração partido.

Sempre acreditei que só existiria uma única mulher por toda a minha vida, e essa mulher seria Viollet.
Não existia uma outra que pudesse tomar o seu lugar, nenhuma outra chegava aos seus pés e muito menos poderia compara-la a alguém. Eu tinha a mulher ideal, a mulher que um homem sonha em ter seu lado e tinha conseguido destruir tudo tão facilmente.

Meses atrás, a arrogância me cegou, tornou-se um homem amargo e mesquinho, que não conseguia reconhecer os próprios erros. O que me levou aos dias de hoje, ao rolar na cama sozinho em um apartamento vazio, ao ter que lidar com o fato dela gostar de um outro homem e agora... poderia perdê-la para sempre.

Me prendi a hipótese de que Viollet jamais faria isso, ela lutou, tentou resgatar o que tínhamos, tentou ser o pilar daquela relação e no fundo acabou percebendo que não estávamos na mesma sintonia. Por mais que existisse amor, nada voltaria a ser como antes, quando teve a sua confiança quebrada. É irreparável.

Era doloroso pensar que mesmo me amando, Viollet, seria incapaz de gostar de mim. E essa sensação era a pior de todas, o sentimento de culpa, pesava dentro do coração causando uma aflição, de repente, me sentia fora da órbita, vagando em mundo solitário e vazio.

Poderia culpar Kim Taehyung, com a sua voz grave e aveludada como a de um cantor barítono, os olhos sedutores e tão intensos que parecem fisgar qualquer um que o encarasse por muito tempo, ele era como a porra da medusa, petrificando suas vítimas e as guardando no seu jardim. Eu não sabia se o odiava por ter tomado Viollet de mim, ou se me encantava por ele assim como a minha mulher.

Deus! Eu nunca pensei em Kim Taehyung dessa maneira, o que estava acontecendo comigo?

Claro que o odiava! Minha viollet estava ficando apaixonada por ele e eu não poderia fazer absolutamente nada. Isso é patético.

Respiro fundo soltando as mãos do volante, inquieto dentro do carro por mais de quarenta minutos. Decido fazer o que deveria ter feito a muito tempo, frequentar o templo, precisava relaxar, tirar da minha cabeça toda aquela confusão. Olho a máscara no banco do passageiro, sinto um pequeno calafrio.

- Vamos lá, Jimin! -me encorajo em voz alta. - Vá se divertir. -olho meu próprio reflexo no retrovisor e acabo rindo desacreditado, nervoso. - Claro que ela deve estar se divertindo com ele, não pense muito sobre isso. Afinal, você ainda pode tê-lá. Nem tudo está perdido.

As batidas no vidro do carro fazem meu coração disparar, o susto que havia tomado me deixa desconcertado por alguns segundos. Abro a janela e vejo o homem com a capa púrpura do outro lado, usando sua máscara preta.

- Estávamos procurando por você. -engulo minha própria saliva, estremecendo no banco.

- Sei que não pode ficar aqui, mas, estou um pouco nervoso.

- Desça do carro e me acompanhe. -fala firme. Balanço a cabeça sinalizando que havia entendido, pego a máscara no banco e coloco no rosto prendendo o laço logo atrás da cabeça, fecho o botão da capa que usava e puxo o capuz escondendo meus cabelos. O homem estava lá, me esperando mesmo que não tivéssemos vínculo algum, era estranho. Afinal de contas, era uma sessão aberta, nenhum membro era obrigado a vir como nas datas simbólicas, porque ele estava me esperando?

Desci do carro e a primeira coisa que ele fez foi colocar as mãos na frente do corpo as juntando. Repetiu duas vezes para que ficasse em silêncio e não questionasse.