Capítulo 5 - Slow down

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Eu pensei que seria diferente, cheguei mais cedo do trabalho. Preparei a sua comida favorita, borrifei um pouco do perfume que ele gostava, coloquei uma roupa atraente na intenção de agradá-lo aquela noite.

Há exatamente três dias que ele tinha feito aquela confissão na sala de casa. Falou o que queria, e quase foi convincente ao ponto de me fazer pensar na sua proposta indecente em algum momento. E eu fui estúpida o suficiente para recusar ou fui bastante inteligente em dizer que isso estava fora de cogitação. Por mais que fosse tentadora sua proposta, aquele seu fetiche de voyeur soava como um pequeno teste, que eu devo passar de uma forma inteligente sem causar danos maiores.

O conhecia muito bem, sabia que por trás daquelas palavras tinha algo premeditado.

Jimin é ciumento, possessivo e completamente territorial, um homem como ele não aguentaria assistir a mulher em cima de um outro. Sabia do seu comportamento temperamental quando se tratava de um outro homem, e como ele ficava só de pensar na possibilidade de ser traído.

É claro que aquilo seria um teste de confiança. Não existe uma outra explicação plausível.

Tentei não pensar em nada destrutivo enquanto o esperei, talvez a demora fosse o trânsito. Tento ser positiva com uma hora de atraso, deixo de lado a negatividade e penso que ele pode ter ficado preso em alguma reunião. Afinal de contas, Jimin é um homem bastante ocupado.

Depois de três horas, esperando o homem chegar em casa eu desisti daquele jantar idiota. Desfiz a mesa, coloquei a comida na geladeira mesmo sabendo que iria pro lixo, já que ele não gostava de requentar nada. Desisto de espera-lo na sala, pego a minha única companhia da noite, uma taça de Merlot onde encho faltando um dedo para transbordar e não achando que seria o suficiente, carrego a garrafa junto comigo para o quarto.

Aquele jantar foi um fracasso.

Beberiquei um pouco do vinho sentindo o sabor leve e frutal em meus lábios, deixo a garrafa na mesa da cabeceira e finjo que meu celular não existe. Não vou ficar olhando as horas passarem pra encher ainda mais a minha cabeça com alguma história maluca, eu devo confiar no meu marido e fantasiar que ele está tendo um caso não é nem um pouco saudável.
Vamos lá! Reage! Ele não tem tempo nem para você, como teria tempo para outra?

Ouço o barulho vindo da sala, sinto meu coração palpitar um pouco mais rápido. Não movo um passo, permaneço sentada na cama segurando a taça meia vazia e o controle na outra mão passando os canais aleatoriamente. Por dentro, estava surtando, escutando seus passos como uma maldita psicopata esperando que o homem entre de uma vez no quarto.

Dou mais um gole na taça, bebendo todo o resto do líquido, sinto aquele ardor no final aquecendo a minha garganta.

Jimin girou a maçaneta devagar, abriu a porta e me olhou de relance. Nada além disso, um olhar indiferente ao começar a despir sua roupa, ignorando a minha presença. Aquela maldita indiferença me mata aos poucos, sinto a insegurança percorrendo por cada parte do meu corpo causando aquela amargura no peito. E agora eu sabia que conversar não iria adiantar, ele sempre conseguia se sair como a vítima da situação e eu sou a maluca que esta tentando sabotar o próprio casamento.

Viro a garrafa de vinho na boca da taça a enchendo mais uma vez. Tinha acabado com ela em menos de duas horas, isso não era um bom sinal.

Os olhos traiçoeiros me miram de longe, observou atentamente a garrafa sendo colocada em cima da mesa e a quantidade servida.

— Não deveria beber tanto assim. -sua voz soou áspera, um pouco rude. Desabotoou a camisa branca me olhando com desdém — Vai acabar ficando mal.

Hardcore ManOnde histórias criam vida. Descubra agora