Capitulo 102 - Would've, Could've, Should've

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POV JEON JUNGKOOK

O silêncio parece ser perturbador, dilacerante. Me sinto incomodado, como se fosse um estranho invadindo a cabeça de alguém. Tomando conta dos pensamentos alheios, que não faziam parte da minha vida. Aquele silêncio, era a demonstração dos seus sentimentos sendo expostos, o que existia dentro do seu coração... um silêncio ensurdecedor, agonizante, que tortura todos que o experimenta.

Eu me sinto péssimo, quebrado mentalmente por tudo o que acontecia na minha família.

Taehyung afastou-se de todos nós como sempre fazia quando as coisas não são do jeito que ele desejava. Tornava-se amargo e mesquinho, perdia o brilho que tinha adquirido ao começar a se relacionar com Viollet e agora, a rondava constantemente como um maldito dementador. Que sugava sua energia vital a cada vez que abria a boca pra tentar se desculpar.

Ele não enxergava que ambos estavam magoados. E que pedir desculpas pesava bem mais do que ficar calado. Mas, eu entendo o porque ele ainda permanecia ali, tentando de alguma maneira arrancar uma mísera palavra da boca dela.

Viollet desfalece aos poucos em um humor moribundo, não fala, não come, dificilmente colocava um pouco de água na boca. E definhava doente em cima da cama, isso me deixava apreensivo. Com medo de receber uma noticia ruim, assim que saísse de lá. Acho que todos nós compartilhávamos desse medo, de perdê-la.

O seu psiquiatra havia ido até a casa, tentando falar sobre algumas coisas do puerpério. Era normal sentisse cansada, de se sentir insuficiente em alguns aspectos, mas, não se encaixava a uma mulher que mal tinha conseguido colocar seu filho no colo, muito menos quando o luto apunhalava seu coração diversas vezes. É fácil falar, tentar aconselhar e até mesmo medica-la, mas, ninguém estava na sua pele e ninguém sentia a mesma dor.

Entro na casa sem muito alarde, chamo o seu nome apenas pra que ela saiba que eu estou ali. O silêncio continua a me incomodar. Logo, se passa na minha cabeça que alguma coisa poderia acontecer, e subo as escadas apressado, pulando alguns degraus até chegar em seu quarto.

A cama vazia em meio aos lençóis bagunçados me deixa aflito, aquele era o lugar que ela não saía há mais de duas semanas. E agora estava vazio.

- Viollet? -a chamo novamente. Não obtenho resposta, vejo a porta do banheiro aberta e não hesito em ir até lá. Solto meus pertences no chão ao ver o piso molhado e a banheira esborrando, eu penso no pior. Ando depressa até lá e a vejo submersa embaixo da água, é inevitável. Coloco minhas minhas mãos dentro da água que estava morna e sem querer me assusto quando ela levantou no mesmo instante em que toquei em seus ombros tentando suspendê-la. Viollet puxa o fôlego com força para dentro dos pulmões, passa as mãos na frente do rosto e respira descompassado. Assustada ao me ver ali, quase dentro da banheira por cima do seu corpo tentando salvá-la de qualquer coisa que estivesse tentando fazer. O sobrolho enrugado e os lábios entreabertos me fazem sentir as bochechas queimando em vergonha.

- Você está bem? -indago. - V-V-Viollet, você está bem? -minha gagueira me faz recuar, ficar em silêncio.

- Estou. -ouvir sua voz depois de semanas me faz abrir um sorriso. Eu tinha vontade de abraçá-la o mais forte que podia, mas, olhando para nossa situação não seria apropriado.

- Eu pensei que...

- Estivesse me afogando? -indagou, ela encosta o braço na borda da banheira e dieta a cabeça por cima dele. - Estou com dores. -balbuciou. - Meus seios estão doendo, os remédios demoram um pouco e eu ainda continuo com leite pedrado.

Hardcore ManOnde histórias criam vida. Descubra agora