Capitulo 101 -There's things I wanna talk about, but better not to keep

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Sentada ao chão do quarto, encostada no canto da parede enquanto olho a tinta verde em seu tom mais melancólico. Eu não consigo mais chorar, minhas lágrimas secaram e agora só restava uma dor em meu peito.

Por alguns minutos me vi ligada aquela cor que parecia viva, que tinha uma significado maior para mim e agora se tornava o oposto. A esperança de que tudo aquilo passaria, iria tentar ser feliz, buscar uma união que pudesse fazer bem para o meu filho, ter uma família. E agora, a única coisa que me restava era aceitar de que eu não nasci pra ser feliz.

Permaneço ali, olhando para o berço vazio. Tentando imaginar como seria a sua chegada, e que eu arrastaria aquele móvel até o meu quarto por não querer passar um segundo longe dele. As lembranças que não puderam ser feitas, estavam ali, apenas na minha imaginação.

Abraçada a um urso de pelúcia, encosto a cabeça na parede e me sinto pesada. Cada centímetro do meu corpo dói.

A porta range um pouco e eu olho na sua direção, minha cachorra adentra no quarto e fica próximo a mim. O som das suas patas contra o piso me faz esticar os lábios em um sorriso, ela senta ao meu lado e em seguida esfrega a cabeça na minha coxa direita, deitando ali do lado.

- Viollet? -reconheço a voz pacífica e calma, ergo a cabeça na direção e encontro seus olhos me olhando melancolia. - Posso entrar?

Balanço a cabeça positivamente.

Jimin dá passos lentos, olhando as coisas ao seu redor. Parou bem na minha frente, com suas mãos no bolso da calça e uma toalha enrolada em torno dos ombros. Os cabelos úmidos estavam pra trás, e ele tenta não parecer desconfortável por estar assim na minha casa.

- Você colocou seu blazer na secadora? -indago baixinho. Jimin se abaixou e sentou do meu lado esquerdo sem me responder. - Pode usar algum do Taehyung se quiser.

- A última coisa que eu quero fazer e usar algo dele. -balbuciou.

Respirou fundo, encostou a cabeça na parede. Ele olha pra mesma direção que eu: o berço.

- Eu não vou fazer aquela pergunta idiota. -titubeou. - Sei que não está bem, e não preciso pressiona-lá a responder o contrário. Mas, vou alertar de que ficar aqui dentro vai intensificar suas emoções.

- Parece que esse é o único lugar da casa que não me sufoca. -confesso em um suspiro. - Eu não quero descer e ter que lidar com todas as lamentações. Porque a única coisa que querem e tripudiar em cima de uma tragédia. O foco não é o enterro do meu filho prematuro, e sobre como eu vou viver daqui pra frente. E sinceramente, estou fugindo dessas perguntas.

Jimin desce sua mão direita em direção a minha, ele pega o urso dos meus braços e coloca do outro lado. Segura a palma da minha mão e entrelaça nossos dedos, tentando não ser tão invasivo ao me tocar. Ele seria a última pessoa que eu gostaria de que estivesse comigo agora, porque, além do sentimento culposo pela minha perda. Eu me sinto mal pelo o seu acidente, e mesmo depois de tudo isso. Ele estava ali, tentando não ultrapassar o limite entre nós dois.

- Você precisa descansar, Vivie. -ergue a mão entrelaçada a minha e beija o tipo dela carinhosamente. - Durma um pouco. Não vai fazer você se sentir melhor, mas, vai descansar.

- Faz um tempo que não durmo.

- Então... -ele solta minha mão e se levanta. Logo ficando na minha frente novamente. Estende a mão e comprime os lábios. - Eu levo você até lá.

Aceito a sua ajuda pra me levantar, com cuidado eu toco em seu braço e me despeço daquele quarto com a mesma sensação que massacra dentro do peito. Eu passei todos os dias aqui dentro, depois que sai do hospital. Arrumei cada pequeno detalhe, esperando que até o natal ele estivesse ali. E agora tudo parecia apenas um mostruário de um imóvel, uma exposição que jamais seria usada pra quem foi criada.

Hardcore ManOnde histórias criam vida. Descubra agora