Hardcore Man

Capítulo 64 - Dilemma

POV KIM TAEHYUNG

Não me sentia confortável em mentir para o meu próprio pai. Honestamente, mentir não é um ponto forte meu, e isso me causa alguns problemas.

Aquela conversa seria regada em uma melhora absoluta do meu irmãozinho, que ele tinha de fato aprendido ao menos bons modos e se comportar diante as pessoas e saber o momento certo pra ficar calado. No entanto, como poderia afirmar aquela situação se mantive Jeon longe de mim por todo esse tempo, desde a sua chegada em Seattle e aquele maldito dia em que o levei a festa de lançamento até agora.

Nossa relação mudou, o status passou a ser de: dois estranhos . Para: péssimo.

A convivência tornou-se um incômodo, todas as coisas que ele faz é proposital para me deixar furioso. Desperdiçou aquela vaga na universidade, passou a andar com um grupo estanho de amigos e quase todas as noites alguma vagabunda estava gritando no seu quarto.

Abriu mão daquela "melhora" depois da última conversa, passou uma semana tentando se adaptar ao meu estilo de vida e propôs um acordo. Que era basicamente o que ele fazia no passado: - Você me deixa em paz, finge para o papai que está tudo bem e eu não interfiro na sua vida.

Inicialmente pareceu algo formidável, não poderia existir outra proposta mais flexível que essa. Principalmente quando ele tinham grande trunfo nas mãos. Mas, nem todas as coisas que meu irmão fala tem algum valor. E eu fui um tolo em confiar nas palavras de Jeon.

Acabei me tornando refém daquele acordo. Embaixo do pé de um moleque que não tinha a mínima ideia do que estava fazendo com a própria vida.

- Taehyung. -chamou meu nome em meio ao silêncio do carro que compartilhávamos. - Tem certeza do que vai falar quando chegar?

O tom polido tinha um fundo ameaçador, dissimulado como costumava ser.

Estalo a linha no céu da boca e viro o rosto em sua direção. Olhando por cima dos ombros o homem sentado ao meu lado.

- O que for preciso pra você ficar longe.

- Não fale assim do seu irmão. Pode não parecer que me importo, mas eu sou o único que está aqui por você.

- Claro, tentando me ameaçar todos os dias com uma coisa que não é da sua conta. É um ótimo exemplo do quanto se importa.

- Eu me importo com você. -balbuciou amansando a voz. - Tenho meus motivos.

- Então esqueça essa bobagem! Pare de me pressionar com esse maldito assunto.

- Aquela mulher não é pra você. -refutou. - Você sabe que é só questão de tempo até ele descobrir.

- Não devo satisfações ao pai, desde quando sai da casa dele.

- Se não deve satisfações a ele, porque não o deixou nos visitar em Seattle? -contesta debochado. - Porque não a apresenta ao pai como sua namorada, já que é assim que você anda falando aos outros.

- Não é um bom momento.

- Claro, nunca vai ser. -ridicularizou com um risinho soprado. Ignoro as palavras de Jeon, sei que seu método favorito de me irritar é tocando em um assunto que passou a ser delicado: Viollet.

Sabia exatamente o que sentia por aquela mulher, mas, nunca soube como cheguei a tal ponto, de tentar apagar todas as coisas que aconteceram nas últimas semanas. Por simplesmente, amá-la.

Eu jamais me coloquei em tal situação, de me rastejar, ser tão humilhado e enganado por uma mulher. Era tão claro que aquilo estava me matando por dentro, que eu mal conseguia ficar um minuto se quer longe daquela mulher. Nunca me vi nessa posição e agora estava ali, tentando recolher os cacos do que tinha restado do meu orgulho e aceitando desculpas esfarrapadas, apenas para receber o mínimo a quem estava dando o máximo.