POV VIOLLET DESIRÉ
- E foi exatamente assim que aconteceu. -finalizo, coloco as mãos por trás da nuca jogando os cabelos por cima do encosto do sofá. Miro o teto branco gelo por longos segundos esperando alguma reação da mulher sentada na poltrona do outro lado.
Ser franca com ela era complicado, na verdade, contar as coisas como se fossem metáforas e sempre induzir a situações mirabolantes para esconder o motivo me faz crer que aquilo não daria certo. Porém, parece que expor boa parte dos meus pensamentos me deixa menos pesada no fim do dia.
Ouço o click da tampa de sua caneta, viro o rosto na direção da mulher que escreve atentamente na agenda.
- Como se sente em relação a isso?
- Me sinto bem. Não pela parte da mentira, mas eu me sinto bem pelas coisas que fiz.
- Coloque na balança, Viollet. A mentira que eu contei é mais pesada do que a minha realização pessoal, que eu não posso conviver com ela. Ou a minha realização pessoal é superior a mentira, e mentir foi essencial?
- Não acho que me encaixo nesses questionamentos.
- O que você acha então?
- Que eu não deveria ter voltado antes do último dia do retiro. Talvez, trocasse de guia espiritual.
- Bom, você deve pensar sozinha sobre essa questão. Se trocar o seu guia espiritual vai te fazer bem, faça isso.
- E se esse guia não for o certo ... -suspiro cansada. Levanto o tronco me sentando novamente no sofá. - E eu acabe perdendo o outro?
- Sinceramente Viollet, é a porra de um guia espiritual! Você vai encontrar em qualquer lugar um desses charlatões.
- Está falando como minha psicóloga ou...
- Como a porra da sua amiga. -fala irritada. - E eu vou te encaminhar pra um amigo, não podemos continuar fazendo isso.
- Não! Se não for com você eu não quero.
- Viollet, sinceramente eu quero mandar você se foder. Sério! Você esta em um relacionamento que tem tudo pra dar errado e ainda envolve a porra do seu ex marido tóxico nisso. Criou uma dependência emocional pelos dois e agora se sente culpada por ter ido a um retiro espiritual sozinha. Francamente! E a coisa mais ridícula que você já fez. É uma crise de meia idade? Você está se sabotando dessa maneira por diversão.
- Eu não sou dependente emocional.
- Sim, você é! -exclama. - E isso não é saudável. Principalmente pra alguém que romantiza até sinais tóxicos do relacionamento.
Antes que ela continuasse a falar o relógio tocou o sininho indicando que a consulta havia acabado. Ela o desligou, passou as mãos em cima da calça, desliza um pouco mais pra frente ficando na ponta da poltrona.
- Estou sendo sincera com você. -o tom se torna pacífico, amigável. - Porque eu te amo, e quero ver o seu bem. Você está em um momento da sua vida em que precisa de fato ficar sozinha, se conhecer, conhecer o mundo. Um relacionamento requer muita dedicação, tempo, paciência e acima de tudo, compreensão. Foram anos ao lado de Park, e em menos de alguns meses você começou a namorar Kim. E do nada, Park retornou a sua vida. Não existiu um tempo em que você Viollet parou pra pensar em si mesma e fazer coisas que você gosta. Essa já é a quinta consulta que temos juntas e sempre está falando sobre os outros. Como Park mudou, como Taehyung é um príncipe... você fala isso constantemente como quisesse se convencer disso. Quando eu penso que progredimos e que você realmente fez algo por si própria, sempre volta na mesma tecla: e se eu decepcionar alguém?
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Hardcore Man
FanfictionViollet Desiré é uma esposa completamente apaixonada pelo seu marido. E jamais cogitou que seu casamento estava entrando em um abismo, até aquele dia... No aniversário de casamento, descobre que a vida a dois não é aquele conto de fadas que ela idea...