The Loyal Husband (EM REVISÃO)

A notícia que dá início a essa história louca

Todos estavam ansiosos, animados com a ideia do que estava por vir.

A Grande Seleção estava prestes a começar e centenas de mulheres de diferentes províncias se reuniam em frente ao portão real, que guardava a entrada principal para o Grande Palácio, onde morava o príncipe Bon-Hwa, que logo se tornaria rei em exatos cinco meses. Famílias ansiosas se alegravam com a ideia de terem suas filhas escolhidas como a rainha, a Esposa oficial do futuro rei Bon-Hwa. A mulher que se sentaria ao seu lado, o daria conselhos, e daria continuidade à linhagem real. A mulher que tornaria um príncipe em um rei.

Mas a decisão não era feita pelo rei, rainha, e nem mesmo pelo próprio príncipe. A decisão era feita pelo Grande Ser. Um homem com uma grande e extensa sabedoria, também conhecido como Oráculo, que, depois de dizer algumas palavras mágicas, de meditar por vários instantes, e de encarar a multidão dramaticamente, diria o nome da mulher que seria a esposa real.

O portão estava aberto, e as donzelas, vestidas com seus melhores panos, em seus melhores sapatos e penteados, sorrindo animadas, se encontravam reunidas em um único grupo, entre as exuberantes cerejeiras azuis, que floresciam naquela época do ano. As suas respectivas famílias, se encontravam dispersas em pequenos grupos ao redor das bonitas moças. E dezenas de comerciantes faziam filas enquanto se misturavam a multidão de pais ansiosos tentando vender seus produtos.

O silêncio se alastrou quando a trombeta soou três vezes, e a família real caminhou solenemente, até o altar, onde esperariam o Grande Ser surgir. A rainha Sun Hee, graciosa em suas vestes delicadas e feição sábia. E o Grande rei Jun, em sua armadura vermelha e prateada, com traços em ouro puro, mantinha a expressão séria.

O príncipe Bon-Hwa vinha logo atrás, seguido de suas 6 concubinas, deslumbrantemente vestidas, com as mais raras jóias e tecidos que qualquer uma das moças presentes jamais haviam visto.

As mulheres, que variavam em cores, tamanhos, idade (muitas já haviam participado daquele ritual há mais de duas décadas) e outras, que apareciam ali pela primeira vez (a idade mínima para participar era dezesseis anos) suspiravam com a beleza do príncipe. Com seus olhos azuis brilhantes, pele branca e delicada, os cabelos longos e pretos, as vestes azuis, e o semblante sério, alto e viril, fazia qualquer mulher suspirar.

O rei não teve tempo de dar seu discurso anual, quando, subitamente, o Grande ser surgiu, rodeado de pétalas de cerejeira rosas e prateadas, os longos cabelos brancos esvoaçando, e suas vestes lilás. O silêncio pairou sobre a multidão, enquanto todos ali reunidos, até mesmo a família real, se curvavam diante da Grande presença do Oráculo, em sinal de respeito.

_ Pois bem. Que todos sejam abençoados, e que a grande e real prosperidade venha pairar sobre este magnífico reino, e que todos tenham uma saúde plena, e encontrem sua própria felicidade. Que os maus espíritos e os dragões vingativos, as bruxas maléficas, e os ogros das montanhas, os gigantes da Floresta negra, e até mesmo, o ser que não deve ser nomeado, sejam proibidos de sequer chegar perto dos arredores deste pacífico reino. E que todos tenham a paz.

Com as palavras dramáticas do Oráculo, todos se curvaram, e ele prosseguiu:

_ Estamos aqui hoje para ouvir a voz dos Espíritos do destino, que tudo tem em mente, planejado, e que escolherão a pessoa que ocupará o cargo de Esposa real do grande príncipe, que em breve cinco meses, se tornará um grande e bem aventurado Rei.

O Grande Ser então, fechou os olhos e repetiu um mantra que soava como uma cantiga para os não conhecedores da Magia Profunda. As concorrentes ficaram ainda mais ansiosas, o príncipe sentiu seu coração palpitar, a Rainha segurou a mão do Rei, e os vendedores aproveitaram a oportunidade para vender pequenos oráculos onde escreviam palavras de outros reinos, que diziam trazer boa sorte, mesmo sem saber o significado real delas.

O Oráculo, por fim, abriu os olhos, ergueu as mãos, olhou para o céu, e depois de vários instantes, seus braços doeram e ele os abaixou, e depois, com uma feição confusa, fechou os olhos novamente, coçou a cabeça, e, finalmente, abriu os olhos e disse:

_ Os Espíritos escolheram que a pessoa que ocupará o cargo de esposa real será... Seung.

As moças se entreolharam, se perguntando, quem seria essa Seung de nome tão... interessante. O Rei esperava que a moça subisse ao altar, onde a coroaria, e a apresentaria ao seu filho.

O Grande Ser se perguntava o que os Espíritos do destino estavam aprontando dessa vez e, para apressar as coisas, decidiu apontar, de vez, para Seung.

Na multidão de pais, entre as dezenas de comerciantes, nem prestando atenção na atuação do Oráculo, vendendo os falsos amuletos da sorte, estava um homem comum, de vestes simples e uma bolsa em cada ombro com diversos objetos que, prometia, trariam sorte para quem o possuísse.

Usando um feitiço para amplificar a voz, o Oráculo gritou:

_ Você! Seung! Comerciante!

Seung se virou, assustado. O que diabos estava acontecendo?! Por que o Oráculo estava lhe dirigindo a palavra? A família real o encarava, pasmo, as donzelas o olhavam assustadas, e o príncipe tinha um particular olhar de pavor.

_ Você será a Esposa real do Grande príncipe Bon-Hwa, agora vem logo aqui para a sua coroação que eu quero pular logo para o banquete em sua homenagem.

Seung não acreditava, não podia nem ao menos respirar. Não podia ser uma piada pois todos estavam sérios demais, e o Oráculo nunca, jamais faria algo do tipo.

Deixou cair as pesadas bolsas dos ombros, e lentamente, caminhou até o altar, sentindo o olhar de todos em sua direção. Seus pés se arrastando sobre a poeira. Iria até lá para dizer que aquilo era um engano, e, pelo nome que recebera, sendo unissex, tinha sido confundido com uma das participantes.

Subiu as escadas de pedra do altar e foi até o Oráculo, passando pelo rei, rainha, e as concubinas que o olhavam em choque.

_S...Senhor... Isto...está havendo um engano...Meu nome é tanto masculino quanto feminino e...

_ Não não não! Nada disso! Os Espíritos escolheram você! Eles não se enganam! Eu não me engano. Agora se vire e aprecie seus súditos. Todos se curvem perante a... Er... Perante o esposo do príncipe Bon-Hwa.

Obs; O significado dos nomes que aparecem neste capítulo:

Bon-Hwa: "glorioso"

Seung: "ascensão, subida"

Sun hee: "bondade, felicidade"

Jun: "soberano, supremo"