Intervalo

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A cabeça girava e doía, os olhos demorando a focar no rosto aliviado de Woong, que se levanta, limpando as mãos em uma toalha;

_ Ele está bem, precisa de descanso, mas o ferimento está limpo e fechado.

Bon Hwa solta um ruído de alívio, Kyung se abraça, sorrindo, mas Seung não entendia nada.

_ O... O que aconteceu?

Seung tenta falar, a boca seca e um gosto amargo, não sentia dores no corpo, mas a cabeça latejava de maneira horrorosa.

_ Shhh! - Bon Hwa se aproxima da cama, tocando o rosto ainda pálido de Seung, - Não diga nada, ainda está muito cansado. Precisa se recuperar.

Me recuperar? Do quê?

As memórias de Seung estavam confusas, embaçadas, não sabia onde estava ou o que tinha acontecido, mas a dor de cabeça não passava. Levou a mão até os cabelos, sentindo o pano branco que o enfaixava.

_ Ainda está doendo? - Woong pergunta, indo até a mesa de madeira, pegando um frasco comprido.

Estavam em uma barraca, mal iluminada, o tecido quente da cama abraçava Seung confortavelmente. Não sentia frio ou fome, mas a cabeça parecia querer explodir, embaçando sua visão, um gosto de bile na boca.

Woong se aproximou, a colher de madeira cheia do líquido azul, Seung abriu a boca, e sentiu o gosto doce do remédio.

Foi como magia, sua cabeça parou de doer instantaneamente, o enjoo passou, a visão voltou ao normal, e as memórias voltaram.

Ataque, criatura, magia negra, sangue, morte, espada, Lalin, Kyung, dor.

Passou a mão na lateral do corpo, sentindo a cicatriz grossa onde tinha sido atacado, estava enjoado pela perda de sangue, mas agora se sentia muito melhor. Até se lembrar das cenas que presenciou, os soldados e Filhas morrendo, o sangue, a dor, Lalin...

Podia falar agora, a garganta não doía mais, e se sentia bem o suficiente para se levantar.

_ Lalin...? - ele disse, fitando o rosto de Kyung.

_ Bem... - Bon Hwa começou a dizer, mas nem precisou terminar. O pequeno furão negro pulou na cama de Seung, o cheirando, as pequenas patas indo até sua cicatriz, queria ter certeza de que estava bem.

_ Espíritos conjurados quase nunca morrem, podem se regenerar com o tempo. - Woong sorriu, indo até outra prateleira, o vestido azulado se movimentando pelo chão.

_ E... Os homens?... - Seung tinha que saber, estava vivo, Bon Hwa e Kyung estavam bem, mas os outros não tiveram tanta sorte.

_ Perdemos cento e trinta homens. - Bon Hwa fala, a mão na cabeça, olhos cansados com olheiras profundas e roupas amarrotadas.

_ E setenta Filhas. - o tom de voz de Woong era de raiva, parecia se culpar pelas mortes. Seung não podia ver seu rosto, os cabelos presos em uma tranca, a coroa negra com a serpente de olhos avermelhados fitava Seung com malícia.

_ E...? Quanto tempo eu dormi?

_ Três dias. - Kyung fala.

_ O que?! E o que aconteceu desde que...

_ Nada. A fera fugiu, não a encontramos mais, o rastro de sangue para do nada, é como se tivesse desaparecido. Enterramos os homens, continuamos com o restante da caravana depois de um longo dia de reparos e contagem. Desde aquele ataque nada aconteceu.

_ E agora? O que fazemos?

_ O príncipe quer seguir para o Palácio de Chin Hwa, mas eu digo que temos que voltar e atacar Hyo de frente. - a voz de Woong era autoritária.

The Loyal Husband (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora