Derrota

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Logo após o ataque da fera

Estava ferida, a dor excruciante embaçando sua visão, sentia que iria desmaiar a qualquer instante, sem controle sobre si, o enorme corpo ensanguentado. Suas pernas fraquejavam, o corpo tremia.

Passava pelas árvores, as orelhas em pé com medo de estar sendo seguida, mas não ouvia ninguém. Corria o mais rápido que a dor permitia, passando pelos galhos e troncos, se escondendo na folhagem, os olhos assustados percorrendo o lugar a procura da bruxa.

Estava sozinha, iria morrer, naquela floresta suja, sem ter pra onde ir, sozinha e sangrando como uma qualquer, estava ali, morrendo aos poucos, abandonada, e o pior de tudo: não tinha concluído a missão.

Tinha apenas uma meta, um objetivo, o ataque todo calculado para que ela fizesse apenas uma coisa: matar Seung.

Tinha falhado, não estava preparada para ver Woong ali, e quando a mulher de cabelos avermelhados apareceu, não teve tempo de se proteger. Tinha se ferido gravemente e estava morrendo.

Chegou até uma clareira, o ponto onde tinham marcado de se encontrar, caiu na pilha de folhas secas, sentindo o pelo úmido de sangue em sua barriga, quase não tinha forças para se transformar, fechou os olhos e se concentrou, sua magia fluindo, estava quase desmaiando quando sentiu a mão quente de Hyo em sua cabeça, acariciando os seus cabelos.

Tinha voltado a sua forma humana, o sangue da fera ao seu redor, continuava sangrando. Abriu os olhos, fitando o rosto encapuzado de Hyo e seus olhos frios.

_ Vamos, Hae. Respire e se acalme, vou cuidar de você.

Hyo a despiu lentamente, só a presença dela era capaz de a tranquilizar.

Passou a mão pelos ferimentos de Hae, enquanto repetia um mantra, Abjuração nunca tinha sido o forte de Hyo, mas em momentos como aquele, era essencial que ela se concentrasse ao máximo. A vida da garota estava em suas mãos, e ela era uma peça importante para o futuro que Hyo e o líder tinham planejado.

Os ferimentos estavam fechados, mas a dor não tinha passado. Hae suava, o corpo tremia, com a mão esquerda agarrou o braço de Hyo, implorando com o olhar que a ajudasse. O nariz partido e o olho cortado começavam a parar de arder.

Hyo segurou a mão da garota, a confortando, enquanto repetia o mantra mais uma vez, tentando curar o nariz e o olho da menina. Não tinha certeza se funcionaria, Abjuração era algo complicado, e a sua conexão com a magia negra a impedia de ir além, mas tinha que tentar.

Vários minutos se passaram, Hae começava a se sentir melhor, os calafrios e o ardor tinham passado, o corpo pesado e sonolento começavam a ceder ao toque quente de Hyo, que não parava de repetir o mantra de cura.

_ Acho que... estou melhor agora.

A voz suave e abafada de Hae despertou a bruxa do transe, e ela se calou.

_ Mas o seu olho...

_ Está tudo bem. - Hae sorriu, fraca - vou me preocupar com ele depois.

_ Eu... devia ter previsto que aquela mulher ia aparecer... devia ter feito algo pra te ajudar.

_ Tudo bem, não foi sua culpa. Eu... - Hae se levantava lentamente, passando os dedos pelas cicatrizes enormes - Devia ter matado ele. Meu treinamento era o suficiente, eu teria conseguido se não fosse pela...

_ Vamos pensar nisso depois. O problema agora é avisar o líder de que Seung ainda está vivo.

Hae tremeu, enquanto se vestia, passando as vestes amarrotadas pelos ombros, só a ideia de encarar o líder e dizer que falhou era assustadora. Se estava ali, naquele estado, incapaz de fazer qualquer coisa sozinha, prisioneira de um feitiço de transmutação, era porque um dia tinha traído a confiança do líder.

The Loyal Husband (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora