Resgate, descanso e Dor

185 20 6
                                    


Horas depois da batalha contra a bruxa, depois de a colocarem em uma cela feita especialmente para bloquear seus poderes mágicos, Seung, Bon Hwa e Kyung caminhavam entre a floresta, com um grupo pequeno de  soldados, por quase uma hora sem parar, seguindo as instruções da bruxa, que tinha dito onde seu acampamento ficava, onde ela mantinha alguns prisioneiros, e outras pessoas enfeitiçadas.

Tudo ainda muito recente na cabeça de Seung, que sentia seu corpo pesado, o braço ainda sangrando um pouco, mesmo depois de Woong ter fechado boa parte do ferimento, mancando, roupas sujas de sangue, cabeça latejando pelas pancadas, olhos avermelhados, tentava assimilar as mortes, a dor, o fim da guerra.

Sua mente bem distante, pensava em poder ver Yuga de novo, e de como ia contar para a rainha que seu irmão tinha morrido, como seriam as coisas assim que os enfeitiçados retornassem para suas casas. O futuro parecia incerto, e algo dentro de si dizia que as coisas não iriam melhorar, ainda não.

Caminhavam em silêncio, já podiam ver o acampamento de Hyo, vários grupos de pessoas adormecidas, por causa da quebra do feitiço, fogueiras recém apagadas, a fumaça e o incenso enchendo os pulmões de Seung, tossiu, as costelas doendo, o gosto de sangue na boca, não tinha ideia da extensão de seus ferimentos, e não tinha forças para se curar ainda.

Mas Seung se preocupava mais com Bon Hwa do que com si próprio, sem saber o que se passava em sua mente, tinha medo de que o príncipe se culpasse pela morte de Kwang, e conhecendo Bon Hwa, isso era exatamente o que ele estava fazendo.

_ Acordem os prisioneiros, e procurem por qualquer arma, fera, lobo, vasculhem todo o acampamento, sabemos que a bruxa gosta de jogar sujo.

Bon Hwa dava ordens para os soldados, enquanto o trio analisava o cenário ao seu redor, Seung podia sentir a aura sombria que cercava o lugar, estremeceu, pensando em todas as coisas que tinham acontecido ali.

_ E nós? - Kyung pergunta, logo atrás de Seung, a cabeça enfaixada, o braço ensanguentado, um grande corte em seu rosto pálido de cansaço.

_ O que é aquilo? - Seung aponta para uma caverna, e cambaleia até lá, ignorando a dor na perna.

Viu uma cama, roupas e estantes cheias de livros que atraíam sua magia, e se virou para Bon Hwa:

_ Era aqui que Hyo dormia, vamos dar uma olhada.

Entraram, ainda incertos, na caverna escura e fria. Com um balançar de dedos, Seung acendeu as velas, e o cheiro de incenso e ervas preencheu seus pulmões, o aliviando de boa parte da dor, o acalmando imediatamente.

Caminhou até as estantes, suas pernas bem menos doloridas, e passou os dedos pelas capas empoeiradas, livros antigos, proibidos, e que o ajudariam muito no que quer que tivesse que enfrentar pela frente.

Com um sinal, chamou um dos soldados e ordenou que levassem todos os livros para a sua cabana, no acampamento deles.

Enquanto isso, os outros dois se espalharam pela caverna espaçosa, Kyung se atraindo pela parede repleta de diferentes armas, seus olhos azuis brilhando de interesse, passou as mãos em uma espada encravada de jóias vermelhas, com um punhal em forma de serpente, se enrolando em seus dedos, o metal frio enviando um frio estranho pelo seu corpo.

_ Uma espada envenenada - ouviu Seung sussurrar, logo atrás de si.

_ E essa? - ela apontou para um arco e uma bolsa de flechas, negras como a noite.

_ Também são envenenadas.

_ E esse punhal?

_ Acho que tudo aqui ou é envenenado ou é enfeitiçado.

The Loyal Husband (EM REVISÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora