01| who am i?

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01. quem sou eu?

MAREESA DALLAS


Você consegue se lembrar de quem era antes do mundo lhe dizer quem deveria ser?

De como era bom simplesmente ver beleza em todas as pequenas coisas? De como era acordar de manhã cedo apenas para assistir seu desenho preferido?

Sinto que mesmo que feche meus olhos, mesmo que esqueça por um segundo a realidade, aquela sensação nunca voltará. Ela está nublada. Suja. Como se tivesse sobrevivido a um incêndio, mas que só algumas partes continuam intactas.

Essas partes lhe dão o gosto do que perdeu, no entanto, não lhe fazem reviver aquele momento. E quando você percebe já está em um limbo. Um limbo que você se colocou e não consegue sair.

Você consegue se lembrar de quão belo era o mundo antes de a escuridão tomar aquela visão de você?

De como o sol parecia mais brilhante e de como os pássaros cantavam alto? De como o cheiro fresco do café impregnava toda a sua casa?

Às vezes sinto que me perdi de mim mesma. Que estou em um labirinto sem fim. A sensação de se ver completamente perdida é desesperador, não saber uma direção. Olhar para os lados e só ver escuridão e nenhum ponto de encontro pode tirar a sanidade de qualquer pessoa.

Quem eu deveria ser? Quem eu sou?

É estranho pensar que um dia uma figura tão pura e sem julgamentos viveu dentro de você. Aniquilada pelo mundo, era assim que eu me sentia. E mesmo tentando não me tratar como uma vítima e sim aceitar os fatos, tenho momentos em que sinto falta. Sinto falta da minha casa pequena e até mesmo das brigas com a minha mãe. De como Laura ia até a minha casa apenas para me contar as novidades das brigas entre suas vizinhas e como tudo era tão leve... Mesmo sendo situações pesadas para a minha idade. Sinto falta do carinho que eu tinha, do colo em que deitava minha cabeça todas as noites. Dos conselhos. Dos momentos em que pude ser apenas uma criança.

Acontece que quando você vive no caos, as outras coisas que você viveu parecem o paraíso. A realidade te cerca e você percebe que aquele pão que você tinha era mil vezes melhor do que a dor de querer comer e não ter.

A dor da fome dói. A dor da saudade rasga. A dor que o medo te proporciona te corrói. Mas a situação que te leva para a escuridão é a dor de tirar uma vida.

Um segundo. É isso que você leva para matar alguém, mas as lembranças e os demônios levam uma vida para ir embora. E eu ainda acredito que minha alma nunca estará em paz... Nunca. Pois mesmo que eu tente interpretar que precisava viver, também sei que isso pesa. É como se cada morte estivesse em seus ombros, te levando para o chão.

O mundo me disse para ser assim. O mundo me transformou em alguém que sobrevive apenas por acreditar que merece ou que em algum momento isso valerá a pena. Mas e se não valer? E se tudo isso for em vão?

SIX FEET UNDER → carl grimesOnde histórias criam vida. Descubra agora