Capítulo 1: Olhinhos lindos e tristes

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Queridos leitores, estou iniciando uma história inédita aqui. Espero que gostem!

Aprendi a gostar de doramas, especialmente os dramas coreanos (influência de minha filha que é fã de K-Pop e doramas, e que será a minha "consultora "!) e  como o meu ator favorito  é o Ji Chang-Wook  achei que ele ficaria perfeito como o personagem Hyuk... O que acharam da escolha de Tammy Di Calafiori para a personagem Anne, hein?

Então, senta que lá vem história...


Hoje é sábado, é o dia em que eu e meu pai saímos para tomar sorvete. Todos os sábados, após o almoço, andamos por nosso bairro até uma sorveteria. Só não tomamos sorvete quando está muito frio, mas como é verão temos muito tempo para aproveitar! Às vezes, minha mãe nos acompanha, depende muito de seus compromissos. Ela participa de um grupo de mulheres que realiza eventos para ajudar as pessoas carentes. Carentes de alimentos, roupas e de afeto. O nome do grupo é: Amigas do Bem. Minha mãe também é professora, por isso ela tem "lição de casa" muitas vezes por semana.

Eu estava muito animada andando de mãos dadas com o meu pai, quando ouvimos uma voz conhecida, muito conhecida! Era minha mãe!

— Silas e Anne, voltem! — Minha mãe gritou. Já estávamos quase para virar a esquina. Meu pai olhou para mim, acariciou os meus cabelos e disse:

— Minha doce Anne, temos que voltar! Deve ser algo importante, sua mãe não nos chamaria...

— Tudo bem, pai! — Respondi sem vontade. Não queria voltar. Queria o meu sorvete de creme com cobertura de chocolate, o meu favorito, mas acompanhei o meu pai. Ele tinha razão. Minha mãe não nos chamaria se não fosse algo importante. Assim que nos aproximamos, minha mãe anunciou:

— Ligação do "general" Mendonça! Ele quer que você vá com urgência à sua humilde mansão! — Ela acariciou os meus cabelos. — Ah, querida, sinto muito! — Eu forcei um sorriso. Tinha que ser o "general"! Bom, na verdade ele não é um general, mas é assim que chamamos o patrão de meu pai, é claro que ele não sabe disso!

— É mesmo? O que será? Ele nunca me chama aos sábados! — Meu pai subiu a escada, com certeza iria até o seu quarto para trocar a roupa, mas parou de repente — Anne, tenho uma ideia, você irá comigo e depois tomaremos o nosso sorvete, está bem? — Agora eu sorri de verdade e, como iria até a mansão do "general", também troquei a minha roupa. Eu estava bem à vontade com uma bermuda jeans e camiseta. Troquei por um vestido florido.

Seria a primeira vez que visitaria a mansão do general. Eu estava muito ansiosa durante o caminho. Sabia que o patrão de meu pai tinha um filho. Meu pai quase não falava sobre o menino. As únicas informações eram que o filho do "general" tinha 8 anos (eu tenho 11 anos, então sou 3 anos mais velha!) e que a mãe não era brasileira, ela nasceu na Coréia do Sul. Veio para o Brasil com a família há alguns anos. Eu estava muito curiosa. Nunca tive um amigo de outro país, bom, eu sei que ele nasceu aqui, mas já o imaginava. Meu pai também me disse que ele se parecia muito com a mãe. Então eu fiz um "retrato" do menino na minha cabeça! Na minha imaginação ele era bem mais baixo do que eu, tinha cabelos pretos e olhinhos "puxados".

Quando meu pai parou o carro, um portão enorme abriu sozinho e eu fiquei de boca aberta. Que lugar! Nós temos uma boa casa em São Caetano do Sul, mas o general tem uma mansão! Moramos na mesma cidade, mas em bairros diferentes! Fomos recebidos por um jardim lindo e imenso. Minha mãe iria amar! Um homem baixo e com o cabelo quase totalmente branco, cumprimentou o meu pai e sorriu para mim.

— Boa tarde, senhor Silas, como está? Esta linda menina é a sua filha? — Ele piscou para mim.

— Boa tarde, querido Hermes, sim é a Anne!

— Bem-vinda, senhorita Anne! Se quiser passear pelo jardim enquanto o seu pai trabalha, posso acompanhá-la — eu me aproximei do meu pai e segurei a sua mão. Não queria ficar longe dele. Não por medo, mas porque queria conhecer a casa.

— Agradeço, Hermes, mas parece que ela quer entrar comigo. O senhor Carlos está no escritório?

— Sim, sim, ela pode ficar em uma sala de TV. Vou acompanhá-los — o homem andou mais rápido e nós o seguimos. Pensa em uma casa enorme! A porta de entrada dava até medo (não sou medrosa, é só jeito de falar!) de tão alta e larga! Minha boca, que já estava aberta, assim permaneceu ao entrarmos. Eu não sabia onde olhar, é sério! Um piso muito brilhante de doer os olhos, uma sala imensa cheia de sofás, poltronas, sei lá... Tudo tão branquinho que nem sei se eles sentam lá! Acho que não.

— Anne, este senhor simpático a levará até uma sala de TV, está bem? — Após olhar para o meu pai e para o senhor, concordei. Meu pai beijou a minha bochecha. Segui o "senhor simpático" por um corredor comprido com várias portas. Fiquei imaginando o que encontraria por trás delas. Ele abriu uma porta e pediu para eu entrar. Era uma sala com uma poltrona grande que parecia bem confortável, mas não era branca, ainda bem! Era marrom, eu acho! Ele ligou a TV e perguntou se eu queria algo para beber e comer. Eu disse que não estava com fome e era verdade. Só queria sorvete de creme, mas não ali, queria com o meu pai, na sorveteria perto de casa. O senhor falou algo que eu não entendi e se afastou, mas antes que fechasse a porta, ouvi gritos. Era voz de homem e ele estava muito bravo.

— Você é um burro, um burro! Ah, e é desastrado, gago, não sabe ler... Além de tudo isso ainda tem esses olhos, ah, esses olhos! Tinha que "puxar" tudo da sua mãe, menino burro? — O homem gritava muito alto mesmo e o "senhor simpático" olhou para mim e deu para notar que ele estava com vergonha — Detesto os seus olhos, menino imprestável! Você só envergonha o meu nome! Recebeu a honra de ter o meu nome, mas só me traz vergonha, Carlos Eduardo!

— Assista um desenho, está bem? Logo o seu pai voltará — ele disse, em seguida saiu e fechou a porta, mas logo ela foi aberta novamente, pensei que fosse o "senhor simpático" ou meu pai, mas não, era um menino. Ele entrou e fechou a porta. Enxugava as lágrimas com o dorso da mão, mas não adiantava nada porque elas eram mais rápidas do que ele. Eu me aproximei e  os olhos mais lindinhos do mundo inteiro me fitaram.  O menino não esperava encontrar alguém ali.  Envergonhado, abaixou a cabeça.

— Você não é burro, não é mesmo! Nunca acredite em alguém que o chame de burro, ouviu? — Ele levantou a cabeça e eu sorri para ele, mas ele não conseguiu me imitar. Culpa das lágrimas insistentes que não cansavam de cair! — Você é o Carlos Eduardo? — Ele meneou a cabeça várias vezes.

— Não sou! Meu no-no nome é Hyuk, ouviu? — O menino gaguejou um pouco.

— Hyuk? Que nome lindo! Amei! — Ele sorriu entre as lágrimas e eu o abracei. Sei lá, nem pensei na hora, simplesmente deu vontade de confortar aquele menino de olhinhos lindos e tristes.

Anne e HyukOnde histórias criam vida. Descubra agora