Capítulo 24: Nayra

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Queridos (as) leitores (as), neste capítulo apresento uma personagem nova, Nayra, e como ela é pianista, escolhi um vídeo que unisse piano e doramas.

Agradeço por acompanhar a história de Anne e Hyuk. Beijos!



Observar o professor Hyuk em ação é algo maravilhoso. Além de seu talento indiscutível para a música, ele tem o dom de ensinar as crianças. O meu amigo nasceu para isso! Como fica à vontade com elas e como tem paciência e amor para ensinar! E elas? Amam o professor de olhinhos lindos. Hyuk é o professor responsável por dois instrumentos: piano e violão, mas há muitos professores voluntários que ensinam violino, violoncelo, bateria, instrumentos de sopro etc. Como a quantidade de alunos tem aumentado a cada mês e Hyuk tem outras responsabilidades, há também outros professores que ensinam piano e violão. Eu dou a minha contribuição com o canto e também na área de psicologia.

A propriedade adquirida era um sobrado com sete quartos, quatro salas, duas cozinhas, oito banheiros, um belo quintal com churrasqueira e ainda uma edícula. Os quartos e salas agora são as salas de música e a edícula de três cômodos se transformou em área administrativa. No início, o "general" estava bem relutante. Ele dizia que seria muito arriscado. Que a ideia de Hyuk era absurda e perigosa, principalmente porque o meu amigo desejava abrir a escola em um bairro carente. Foram muitas negociações. Meu pai ajudou nisso. Após Hyuk concordar em comprar uma propriedade em São Caetano do Sul, em um bairro próximo ao meu, deu tudo certo. É claro que o senhor Carlos Eduardo tinha outras exigências e uma delas era sobre a segurança. Ele mesmo contratou os seguranças. Hyuk providenciou vans para buscar as crianças em suas casas e assim resolveu o problema da distância. A escola funciona graças ao apoio de parceiros. Minha mãe, através de seu grupo "Parceiras do Bem", é a responsável pelas parcerias e meu pai dá uma mão valiosa na área financeira. Além de realizar os cursos, a escola Vida e Esperança também faz a distribuição de cestas básicas e roupas para as crianças. É um lindo trabalho!

- Professor Uk, eu estou gostando muito de tocar violão, estou mesmo! - Diz uma menina de cabelos cacheados. Ela tem 9 anos. Quase todos os alunos chamam o meu amigo de professor Uk.

- E você está indo muito bem, Giovanna! - Ele sorri para ela e começa a dedilhar o violão. Ela abre um largo sorriso. Estava tão concentrada nos dois que nem percebi a aproximação de Nayra. Ela é uma professora de piano muito talentosa. É voluntária há um ano. Quando Hyuk iniciou a sua faculdade, ela já era uma aluna veterana no mesmo local.

- Tem alguém aqui muito distraída...

- Oi? Ah, Nayra! Tudo bem? - Eu tiro os meus olhos de Hyuk e sua aluna. Uma coisa que tenho percebido nas últimas semanas, é que Nayra sempre dá um jeito de se aproximar de Hyuk e também tem me dado umas indiretas.

- Estou bem, Anne! Será que você não tem nada para fazer? Veio até aqui só para assistir às aulas de certo professor? - Ela quase sussurra.

- E você, Nayra? Veio só para pegar no meu pé? - Pergunto com um sorriso.

- Não, queridinha, eu tenho meus alunos-, ela se aproxima mais um pouco e fala quase em meu ouvido - mas parece que você não tem nada melhor para fazer...

- Então, boa aula para você! - Eu me afastei. Fui até a cozinha, mas ela me seguiu.

- Bom dia, Anne, o café está quentinho! - Fui recebida por Helena que é a responsável pela cozinha. As crianças geralmente permanecem duas horas na escola de música (que são divididas entre as aulas de teoria e prática), mas algumas ficam por mais tempo. Carlinhos, por exemplo, um menino de 10 anos, chega às 8 h e só vai embora às 12h30. A van o leva direto para a escola de ensino fundamental. Ele toma o café da manhã e também almoça aqui. Os pais trabalham o dia inteiro e para eles a escola de música é uma ótima opção. Hyuk é o seu professor. Carlinhos deseja ser pianista. É muito aplicado. Eu a cumprimentei e aceitei uma xícara de café.

- Anne, eu ainda tenho algumas verdades para... - Ouvi a voz de Nayra. Pedi licença para Helena e me afastei, mas novamente fui seguida. - Ei, por que está fugindo? - Parei no meio do corredor.

- Fugindo do quê? De quem? - Beberiquei o meu café. Neste momento, Hyuk apareceu.

- Com licença - ele disse e em seguida pegou a xícara da minha mão. Bebericou o meu café. - Hum, está perfeito! - Devolveu-a para mim. - Vou voltar para a minha aula. Oi, Nayra, três alunas estão à sua espera. - Afastou-se.

- Anne, Anne, você está se achando, né? - Ela disse com rispidez assim que Hyuk desapareceu de nossa visão.

- Dá para ser mais clara? E seja rápida porque não é nada legal deixar as alunas esperando...

- OK! Você pensa que me engana? Está jogando com o Hyuk! Usa e abusa desse seu jeitinho só para conquistá-lo! - Não estou acreditando! Ela está insinuando o quê?

- Nayra, não viaja! - Meneei a cabeça.

- Acha mesmo que dá para acreditar nessa história de irmãos? Você é muito esperta! - Ela mexeu em seu cabelo curto recentemente pintado de ruivo. Nayra é quase da altura de Hyuk e tem um corpo de modelo. - Eu não caio nessa! Qual será a próxima jogada? Seduzi-lo? Quer ter um filho do herdeiro do grupo Mendonça? - Não, ela não disse isso!

- Você bateu a cabeça em algum lugar, só pode! Quer saber? Não ficarei aqui para ouvir esses absurdos! - Ela segurou o meu braço. - Ei, o que é isso? - Soltou-o em seguida. - Se você está tão caidinha por ele, por que não se declara de uma vez, hein? - Afastei-me daquela garota sem noção.

Felizmente, o restante da manhã foi tranquilo. Dei minha aula de canto e conversei com uma garotinha que se acha incapaz de aprender. Paulinha acredita que nunca tocará o instrumento de seus sonhos: o violino. Ser chamada de burra pelo pai está destruindo a sua autoestima. Quando as pessoas irão aprender que as palavras têm poder? Elas têm o poder de construir e de destruir.

- Paulinha, olhe para mim - eu pedi. Ela estava com a cabeça abaixada. Levantou a cabeça lentamente. - Querida, você é uma menina inteligente... - meneou a cabeça muitas vezes. - Acredite em minhas palavras! - Provavelmente ela ouviu a palavra "burra" durante anos. Sei muito bem que não será fácil substituir a palavra "burra" pela palavra "inteligente". A sua mente gravou a dura palavra proferida por seu pai, mas estou aqui para mudar isso. Com amor, paciência e persistência, Paulinha acreditará em minhas palavras e eu ainda ouvirei as belas músicas que ela tocará!

Às 17 h, fui até o escritório da administração porque um dos professores me informou que Hyuk estava lá. Eu precisava falar com ele antes de ir embora. Às vezes, espero por ele e saímos juntos para comer. O horário de fechamento é às 19 h. Outras vezes, eu vou para casa e depois combinamos algo. Hoje, como tenho algumas coisas para resolver, não esperarei por ele. Ao entrar no escritório, me deparei com uma cena inesperada.


Anne e HyukOnde histórias criam vida. Descubra agora