Capítulo 35: Sem explicação

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Ao sair do elevador, logo vi Clarisse. Ela conversava com Guilherme. Dava para perceber o quando estava alterada. Aproximei-me. Não vi Hyuk.

— Que papel você desempenhou hoje, Guilherme! Eu não esperava por isso...

— Peço desculpas, senhora Clarisse, estou muito envergonhado, mas entenda que não tive escolha. Recebi uma ordem. — O assessor de Carlos Eduardo tentava se justificar. Senti pena dele.

— Tomara que você não receba uma ordem para se jogar de um prédio! — Ao dizer isso ela se afastou. Ele a seguiu.

— Espere, eu posso levá-los até o aeroporto... Pelo menos isso, já que não deseja voltar de jatinho... — Ela parou e o encarou.

— Cuide de seu patrão, Guilherme, cuide muito bem dele! Não precisa se preocupar conosco. — Neste momento ela me viu. — Anne, vamos embora, Hyuk está nos esperando lá fora. Já deve estar dentro do táxi. — Ela começou a andar. Eu a segui. — Sinto muito por tudo o que ouviu, Anne. Foi lamentável! — Disse assim que passamos pela porta automática. — Eu não espero que venha algo de bom daquele homem, mas... meu filho ainda tinha esperanças, você sabe. Infelizmente, Carlos Eduardo só pensa nele mesmo.

— Clarisse, eu não suportei ouvir tudo aquilo calada, depois que saíram, falei umas verdades para ele — revelei. Ela sorriu.

— Fez bem. Eu não tenho mais energia para conversar com aquele homem — logo encontramos Hyuk. Ele nos esperava ao lado de um táxi. Felizmente não tínhamos bagagem. Só nossas bolsas perduradas no ombro. Ao receber a ligação de meu amigo, minha mãe até mencionou que eu deveria levar uma mala pequena ou mochila, mas só coloquei uma troca de roupa em minha bolsa e alguns itens de toalete. Pelo jeito nem seriam necessários. Lembrei-me de que Hyuk carregava uma mochila. Provavelmente algum funcionário ficou com ela. Pensei em perguntar assim que entramos no carro, mas Clarisse começou a falar e eu perdi a oportunidade. O taxista perguntou sobre nosso destino. A mãe de Hyuk deu um nome de um hotel. — Já que estamos aqui, podemos descansar um pouco, saborearmos um belo almoço e só depois pegarmos o voo, tudo bem? — Hyuk deu de ombros. Ele estava visivelmente magoado e não era para menos. Eu assenti. Durante o trajeto, Clarisse aproveitou para reservar o nosso voo. — Voltaremos para São Paulo no voo das 18h25. — Ela nos comunicou. Fiz uma ligação rápida para a minha mãe. Avisei sobre o voo e ela quis saber sobre o estado de saúde de Carlos Eduardo. Eu não podia dar detalhes, então só informei-a de que ele estava bem.

Fizemos o check-in no hotel às 10h30. Hyuk não disse uma palavra sequer. Eu e Clarisse conversamos sobre todos os assuntos, menos sobre a situação desagradável que vivemos naquele quarto de hospital. Meu amigo sentou-se em uma poltrona e começou a mexer em seu celular, mas dava para notar que não estava interessado em nada.

— Hyuk já comentou sobre os avós, Anne? Acredito que sim. Ele está tão animado! E meus pais, então? Estão encantados com o neto! — Comentou com empolgação. — É disso o que precisamos... Família unida!

— Sim, com certeza, é maravilhoso. Torço para que fiquem cada dia mais unidos. — Olhei para o meu amigo, ele forçou um sorriso. Com certeza as duras palavras do pai não lhe saiam da mente.

— Que tal vocês dois caminharem um pouco? — Clarisse sugeriu. — Podemos nos encontrar às 13h para o almoço. Eu ficarei aqui descansando.

— O que acha, Hyuk? — Perguntei ao me aproximar dele.

— Pode ser... — respondeu sem vontade. Eu ofereci a minha mão, ele levantou-se e a segurou.

Entramos no elevador. Hyuk apertou o botão do térreo. Estávamos no 8° andar.

— Ei, eu sei que está magoado, mas tente reagir, está bem? — Acariciei o seu rosto. As lágrimas começaram a cair no mesmo instante. Com certeza estava se esforçando para segurá-las, mas o meu toque apertou o botão de start.

— Como? Ele me odeia! Meu pai me odeia! — Disse em meio a lágrimas. Quer saber? Eu também o odeio! Não quero vê-lo nunca mais! — As palavras saíram com revolta.

— Acalme-se, isso vai passar! Ele foi horrível, eu sei, mas com certeza já se arrependeu... — Eu o abracei. — Ele sabe o quanto você é maravilhoso e que perdeu muito, mas não tem coragem de admitir...

— Você não acredita nisso, Anne! — Ao ouvir suas palavras, eu me afastei um pouco e segurei o seu rosto com as mãos.

— Eu acredito! Hyuk, você é a pessoa mais maravilhosa que eu conheço. Tem um coração enorme, é talentoso, um ótimo filho e... Hyuk, eu o amo muito e o admiro demais! — Neste momento aconteceu algo que eu nunca pensei que aconteceria. Não sei explicar direito. Só sei que eu me aproximei mais, ele também e segundos depois nossos lábios se tocaram.


Uma OST para a cena que encerra o capítulo...


Anne e HyukOnde histórias criam vida. Descubra agora