Pensa em uma pessoa muito ansiosa e multiplique por 2, é assim que eu estava. Meu pai almoçou em casa e em seguida me levou até a mansão. Minhas aulas já recomeçaram, mas como estudo no período da manhã, o horário das aulas com Hyuk era perfeito. Bom, ainda bem que ele também estuda no mesmo horário. É o que imagino, senão o "general" não teria marcado. Meu pai me explicou que eu voltaria para casa com um motorista. Beijei a sua bochecha, pedi a sua benção (sim, eu faço isso!) e saí do carro com minha pasta. Uma pasta vermelha. Pensei em trazer uma mochila, mas mudei de ideia. A pasta era perfeita. Trouxe um livro, um caderno e uma bolsinha com lápis, borracha e apontador. Uma senhora me recebeu com um sorriso. Ela conversou com o meu pai rapidamente e entramos na mansão.
— Anne, posso chamá-la assim ou gostaria de senhorita Anne? — Ela perguntou e eu achei engraçado, mas não ri.
— Só Anne, por favor! Qual é o seu nome?
— Catarina, senhorita Catarina, sim? Não sou uma menininha como você, mas também não sou uma senhora — ela explicou, mas para mim ela é uma senhora sim porque parece ser mais velha do que a minha mãe, mas não disse isso, não seria nada educado. A senhora Catarina já tinha vários fios de cabelo branco e usava um coque perfeito. Não sei como o cabelo ficava tão certinho. Ela era um pouco alta e não brigava com a balança. Minha avó materna, que morava em Americana, uma cidade do interior, gostava muito de falar assim quando alguém perguntava sobre regimes. Ela dizia que não brigava com a balança porque ela sempre vencia! Mas acho que a senhorita Catarina não brigava mesmo. Andamos pelo mesmo corredor daquele dia, mas entramos em uma porta diferente. — O menino Carlos Eduardo está à sua espera. Pode entrar. A senhora Clarisse não está em casa, mas logo chegará e virá para conhecê-la.
— Agradeço — nós entramos em um tipo de escritório. Ele era maior do que nossa sala de jantar, duas vezes maior, eu acho. Havia uma mesa grande e duas cadeiras. Uma estava ocupada por Hyuk, mas assim que me viu, ele levantou-se e se aproximou. A senhorita Catarina sorriu para mim e saiu. — Oi, Hyuk! — Ele se curvou. Na primeira vez que nos encontramos ele se curvou antes que eu saísse da sala de TV, mas agora abaixou a cabeça para valer mesmo! Eu não sabia que era assim que eles se cumprimentavam na Coréia. Depois perguntei para a minha mãe e ela explicou que quanto mais a pessoa se curvava mais honra significava. Era sinal de respeito por alguém maior do que você. Uma autoridade por exemplo ou pessoa mais velha. Eu disse que Hyuk se curvou muito e ela explicou que era porque me honrava por ter mais idade do que ele e por ser a sua professora! Nossa, eu fiquei impressionada!
— Annyeong, Anne! — Ani o quê? O que ele disse? Estava animado. — Estou feliz que seja a minha professora. Não sei como conseguiu, mas estou muito feliz — ele não gaguejou nenhuma vez.
— Como consegui?
— Sim, meu... pai, eu não sei como ele deixou.
— É que eu pedi para o Pai de todos, então não teve como ele não deixar, entendeu? — Ele olhou para mim e vi que estava confuso. — Pedi em minhas orações ao papai do céu!
— Ah, você faz isso?
— Sim, você não?
— Meu pai diz que isso é para quem é fraco.
— Orar?
— Sim. Mas não acho que a noona é fraca, não acho mesmo! — Ele disse outra palavra que eu não entendi.
— Certo, vamos começar a nossa aula, Hyuk! O seu pai precisa notar que você melhorou, está bem? — Ele concordou balançando a cabeça. Nós dois sentamos e eu abri a minha pasta. Em cima da mesa, uma mesa bem brilhante, havia só um caderno e um estojo de madeira cheio de desenhos de letras, mas não nossas letras, eram uns tracinhos... — Isso é o quê? Japonês?
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Anne e Hyuk
SpiritualHyuk mora em uma mansão. É filho único de uma sul-coreana e um brasileiro. O pai é um empresário muito bem sucedido e implacável. Hyuk tem tudo o que o dinheiro pode comprar, mas não é feliz. É amado por sua mãe, mas não tem o amor de seu pai e n...