Sábado, acordei às 8h, logo senti um delicioso cheirinho de café. Tomei um banho rápido e, após me vestir com uma roupa bem confortável, fui até a cozinha. Meus pais conversavam animadamente. Beijei-os, pedi a bênção e logo minha mãe informou que só estavam me aguardando para tomarmos o café da manhã juntos. Depois de conversarmos sobre vários assuntos, eu comentei sobre o meu compromisso com Hyuk. Meus pais não fizeram nenhuma objeção, pelo contrário, me apoiaram. Eles também desejavam que o meu amigo tivesse um bom relacionamento com o pai.
Após trocar a minha roupa por um jeans e uma delicada camisa branca de renda e calçar minhas sandálias confortáveis, me despedi de meus pais com beijos. Havia combinado com Hyuk que iríamos com o meu carro. Meu amigo não queria que o pai enviasse um motorista e muito menos que viesse pessoalmente. Cheguei ao apartamento de Hyuk às 10h30. Fui recebida por Clarisse ou Hyomin. Depois de nos cumprimentarmos e ela me avisar que o meu amigo estava tomando banho, perguntei como eu deveria chamá-la.
— Como você preferir. Estou acostumada a ser chamada pelos dois nomes, mas Hyuk... Ah, você sabe que ele detesta ser chamado pelo nome do pai! — Eu assenti. Sabia muito bem. Desde quando nos conhecemos ele deixou isso bem claro e eu amo o seu nome coreano! — O nome Clarisse vence aqui no Brasil, mas, com o restaurante, acredito que ouvirei o meu nome coreano mais vezes. Decidi chamá-la por Clarisse. Em casa, meus pais sempre a chamaram assim... — Estou muito feliz com o reencontro dos dois. — Afirmou após nos acomodarmos na sala de estar que era bem ampla e confortável. A decoração era toda na cor bege.
— Eu também, Clarisse! Não imagina como fiquei ao revê-lo! Agradeci muito a Deus!
— Imagino, minha querida! — Ela abaixou o tom de voz. — Preciso pedir desculpas... Você e Hyuk ficaram distantes um do outro por muito tempo e foi por minha culpa. Eu estava tão... magoada! Sabia o quanto a sua amizade era importante para o meu filho, mas estava cega. Eu só queria me afastar de tudo e de todos. — Ela acariciou o meu braço. — Anne, sinto muito!
— Não posso culpá-la, a senhora sofreu muito...
— E também fiz o meu filho sofrer. Querida, ao vê-lo feliz agora, tenho certeza de que foi um grande erro afastar dois amigos como vocês, mas, infelizmente, não podemos realizar uma viagem pelo tempo, não é mesmo? Ah, se fosse possível! — Ela fechou os olhos por poucos segundos. — O que importa agora é que estão juntos novamente e agradeço por acompanhá-lo até a casa de Carlos Eduardo. Confesso que, por um tempo, eu desejei mantê-los distantes, mas não seria correto. Apesar de tudo... ele é o pai de Hyuk. Tenho esperança de que os dois se entendam, mas reconheço que não será fácil, principalmente por causa de meu ex-marido. — Escutamos o som de passos.
— Pode contar comigo! Farei tudo o que estiver ao meu alcance para que Hyuk seja feliz. — Eu quase sussurrei. Ela sorriu para mim e olhou para trás. Eu acompanhei o seu olhar e, segundos depois, Hyuk apareceu. Ele vestia uma camiseta azul e calça jeans. As mãos enchiam os bolsos. Sorriu meio tímido. Eu me levantei e me aproximei. Cumprimentei o meu amigo com um beijo na bochecha. — Olá!
— Oi, Anne, eu peço desculpas por fazê-la esperar...
— Ah, pare com isso, eu estava aqui com a sua mãe... — Ele olhou para a mãe e neste momento ela também se levantou.
— Agora que você está aqui, eu já posso sair. Ótimo almoço para vocês! — Ela acariciou o braço de Hyuk e em seguida olhou para mim. — Foi ótimo revê-la, volte sempre que desejar. — Eu agradeci e a mãe de Hyuk saiu da sala de estar.
— Não precisamos ir agora, Anne, ainda são 11h. — Eu assenti e ele fixou os olhos em mim por alguns segundos. Depois olhou em direção ao corredor.
— Hyuk, o que foi? Quer falar algo e está sem jeito?
— É que... eu gostaria de... tocar para você — ele abaixou a cabeça.
— Não precisa ficar com vergonha, você sabe que amo vê-lo tocar... Piano? Você tem um piano aqui?
— Não. O piano ficou na casa... É... Vou buscar o meu violão. — Ele saiu e logo reapareceu com o seu violão. Segundos depois, ouvi um som muito conhecido: Agnus Dei.
— Você aprendeu! — Ele sorriu timidamente. Fechei os meus olhos. Como o meu amigo toca bem! E não é só técnica, é algo divino... Um dom! Hyuk toca com a alma! Só abri os meus olhos quando o lindo som cessou. Bati palmas. As bochechas de Hyuk ficaram vermelhas.
— Você pode... cantar?
— Se você quiser...
— Quero muito! Posso fazer um pedido? Eu gostaria que cantasse aquele que fala sobre um grande amigo. Foi o primeiro que você cantou... — Eu sabia muito bem qual era!
— "Conheci um grande amigo, ele é filho de Deus Pai, o seu nome é Jesus Cristo, nele a gente pode confiar..." — Comecei a cantar. Hyuk me acompanhou com o seu violão.
![](https://img.wattpad.com/cover/141063085-288-k552673.jpg)
VOCÊ ESTÁ LENDO
Anne e Hyuk
SpiritualeHyuk mora em uma mansão. É filho único de uma sul-coreana e um brasileiro. O pai é um empresário muito bem sucedido e implacável. Hyuk tem tudo o que o dinheiro pode comprar, mas não é feliz. É amado por sua mãe, mas não tem o amor de seu pai e n...