Capítulo 25: Tapete vermelho

54 5 6
                                    

Olá! Mais um capítulo publicado e o dedico a Eunice que está curiosa sobre a cena que Anne presenciou no capítulo anterior...




Cheguei à minha casa quando faltavam alguns minutos para as 19h. Não havia ninguém. Ao sair da escola, fui direto para a loja onde aluguei um vestido longo na cor ciano. Ele é lindo! Serei madrinha de casamento. A noiva? Carla, a prima de Gabriel, o meu ex-namorado de séculos atrás. Apesar de não manter nenhum tipo de relacionamento com Gabriel, desde o término, eu e Carla somos amigas. O casamento será domingo às 18 h.

Entrei em meu quarto e pendurei o meu vestido e o smoking de Hyuk. Sim, ele será o meu par! É claro que reclamou um pouco, mas eu fiz biquinho e pedi "por favorzinho", aí não teve jeito, ele aceitou! Meu celular tocou. Recebi uma mensagem de minha mãe. Ela e o meu pai estavam na escola de música. Não passaram nem dez minutos e meu celular tocou novamente. Agora era uma ligação de Hyuk.

— Por que não falei com você? — Comentei sobre o vestido e o smoking. — Peguei um táxi. — Expliquei. Como fui com Hyuk para a escola, fomos com o seu carro. — O quê? Ah, sim, eu... É... Depois eu explicarei o motivo. Beijo! — Ele queria saber por que eu saí sem avisá-lo. Disse que teria emprestado o carro. Eu não quis comentar sobre a cena que presenciei ao entrar no escritório da administração.

Tomei um banho relaxante e deitei-me para descansar um pouco. Escutei duas batidas em minha porta. Era o meu amigo. Olhei para o celular, eram 20h25. É, parece que cochilei. Sentei-me e pedi para ele entrar.

— Oi! Estava dormindo? — Ele sentou-se ao meu lado.

— Dei uma cochilada básica. Faz tempo que você chegou?

— Uns 10 minutos... Noona, por que você não esperou por mim? — Expliquei mais uma vez sobre o vestido. — Mas você podia ter pelo menos me avisado... Se não fosse possível sair com você, teria emprestado o carro...

— Eu sei, mas é que... — Ai, não queria comentar sobre aquela cena, mas... — É... Eu fui até a administração, mas você estava... ocupado. — Ele franziu as sobrancelhas.

— Ocupado? Como assim? O que me impediria de falar com você?

— Ah, Hyuk! Que chato! — Eu saí da cama. Ele continuou sentado.

— O que foi? Você está estranha... — Ele coçou a cabeça. — Ah, não... — Cobriu o rosto com as mãos.

— Fui até lá e você estava com a Nayra... — eu disse sem olhar para ele.

— Anne, eu não... Foi ela que se aproximou e...

— Tudo bem, você não precisa explicar nada.

— Preciso sim! Já imaginou se algum aluno aparecesse? Eu falei para a Nayra...

— Eu ouvi. Peço desculpas, mas ouvi uma parte da conversa... — Ao entrar no escritório, presenciei um beijo entre Nayra e Hyuk. É claro que a minha reação foi sair rapidamente, mas ouvi o meu amigo chamando a atenção dela. Ele disse que ali era um local de trabalho e que ela não deveria agir daquela maneira. Que seria muito constrangedor se um aluno aparecesse ou outro professor.

— Ah, noona, como é complicado! — Ele levantou-se. — Nayra é uma ótima professora, não quero que saia da escola, mas não sei como ficará o clima entre nós. Ela ficou com muita raiva.

— Não se preocupe, é natural que o clima fique estranho no início, mas acredito que logo tudo ficará bem... — Pensei em algo que falei para Nayra. Será que minhas palavras... Ah, não! Eu só disse para ela se declarar... Ah, fala sério... Só estava brincando! O pior é que nem posso comentar com Hyuk. Não posso repetir as palavras de Nayra. Aquela coisa de querer um herdeiro...

— O que foi? Por que está tão pensativa? — Ele me encarava.

— Só estou pensando na situação...

— Ai, que droga! O clima ficará péssimo, eu sei como é isso.

— Por quê? Já aconteceu com você?

— Com um amigo da faculdade. Bom, não é uma comparação fiel, mas... Ele gostava de uma amiga. Estudavam juntos, saíam muito, enfim... Eles estavam sempre juntos, você sabe...

— E...

— Ele se declarou e aí... complicou tudo! Perdeu a amiga.

— Ah, que triste! — Ele meneou a cabeça concordando. — Não teve jeito de a amizade continuar?

— Sem chance. Conclusão? Ele se arrependeu. Não deveria ter se declarado. Ela, simplesmente, não conseguia mais ficar perto dele de uma maneira natural, sabe? Eu presenciei isso. Ela bem que tentou... — Hyuk sentou-se novamente. — Não somos melhores amigos, eu e a Nayra — ele esclareceu —, mas mesmo assim...

— Não esquenta a cabeça. Não antecipe os problemas — sentei-me ao seu lado e acariciei o seu ombro. — Essa ansiedade não o ajudará em nada, pelo contrário...

— Certo, minha psicóloga favorita, que tal sairmos? Uma pizza?

— Que tal pedirmos uma, hein? — Ele concordou e meus pais também acharam que era uma ótima ideia. Enquanto saboreávamos nossa pizza, conversamos sobre a escola, o casamento que iríamos domingo e sobre o meu primo Celso, a sua esposa e a minha "nova prima", a sua enteada Raquel. Celso ficou viúvo e permaneceu sozinho por um tempo. Casou-se há três anos e sua nova esposa tem uma adolescente de 14 anos. Ele não teve filhos. Hyuk o conhece, mas não a sua nova família. Comentamos que eles chegarão amanhã de Americana.

Hyuk foi embora quando faltavam poucos minutos para a meia-noite. Ao levá-lo até o portão, ouvi mais uma vez a sua lamentação sobre o que aconteceu entre ele e a Nayra.

— Hyuk, só me responda a uma pergunta simples... Você gosta da Nayra?

— Gosto como amiga, não sinto nada... é... especial... — respondeu meio sem jeito e eu aproveitei para brincar com ele.

— Ah, então você não sente nada especial por mim, né? — Eu amo provocá-lo. Mesmo depois de todos esses anos, Hyuk ainda mantém o seu jeito meio tímido que me encanta. Ele olhou para mim meneando a cabeça e tentando consertar o que falou.

— Não, noona, você sabe que é muito especial para a minha vida. Eu só... é... eu... só...

— Estou esperando por sua explicação — eu cruzei os braços e o encarei.

— Eu só estava falando sobre a Nayra. Eu não... quero é... eu não sinto... é...

— Tudo bem, só estou brincando — baguncei os seus cabelos.

— Você ama me provocar, né? — Ajeitou os cabelos.

— Eu? — Nós dois rimos. — Agora é hora de você ir embora, está tarde! Ah... O seu smoking! Vou pegá-lo, mas é melhor não esperar aqui. Venha comigo — puxei-o pelo braço. Ele me esperou na sala enquanto fui ao meu quarto. — Queria esquecê-lo para fugir de nosso compromisso, é? — Provoquei-o novamente assim que entreguei o smoking.

— Não, mas até parece que adiantaria alguma coisa! Você não vai me dispensar, não é?

— Não mesmo! Você acha que perderei a oportunidade de me exibir? — Pisquei para ele. — As mulheres ficarão com muita inveja quando eu pisar naquele tapete vermelho de braço dado com um brasileiro coreano muito gato! — Ele corou. É sério! — Ah, não precisa ficar com vergonha! — Acariciei o seu rosto.

— E se não tiver tapete vermelho? — Ele brincou só para desviar a minha atenção de seu rosto corado, eu sei!

— O tapete vermelho tem o seu charme e posso até dizer que é um item importante, mas não essencial como o meu amigo de olhos lindos! Nem precisa ter tapete, mas o meu amigo brasileiro coreano não pode faltar, de jeito nenhum!— afirmei com o semblante sério, em seguida sorri e beijei a sua bochecha. Ele meneou a cabeça e o levei até o portão.

Anne e HyukOnde histórias criam vida. Descubra agora