Capítulo 36: O que foi aquilo?

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Pense em duas pessoas totalmente sem jeito e multiplique por dois! Foi assim que eu e Hyuk ficamos quando o elevador parou no térreo. Ainda estávamos é... como eu poderia explicar? Bem próximos, é isso, bem próximos. Saímos do elevador e do hotel o mais rápido possível. Até parece que estávamos fugindo de alguém. Ah, e nem parecia que nos conhecíamos. Andamos afastados um do outro. Nunca alguém diria que era o mesmo casal que há pouco estava dentro daquele elevador em uma cena íntima. O meu rosto corou ao pensar isso. O que foi aquilo? E agora? Não tinha a mínima ideia aonde iríamos e acho que nem Hyuk. Resolvi parar. Ele me imitou. Eu tinha que me aproximar dele. Tenho que confessar que foi muito difícil percorrer a pequena distância que nos separava.

— E então? Vamos para onde? — Ele olhou para os lados, depois para mim e timidamente abaixou a cabeça. Ai, ai, ai, que situação. — O que acha de irmos até uma padaria para tomarmos um café? — Ele assentiu e começou a andar. Eu o segui. Hyuk parou na primeira padaria que encontrou e entrou. Eu o imitei, mas na verdade queria sair dali. O que foi aquilo? Eu e Hyuk somos amigos... Por que aconteceu aquele... beijo?

Pedimos cappuccino e pão de queijo. Pensei que ficaríamos ali no balcão mesmo, mas Hyuk procurou uma mesa e nos acomodamos. Ele perguntou se eu queria mais alguma coisa. Respondi com um não e ficamos em silêncio novamente. Que situação! Estávamos visivelmente envergonhados. O nosso cappuccino e pão de queijo foram servidos. Bom, pelo menos agora tínhamos alguma coisa para fazer. Era uma situação quase cômica. Eu não olhava para ele e nem ele para mim, mas olhávamos para todos os lados. Tudo parecia muito interessante. E a xícara de cappuccino então? Era a coisa mais maravilhosa do mundo! Bom, provavelmente não escolhi o melhor e mais apropriado assunto para o momento, mas eu não aguentava mais aquele silêncio constrangedor.

— Você ainda não me falou nada sobre... a garota coreana. — Senti vontade de me esconder debaixo da mesa. — Qual o nome dela? Como foi o jantar? — Ah, tenho que acrescentar que não olhei para ele. Sabe a xícara? Então... ela era muito interessante!

— É... O nome dela? Sandara e o jantar... Foi bom. — Foi só isso. Ele ficou em silêncio novamente. Eu até aguardei alguns segundos, mas foi só isso mesmo.

— E... os seus avós... é... eles gostam muito dela? — Ai, por que não fico calada?

— Hã? Se gostam dela? Sim. Muito. Muito mesmo! As famílias se conhecem há muitos anos... — Olhei para Hyuk. Ele deslizava o dedo sobre a borda da xícara. — Na verdade, Anne, aquele jantar foi um... encontro. — Revelou de repente. Senti algo estranho em meu peito. — Meus avós foram bem... sinceros quanto suas intenções. Eles não me apresentaram Sandara por acaso. — Agora ele resolveu falar para valer mesmo e eu queria que ele parasse. — Eles desejam a união de nossas famílias. É o maior desejo deles e eu... Pretendo agradá-los de toda forma que puder. Não quero que saiam de minha vida, por isso farei tudo o que for possível. Tudo! — Fez questão de destacar. Eu não consegui falar. Mordi um pão de queijo para ter um pequeno motivo para não abrir a minha boca. Dez minutos depois saímos da padaria. Andamos até o hotel em silêncio. Foi constrangedor entrar no elevador e ali permanecer até chegarmos ao 8° andar. Ainda bem que não estávamos sozinhos. Um casal entrou conosco. Acho que os dois pombinhos eram recém-casados. Estavam bem... empolgados. Felizmente entraram mais duas pessoas e o casal resolveu se comportar.

Encontramos Clarisse ao telefone. Ela mantinha uma conversa com a sócia do restaurante. Fez sinal para esperarmos. Segundos depois ela desligou.

— E então? A caminhada foi boa? — Olhei para Hyuk e ele olhou para mim. Em nossa comunicação muda um pedia para o outro falar.

— Sim. Tomamos um delicioso cappuccino... — ele começou.

— E pão de queijo — acrescentei. Ah, e antes de tudo... Beijamos-nos dentro do elevador. Pensei. Senti o meu rosto queimar.

— Ih, será que vão conseguir almoçar? Eu estou faminta! — Ela disse sem notar a nossa estranheza. Ri discretamente ao pensar nisso. Minutos depois saímos para o almoço. Permanecemos no hotel mesmo. Havia um ótimo restaurante. Eu e Hyuk optamos por algo leve. Salada e peixe grelhado. Clarisse, que estava faminta, escolheu uma massa e carne vermelha, além de uma salada bem colorida. Durante o almoço, eu e Hyuk só não ficamos calados porque seria muito estranho e teríamos que dar explicações e isso era a última coisa que queríamos. Participamos ativamente da conversa. Clarisse falou muito sobre os pais e a alegria de fazer parte da vida deles novamente. Realmente estavam vivendo um momento especial. Um comentário que a mãe de Hyuk fez, enquanto saboreávamos nossa sobremesa, quase me fez engasgar.

— Anne, pode se preparar para ser uma das madrinhas! Acho que nosso menino logo será um homem casado! — Bom, eu disse que quase engasguei, mas meu amigo não ficou somente no quase. — Ei, filho, acalme-se, eu só estava brincando... Ou não! — Ela sorriu.



Anne e HyukOnde histórias criam vida. Descubra agora