Eu e a minha boca grande que eu não sabia segurar. Era incrível como Pedro estava perto a todo instante, vigiando as minhas conversas.
- Não te interessa Pedro! E outra quer me matar do coração? - Falei colocando a mão sobre o peito.
- Quem tá te ameaçando porra? - rangeu sobre os dentes. - Se não falar, vai ser pior!
- Ninguém Pedro! Ninguém tá me ameaçando! Você pega o bonde e vem querer se escorar na janela já? - tentei disfarçar, e me levantei sendo encostada por ele sobre a parede.
- Olha! Estou tentando fazer o melhor pra proteger você e a essa criança! - falou calmo, bem perto de mim, encostando sua barriga na minha. - Então me diz, quem esta ameaçando vocês?
- Eu... e... eu não sei! - Falei baixo. - Foi um número desconhecido, não sei quem pode ter sido! - terminei o empurrando.
- Não vou deixar que nada aconteça com vocês... - colocou a mão sobre minha barriga e acariciou sorrindo sem mostrar os dentes. - Eu prometo!
Depois daquele climão com PM, fui para a mesa almoçar, já ele demorou um pouco, mas logo se juntou a nos.
- E você Maria, tem família? - Tia de Pedro me perguntou.
- Mas é claro! - respondi seca. - Mas eles não aceitaram bem a ideia de eu aparecer grávida tão nova em casa, principalmente de alguém que eu nem conhecia.
- Me surpreende muito ele ter assumido! Eles moleques não valem nada! Mas não digo só pelo meu sobrinho não, meus filhos são da mesma laia! - falou dando mais uma garfada em sua comida.
- Sua comida é maravilhosa Marcia, obrigada por me convidar! - Falei tentando mudar o assunto.
- Magina minha querida.. - me respondeu sorrindo. - Estou muito feliz que tenha aceitado e ficado conosco! E não ligue pra inconveniência da minha irmã! - falou mais alto, fazendo todos rirem.
- Eu só gostaria de conhecê-la melhor! Mas me diz, essa era a única opção de lugar pra você vir? Aqui é tão..
- Fala mal da minha favela que eu te tiro na bala! - Pedro a repreendeu fazendo seus primos gargalharem. - Essa porra sai lá do quinto dos infernos pra vir falar mal aqui!
- Olha o respeito Pedro Miguel! Não temos uma refeição em paz nessa casa gente! - Marcia falou chateada.
- Oh meu querido sobrinho! Jamais que eu falaria mal daqui! Gosto daqui, estou ate pensando em me mudar pra cá! O clima naquela favela está um caos! Ficou sabendo dos novos chefes? Estão renovando a favela mãe em! - ela falou fazendo Pedro franzir a sobrancelha.
- Favela mãe? - pensei alto e curiosa.
- É tipo o julgamento final tá ligada? Por exemplo, meu primão aqui, não se dá bem com o Luan, que é o rei da favela do Alemão, se eles tratarem pra valer, vão pra lá decidir quem perde o pescoço! - Seu primo, Diego, me explicou.
- O maior medo de todos os traficantes, bandidos e entre outros! Lá o bagulho é treze patricinha! - Juan, seu outro primo finalizou, eu apenas balancei a cabeça e voltei a comer, que por sinal estava uma delícia.- você por acaso tem irmãos? - sua tia perguntou me fazendo engolir seco, me fazendo lembrar de meu irmão.
- Tinha! - me arrumei na cadeira e respirei fundo, enquanto todos pararam pra me olhar, inclusive Pedro. - Ele foi morto por traficantes!
- Aonde isso? - Pedro perguntou, parece que ficou interessado.
- Não sei, tem uns dois anos isso! Não fiquei sabendo aonde, mas é um assunto muito delicado que eu não gosto de falar! - sorri educada olhando pra todos. - É.. se me dão licença, preciso ir no banheiro! - precisava fugir dali, não aguentava mais aquelas perguntar.
Pedro Miguel Narrando
Depois que Maria Luiza falou que estava sendo ameaçada, fiquei louco de ódio e passei o corre pros caras lá na quebrada descobrirem quem era.
Na hora do almoço, minha tia com a língua maior que a boca dela, ficou fazendo aquele monte de perguntas desnecessárias, deixando a Malu um pouco desconfortável.
- Julieta, incrível como você não cala a sua boca! - minha mãe a repreendeu. - Mas que coisa! Ainda faz a menina falar do irmão morto em uma favela meu Deus!
- Aí gente! Vão ficar me julgando? Eu só queria conhecer a nova integrante da família! A menina vem, engravida do meu sobrinho, e eu não posso saber quem é? - ela perguntou e todos ficarem quietado, depois de alguns minutos sentimos falta de Maria.
- Vá atrás dela por favor filho.. - minha mãe pediu receosa, assenti e fui ver aonde ela havia se enfiado e a encontrei na varanda da sala. - Se escondendo ou admirando?
- Na verdade estou fugindo. Sua tia é meio inconveniente. - disse sorrindo e fazendo carinho na barriga. - Já está começando a pesar.. - falou baixinho.
- Já sabe o que é? - perguntei curioso.
- Ainda não, completei cinco meses.. em breve saberemos o que é! - respondeu meio grossa. Garotinha difícil de conversar.
- Olha Maria, me desculpa porra! - Falei a fazendo olhar confusa. - Por ter falado com você daquela maneira, fiquei nervoso, minha mãe no meu ouvido, você sumiu do nada! Agora estão ameaçando você! É muita coisa pra mim! E por enquanto eu só quero controlar minha boca em paz!
- E eu ter meu bebe em paz, arrumar um emprego e dar uma vida boa pra essa criança! - ela respondeu.
- Ele vai ter uma vida boa! Não vou deixar faltar nada a ele! Mas velho, vamos ficar de boa agora, chega de picuinha! Preciso que confie em mim, que me fale tudo que acontecer pode ser? - ela concordou sorrindo.
- Não gosto que me tratem mal na frente dos outros! Então por favor, me respeite! - falou firme me fazendo gargalhar. - Bote seu numero aqui, qualquer coisa eu vou te ligar então.
- Ok patricinha, você quem manda agora! - pisquei fazendo ela revirar os olhos. - Vem, vou te tirar daqui.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Grávida do dono do Morro
Roman d'amourMaria Luiza sempre foi o típico de menina meiga e sempre muito educada, mas como toda menina, tinha suas amigas, Laura e Beatriz, que moravam na favela da rocinha, e que sempre que podiam, levava a amiga que morava no bairro nobre de Copacabana pro...