O frio da manhã fez com que meus passos fossem mais devagar. Aquela brisa leve, deixou o meu rosto levemente avermelhado. As minhas mãos estavam quentes dentro do bolso do casaco. As ruas são tranquilas, com pouco movimento. Não havia um destino. Era uma fuga da realidade. Parei em um estabelecimento, comprei um maço de cigarro e um isqueiro. Não, eu não costumo fumar. Na verdade, nunca o fiz, mas senti vontade. Não sei ao certo por quanto tempo andei, mas parei ao ver um banquinho, com a vista para um lindo lago. Me acomodei por ali. Fechei os meus olhos e respirei fundo. Os abri, apenas para pegar um cigarro e o acender. Dei um trago. Inalei a fumaça e senti o seu gosto arder por minha garganta. A soltei, vendo a sua poesia se desfazer pelo ar.
- Qual o gosto do que mata?
Eu jamais me esqueceria daquela voz. Infelizmente. É, caro leitor, tem pessoas que não fazem falta em nossas vidas. Não, por favor, não leve a sério aquele ditado em que afirmam que há males que vêm para o bem. Ninguém deveria ter a infelicidade de conhecê-los.
- Que infelicidade em revê-lo, Robin!
Robin de lockser, um rapaz encantador, de família influente, bonito, gentil e educado. Porém, idiota!
Talvez, você, caro leitor, não compreenda isto que vou lhe dizer, mas muitos irão se identificar. Você já parou para pensar porque que héteros sexuais não precisam se assumir? Estranho, não? Não, não é. E penso que ninguém precise dizer que ama um outro alguém, como se precisasse de uma aprovação, mas infelizmente, somos educados para achar que isso seja normal. Ninguém da minha família era homossexual e eu não sabia como dizer que eu seria a primeira. Eu não queria dizer. Aos meus quinze anos, decidi que me apaixonaria por um garoto, a qualquer custo. Não era legal olhar para uma garota e sentir atração. Eu me sentia como se fosse uma aberração. Neguei a minha primeira paixão. Me neguei, até onde consegui. Foi exatamente no meu momento mais confuso, que o conheci. Um garoto estranho, como eu. Sua pele é branca, olhos castanhos claros, minha altura, cabelo grande e preto. Estava sempre usando uma calça jeans preta, uma blusa de frio da mesma cor, com um capuz e um coturno. O seu papo era legal. Gostava de rock e isso somava um ponto. Acreditava em um deus diferente do que a religião nos faz engolir, assim como eu. Aparentemente perfeito. Eu gostava da sua companhia. Saiamos para fotografar e conversar. Até que ele se apaixonou por minha amiga e tentou nos fazer brigar. Falhou. Mas ela quis se afastar e o afastou de mim. Eu não me importei. tentei ser hetero com um menino incrível. Falhei. Mas o que me deixou com ódio desse imbecil, foi o fato dele me tratar como um objeto. Você já ouviu a música: “Na sua estante”, da Pitty? Pois bem, eu era um objeto esquecido na estante daquele idiota. Sempre que eles terminavam ele voltava a procurar-me. Quando me assumi, o vi correndo atrás de mim. Chegou a dizer que acreditava no nosso destino. Babaca! Ele foi o primeiro que provou-me que o amor não é para mim. A segunda foi a minha primeira namorada, mas isto é irrelevante, no momento.
- Qual o gosto? - insistiu.
Silêncio.
- Adoro esse seu jeito! - continuou. - Como anda a vida?
Traguei o cigarro e soltei a fumaça em seu rosto.
- Sinta o gosto! E minha vida vai bem, obrigada!
Ele inalou a fumaça e sorriu.
- Senti saudades!
- Legal!
Apaguei o cigarro e o guardei no maço.
- Você não vai embora só porque eu cheguei, vai?
Não consegui controlar e acabei gargalhando. Por que os babacas acham que o mundo gira em torno de seu umbigo? Eu não conseguia parar de rir. Senti o seu olhar confuso sobre mim.
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Intensamente Vadia
FanfictionEmma Swan é uma jovem depressiva e com traços de bipolaridade, que depois que vivenciou uma tragédia, fechou-se para o amor. Por mais que cuide e demonstre carinho com seu irmão Daniel, nunca retribui a tão famosa frase: "eu te amo". Mal sabe ela qu...