Era algo seu que ficou em mim

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Pov - Regina

Nada. Se me pedissem para dizer uma única palavra, a escolhida seria esta. Nada estava no seu devido lugar. Nada fazia sentido. Não existia mais nada a minha volta, mesmo que seja o oposto deste argumento. As coisas fugiram do meu controle. As coisas que nunca estiveram sobre o meu poder. Vozes e mais vozes gritando, chorando, perdendo-se em um desespero total. Desespero o qual eles não tinham o direito de sentir.

O seu sangue manchando a minha roupa, a sua cabeça tombada em meu colo enquanto as minhas mãos lhe fazia uma caricia involuntária. As lágrimas banhando o meu rosto, provando-me que elas literalmente pesam uma tonelada. Tudo girando. A cena sendo revivida pela minha mente. Um grito preso em minha garganta. Um grito árduo. Sufocante. Ela não pode fazer isso comigo. Não é justo.

- Aaaaaah! - solto um pouco da minha angustia em um grito abafado. - Emma, Emma por favor, fica comigo! - o choro, o desespero, o medo, a raiva por ela estar prestes a me deixar, tudo presente em minha voz, nas minhas mãos trêmulas, na minha visão embaçada.

Eu deveria pedir ajuda, mas apenas espero que estas pessoas estejam fazendo. Quero segurá-la em meus braços até onde me permitirem. Não quero deixá-la só por nem um segundo se quer. Não sei em qual momento mas o meu choro começou a aumentar gradativamente me despertando o desejo de gritar, gritar e gritar.

- Não faz isso comigo, sua idiota! - Não finjo mais ser forte e inatingível. Fiz isso por muito tempo. Fiz isso quando não deveria e essa atitude está me custando muito caro. Poderia ter sido diferente. Sim, poderia. Mas que culpa nós temos se o amor é assustador? - Você não pode me deixar. Não agora, minha idiota! - Minha. Emma Swan foi tão minha, quanto eu fui dela naquela noite. Fomos como almas gêmeas. Logo nós que odiávamos este clichê, mesmo que nunca havíamos falado sobre, era nítido. Vadias não tem um amor eterno para toda a vida. Vadias não tem amor. E então? As regras nunca foram o nosso forte e eu fui uma completa imbecil por seguí-las. - Você não vai morrer, sabe por que? Por que eu não quero que seja assim. Você não vai morrer. Lembra? Eu sempre estou certa. Eu só espero estar certa desta vezes. - As últimas palavras eram apenas um desejo intenso de que os anjos digam amém.

Logo os enfermeiros estavam colocando-a em uma maca, prestando os primeiros socorros. Levaram-na para dentro do automóvel. Não esperei uma permissão, entrei na ambulância, sentei-me por ali, segurei em sua destra depositando um casto beijo no dorso, e rezei. Fé. Era tudo o que eu tinha. Era só o que eu tinha. Não. Não era tudo. Amor? Sim, amor. Este era o complemento essencial que permitia-me seguir segurando em suas mãos, degustando o gosto da culpa escorrendo pelos meus olhos. Poderia ter sido diferente.

Ás vezes pergunto-me do porque tantas certezas. Depois, descubro ser meras ilusões. É para tentar ter o mundo em minhas mãos, sabendo ser irrelevante. A dor deveria ser irrelevante. As certezas me fizeram esquecer que o amor é incerto, que a vida é imprevisivel e que no final, as suas dúvidas eram as mais corretas. Entre o "sem mais e o talvez", acredite no fato mais infundado de fundamentos.

A sirene soava alto. O trânsito caótico, os carros nos dando a preferência, os minutos parecendo perdurarem por uma eternidade. Emma cada vez mais pálida, fria. O meu coração cada vez mais acelerado.

A porta sendo aberta. Ela sendo retirada e levada as pressas para dentro. Depois de vários corredores, impediram-me de prosseguir.

- Fica comigo, Emma. Por favor! - eu gritei por uma última vez, suplicando-a, rezando para que a minha voz fosse o suficiente para ela sair de lá com vida. - Por favor, não me deixe. Eu te amo tanto! - sussurrei, como se estivesse fazendo uma confissão.

Intensamente VadiaOnde histórias criam vida. Descubra agora