Nós queremos isso

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POV. Regina

(Ao me deitar, o céu me ouve agora)

Fazem apenas algumas horas em que acordei. Depois de muita insistência me deixaram ficar ao seu lado. Mary ainda não se sentia bem para vê-la. Daniel continuava indecifrável, apenas mamãe conseguia manter um diálogo com o jovem. Estávamos todos destruídos. Arrasados. Feridos. Abalados. Descrente do que acontecera. 

Descrente. É tudo o que não posso me tornar agora. A esperança de ver as suas iris verdes se perdendo novamente nas minhas castanhas é o combustível que alimentará a minha alma nos próximos dias... Serão tempo dificieis, eu sei, mas este será o meu sacrifício em nome do amor. Amor o qual me fizeram duvidar. Amor o qual está me permitindo perder a única pessoa que fora capaz de me fazer senti-lo novamente. 

Ah Emma Swan, quem diria que logo você seria a razão do meu coração disparado, das minhas mãos trêmulas, do brilho intenso em meu olhar e de um ciúmes até então desconhecido por mim. Logo você. Eu sei que soa irônica falar-te desta forma, mas ainda é inacreditável todo este sentimento aflorado em meu ser. 

(Estou perdido sem uma causa)

Assim que a enfermeira abriu a porta, um aperto dominou o meu coração. Os fios conectados em seu corpo. A sua respiração sendo controlada por uma máquina. A sua pele antes alva agora totalmente pálida, os seus lábios antes rosados agora sem cor, os seus olhos fechados, a sua face sem demonstrar emoção... sem aparentar estar com medo ou qualquer coisa do tipo.

Medo. É isso o que sinto. Medo de  lhe perder para sempre. Diferente de ti, é nítido as minhas confusões. Eu não sei o que se passa aí dentro de sua cabeça... Eu nem sei se passa algo, mas eu sei que o meu coração bate acelerado, desesperado por ti. 

Hoje percebo e sinto a angústia de não saber sobre o outro. Perdão por ter feito você não saber sobre mim. Seria hipocrisia dizer "se eu pudesse, faria diferente", pois não é verdade, os tempos ainda seriam os mesmos e as minhas atitudes desconexas. Eu ainda sim tentaria esconder os sorrisos bobos e a vontade imensa de tomar-lhe os lábios. Sabe, foi estranho a primeira vez que tal vontade me dominou por completo. Foi estranho provoca-la propositalmente. Me aproximar só para sentir de perto a sua respiração alterada, o seu hálito quente, o seu cheiro de canela invadir-me, com a desculpa de explicar sobre o amanhecer (o quadro).

(Depois de me dar por inteiro)
 

Seria muito "coisa de filme" se eu começar a conversar com ela? - as lágrimas queriam cair, mas eu  não choraria na frente da mulher de meia idade. - Quero dizer, eu não sei se ela poderá me ouvir. - tentei segurar o máximo a emoção presente em minha voz.

- Minha filha, faça o que o seu coração mandar. Vou deixá-las a sós. - ela disse calmamente, sabendo qual seria a ordem vinda do meu coração.

Ainda sem muita reação, me aproximei, sentando-se na cadeira ao lado de sua cama. Não pude mais segurar. Às lágrimas  quentes banharam o meu rosto dando início a um choro silêncioso. Eu tentei não chorar novamente. Lembrei-me de quando perdi o meu peixinho bagunça. Pode parecer engraçado o motivo, mas eu levei a sério a promessa de tentar ser sempre forte, independentemente da situação. Mas é inevitável ao vê-la indefesa e não poder fazer nada. 

(As tempestades de inverno vieram e escureceram o meu sol)

Inútil. É assim que pareço ser. Uma inútil, idiota e babaca. Estava prestes a deixá-la partir, sem demonstrar o quanto tal ato me mataria por dentro, sem me importar em morrer diariamente, sem fazê-lo de verdade. Por que agora me importo? Talvez porque talvez eu fosse até ao aeroporto impedindo a sua partida, mas, agora, eu não posso ir até o céu implorar para Deus não lhe tirar de mim. Eu sei que posso pedir em minhas preces, mas temo não ser o suficiente. Não foi o suficiente para o meu peixinho. 

Intensamente VadiaOnde histórias criam vida. Descubra agora