Apenas confusa.

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Pov. Emma Swan.

Era como se o meu ser estivesse flutuando, perdido em outra dimensão, leve, em paz. Enfim, eu creia ter encontrado a calmaria pós tempestade. Degustei o amargo sabor da morte, do meu fim. Saboreei o doce sabor da felicidade. 

Às nuvens tinham formato de rosas. O belo arco-íris colorindo o imenso jardim. Os pássaros brincando livremente pelo ar. À água cristalina caindo sobre as rochas da mais linda cachoeira. Às árvores em cores vivas. A minh'alma perdida em meio a tanta poesia.

Quanto mais eu caminhava, mais eu me sentia bem. O perfume da natureza sem impurezas, as lindas borboletas posando sobre mim sem receios, as gramas verdes, e a plenitude em que o céu se encontrava.

Completamente só. Não havia outras pessoas ao meu redor, apenas as pétalas brancas espalhadas por todo o local. Estranhamente perfeito. Não me pergunte se era para ser assim. Aqui seria o meu lar? Creio ser um desejo íntimo de minha alma – a paz sendo-me entregue através dos simples detalhes. 

Sempre egoísta. Falta algo. Mas eu prefiro ignorar tal fato e me prender nas galáxias deveras encantadoras, no universo tão vasto e bonito, no pó da chuva das estrelas. 

O canto dos pássaros perdem vez para uma linda voz. Sinto-me hipnotizada por este timbre rouco. Dentre tantos outros momentos que a escutei, este parece conter algo mais forte. Algo me lança para longe dali. A voz quedara-se cada vez mais próxima. Não consigo tapar os meus ouvidos como venho fazendo desde que cheguei aqui. 

Sinto a sua dor, o seu medo, a sua angustia. Sinto-me culpada. Eu já senti isso antes, quando escutei um timbre mais forte, mas ainda sim, consegui evita-lo. Não por completo, apenas o suficiente. 

Dois caminhos. Duas luzes. Uma escolha. 

Partilho da sua dor. A culpa não me pertence por inteira. Será isso que me faz querer ceder? Eu não sei. Eu realmente não sei. Entre ser ou não ser, me joguei na dúvida.

A minha cabeça dói. Os meus olhos ardem. O meu corpo formiga. Os meus lábios estão secos. Sinto-me fraca. 

- E-eu g-osto da sua v-voz, m-moça. - digo, assim que abro os olhos. Acabo sorrindo ao vê-la. Tão linda. Os seus olhos castanhos lacrimejando, soa-me poético. 

Espero uma resposta, ansiando para ouvi-la continuar a cantar, mas nada ocorre. Estreito o olhar, tentando compreender o transe em que a linda mulher se encontrava – porém, nada faz sentido. 

(Confesso, acordei achando tudo indiferente)


Com dificuldade, desvio os nossos olhares, buscando reconhecer o local onde eu me encontrava. Às paredes claras não eram belas como a cor do arco-íris. O barulho irritante de uma máquina, não me agrada como o som dos pássaros. Os fios conectados em minha pele pálida, tira-me a liberdade de flutuar por entre os mundos. Mas ela parece ser o sinônimo de calmaria – e então, passo a crer ter escolhido o certo.

Você voltou para mim... Para nós. - disse ela, com a voz embargada em emoções. Não consigo me situar nas razões, no momento, no que estava acontecendo. 

Assustei-me ao senti-la acariciando o meu rosto. Desvio-me, mas me arrependo  por conta da dor.  Uma sensação esquisita se apossa do meu coração quando as suas lágrimas respingam sobre mim, dando início a um choro incontrolável.

Tento formular alguma coisa, mas não consigo reagir. Muitas coisas se passam aqui dentro. Os pensamentos parecem fios soltos precisando se conectarem. Fecho as minhas pálpebras, forçando-me a lembrar. Tento, mas é inútil. A minha pulsação se acelera em demasia. Vejo a morena se desesperar.

Intensamente VadiaOnde histórias criam vida. Descubra agora