— Nota? — não consigo nem colocar o pé dentro de casa que Jack já me ataca.
— Vai te foder! — merda. — Olha o cagaço que tu me deu. — ele começa a rir sentado na mesa que fica na diagonal da porta.
Nós dois moramos no terraço de um prédio não tão chique, mas com muita personalidade. Ele é amplo, com conceito aberto e vidraças antigas do chão até o teto cobrindo a parede que junta todos os ambientes.
Cozinha à esquerda, junto à sala de janta. Bar e sinuca à frente. Sala de televisão à direita e ao lado, o banheiro.
Temos dois quartos — em lados opostos, graças a Deus —, um à direita perto do banheiro, com vista para o bosque e o lago e o outro tem vista para a cidade.
Jack fica com a cidade pra impressionar as garotas e eu fico com a paisagem pra relaxar e, além disso, fica mais perto do banheiro, então eu saio ganhando.
— E então, qual a nota?
— Os caras não tão aqui, a gente não precisa brincar disso. — fecho a porta, empurrando-a com o pé.
— Fala sério. Tu só diz isso por que não foi tão bom.
— Ela teria potencial pra um nove, mas... — vou até a cozinha, atrás dele.
— Mas o que? Duvido que tenha mas, tu chegou só agora. — pego um suco na geladeira, um copo no armário e o encho. Já passa das nove da manhã.
— Ela era bem boa, mas não do tipo de ligar no dia seguinte, até por que eu acho que não tava brincando ontem quando disse que uma garota me afetou.
— O que? — ele se vira, apoiando o braço no encosto da cadeira e puxando o cabelo pra trás da orelha. — Sério?
— Ah, sei lá. Eu só... não parei de comparar a... Cassey com a garota de sexta, durante toda a noite.
— Ahá! Tu tá fodido. — ele ri de mim.
— Eu sei. — me sento na mesa.
— Mas diz aí, o que essa garota de sexta a noite tinha de tão especial?
— Ela definitivamente foi um dez. — ele arregala os olhos. — Tipo, eu não me lembro exatamente de tudo e não era só pelo corpo perfeito, ela era toda misteriosa e... — paro de falar ao perceber que eu estou sendo um completo idiota. Quando é que eu fico babando por uma garota aleatória? — Que merda! — esfrego as mãos na testa.
— Espera um pouco! — ele diz apontando o garfo sujo de omelete pra mim. — Essa garota é aquela caloura que tu jogou na piscina?
— É... — faço uma pausa. Eu tenho que ser inteligente aqui. — Não, não era aquela. Foi uma outra. Aquela ali era bem sem graça, na verdade.
— Tem certeza? Ela parecia ser bem gostosa.
— Nah. — finjo desprezo.
— Tá, então me conta quem é.
— Nem eu sei direito quem ela é. Ela só me deu o nome. Grace.
— Como ela é?
— Morena, olhos azuis...
— Parece a garota da piscina.
— Não é a garota da piscina. — bato a mão na mesa e me levanto. — Eu vou pro banho.
— Diferente da tua, a minha noite foi ótima. — ele diz alto enquanto me afasto e eu apenas levanto o dedo do meio, sem me virar.
Uma informação sobre aquele cara: ele tem uma capacidade incompreensível de não se abalar quando eu sou extremamente rude. E isso só me irrita mais ainda.
Talvez seja isso que tenha feito com que nós tenhamos conseguido conviver a uns... bom, desde sempre.
Eu sou canadense e ele britânico, mas para simplificar bastante, o trabalho dos nossos pais acabaram fazendo com que nós nos encontrássemos e reencontrássemos ao longo dos anos. Eu morei na Europa, ele na América... voltei pra lá, ele também, voltei pra cá e... acho que tu já entendeu.
Até que então, finalmente, chegou nossa fase adulta — ou quase isso. — e nossos pais deixaram que nós escolhêssemos uma faculdade pra cursar até termos que voltar a nossas respectivas obrigações diplomáticas, já estabelecidas antes mesmo de nascermos.
Eu sei que isso é chato, mas só pra ti tentar entender um pouquinho melhor. Meu pai se chama Richard Paul Mendes e lidera a RPM, que é uma consultora financeira associada — para não dizer líder. — da OMBE, a Organização Mundial de Blocos Econômicos.
É... o negócio é grande e meu pai tem mérito por tudo isso. Ele basicamente fornece conselhos e direcionamento econômico à todos os países que possuírem qualquer associação a um dos blocos mundiais.
É pelo incentivo dos países fazerem parte de algum acordo intergovernamental que prospere pelo maior fluxo de dinheiro, mercadoria e pessoas. Resultando na coisa que meu pai mais ama: globalização e o poder que ele recebe junto à ela.
Jack tem mais sorte do que eu, já que ele não precisa necessariamente seguir a carreira de seu pai — que é o representante do Reino Unido. —, mesmo que queira. E sua irmã mais velha já tá praticamente com um pé dentro da empresa.
Quanto a mim, a história é outra. Meu pai espera que eu siga seus passos com precisão, então eu não tenho muita escolha.
Por isso, esses quatro anos em Harvard são as nossas férias. Aqui nós podemos fazer o que queremos, desde que a mídia não saiba. Denegrir a imagem de meu pai seria o maior insulto à ele. Ou seja, toda liberdade tem limites.
Faz uma semana que iniciou-se o penúltimo ano. Então, metade já foi e o que resta será aproveitado ao máximo.
Mas eu sei que toda essa minha historinha de vida não é o que te interessa, então deixa eu te contar o que tu realmente quer saber.
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Where Were You In The Morning ❀ Shawn Mendes ❀
FanfictionShawn Mendes tem a chance de manter sua rotina totalmente diferente durante seus quatro anos de faculdade. Seu pai lhe deu essa oportunidade e ele pretende aproveitar ao máximo tranquilamente. O único problema é conseguir enfrentar da mesma forma ap...