3 ❀ the target ❀ shawn

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Tudo aconteceu em apenas uma noite.

— Primeira festa do semestre, meu. Tu já tá pronto? — Jack diz, sempre nervoso com o horário de chegar nos lugares.

— Relaxa, cara. Não vai ter chegado ninguém.

— A gente já tá atrasado e não é tu que vai ter que achar um estacionamento naquela merda de rua da fraternidade.

— Hoje é o teu dia de não beber. Não reclama. — saio do quarto fechando a camisa preta.

— A gente podia ser normal e pegar um táxi, ou sei lá... quem sabe ir a pé? Eu to sentindo que não vai ser uma noite só dos caras. — e não foi.

Era esse o planejado. Não que eu ou a maioria deles concordassem com isso, mas é um lance que acontece todos os anos.

Tyler Wiles e Milo Reynolds são nossos amigos e moram na Kappa Tau Gamma. Desde sempre há essa competição interna entre as fraternidades e a que der a melhor festa entre seus membros — no caso, eu e Jack não somos, mas ninguém percebe. —, para a apresentação do lugar aos calouros, ganha poder, moral e honra sobre as outras. E isso é bem importante para ganhar votos na decisão do corpo estudantil daqui uns meses.

— Ah, foda-se. Vamos a pé. — pego a chave da porta, minha carteira, celular e saímos.

***

Tava tudo tranquilo. Todos bêbados, sinuca, bear pong, cento e oitenta litros de chopp e uma sala com um telão representando o quão perturbados são esses caras.

Eles instalaram uma câmera escondida na área da piscina da Kappa Zetta Tau, que basicamente tem garotas selecionadas por serem mais bonitas e gostosas. Por isso, elas sempre fazem uma festa que obrigam as convidadas a usarem o mínimo de roupa possível, e decidirem quem será membro ou não.

É sujo, são todos sujos. E isso não é uma exclusividade masculina, mas eu também não to ligando muito.

— O que vocês acham de invadir essa festa? — Tyler propõe, assim que entro na sala, virando sua bebida garganta a baixo.

— Elas já devem estar até esperando. — Eric se pronuncia, levantando-se do sofá e arrumando sua jaqueta. Assim que o faz, os outros caras reclamam por ele tapar a visão do telão.

— Eu não sei o que a gente ainda tá fazendo aqui. — Milo aparece atrás de mim, empurrando-me de leve e todos fervem.

— Espera aí, espera aí! — calo o agito e todos me olham.

— Ah, não seja estraga prazeres, Shawn. — Tyler bufa e o murmuro volta.

— Ei, ei, esse nunca é meu objetivo. — levanto o copo, fazendo-os voltarem a ficar em silêncio.

Como a notícia da invasão se espalhou rapidamente pela casa, o lugar encheu e todos prestam atenção em mim.

— O que é, então? — Milo questiona.

— A gente vai fazer o que? Só invadir, pular na piscina, investir nas garotas e sair de lá com elas? Elas vão sair ganhando.

— Poderíamos levar armas de água. — um cara que eu nem sei o nome sugere.

— A gente já fez isso uma vez. E elas já tão molhadas, idiota. — Tyler indica a imagem delas no telão e da um tapa em sua cabeça.

— Vocês ainda tem essas armas? — ele afirma com a cabeça. — Tá, eu tenho uma ideia.

***

Em questões acadêmicas, eu poderia dizer que esses caras são bem vagabundos, mas quando tem mulher envolvido, eles são extremamente organizados.

O muro da piscina é de fácil acesso, então enquanto uns pulam direto para a água, assustando-as, outros irão abrir o portão da frente e deixar com que a bebida, que já estará sendo levada, entre.

Avançamos pela rua em grupo, já na postura que com certeza da medo a quem nos observasse. E como naquela noite tem festas em todas as casas, os jardins estavam cheios e fomos uma atração à todo o público.

De acordo com o meu histórico, já me deixaram a tarefa de ser o primeiro a pular na água. Então, já tiro a camisa ao longo do caminho e vou abrindo o cinto.

Assim que chegamos na frente da casa, demos a sorte dela ser mantida apenas nos fundos, então não seríamos descobertos logo de cara.

A música é alta, então Tyler grita o direcionamento de cada grupo e vou junto à Jack, Milo e mais seis caras para o muro.

Eu atiro minhas roupas para a parte de dentro dos tijolos — eu terei que ter algo pra vestir depois. — e Milo da o grito de guerra da KTG, então subo no muro e assim que o restante responde com um uivo uníssono, eu pulo.

Água e correria pra todo lado. Assim que emerjo à superfície, saio da piscina pela borda e Jack já me joga uma das armas.

Penso um pouco antes de selecionar o meu primeiro alvo entre o alvoroço de peles expostas.

Sentada em uma cadeira de praia, vejo uma garota de cabelo escuro claramente perdida. Ela não sabia o que estava acontecendo e ainda não havia sido atingida.

A música eletrônica não para e a altura é quase ensurdecedora.

Apenas me viro para ela, sem nem dar um passo e quando ela começa a se levantar, provavelmente para fugir dali, eu a atinjo com tinta vermelha.

Sujo toda sua saída de banho e assim que ela se vira para mim, pinto toda sua pele descoberta e noto seus punhos cerrarem.

Seus cabelos levemente ondulados e a luz não me permitem ter uma visão clara de seu rosto e eu não tiro o dedo do gatilho ao vê-la se aproximar.

E enquanto minha expressão determinada se desfez pela doçura da cor de seus olhos ao encontrarem os meus, a sua amargou-se e tudo o que eu senti foi um empurrão, seguido do impacto da água.

E foi nesse momento que eu soube que aquela seria a garota que eu levaria pra casa no final da noite.

Where Were You In The Morning ❀ Shawn Mendes ❀ Onde histórias criam vida. Descubra agora