4 ❀ mermaid ❀ shawn

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Assim que percebo minha situação sob a água, volto a superfície e minha visão é coberta pela cor vermelha.

Espera um pouco. É sério que ela me empurrou de volta pra piscina e agora tá me atingindo com a minha própria arma?

Será que eu posso dizer que já a amo?

Eu não vou deixar barato, então como ela com certeza não tem muita experiência com isso, sua arma está muito próxima de mim e a tinta logo logo vai acabar, então em um movimento rápido, seguro o plástico com as duas mãos e ela se assusta ao ser puxada em minha direção.

Espero ela voltar à superfície para dar o meu melhor sorriso, mas assim que o faz tudo o que sinto é um jato de água em minha direção afetando meus olhos.

Nossa, ela é agressiva.

— Que merda tá acontecendo? — ela grita com o cabelo molhado cobrindo o próprio rosto. — Parece que eu to menstruada. — diz olhando a água ficar vermelha em sua volta e eu solto um riso nasalado, fazendo-a notar minha presença.

— Oi, prazer em te conhecer. Meu nome é Shawn Mendes. — estico a mão para ela e sua expressão altera novamente. Ela abre um sorriso delicado e estica a mão até a minha.

— Oi — sua voz é doce. —, meu nome é Vai Se Foder. — ela atira mais água em mim e se desloca para a borda da piscina.

— Educação vem de casa. — observo-a sai da água, vendo o tecido azul claro grudar em suas curvas. E Deus, que curvas.

— Meu Deus. — ela se ajoelha no piso de mármore que revestia o chão e leva a mão até seu peito de um forma dramática. — Me desculpa, eu não sabia que...

— O que? Não sabia o que? — nado até seu encontro.

— Não sabia que tu era um sem teto. — ela se levanta e me lança um sorriso de desprezo. — Por que, com certeza essa não foi a forma mais disciplinada de se apresentar. — ela anda pelo pátio, que já estava quase vazio, até a área da churrasqueira, sob meia luz. As pessoas se deslocaram pra dentro da casa.

Possivelmente as garotas estavam se limpando e com certeza os caras estavam ajudando. Não existe coisa mais satisfatória do que ser a redenção à vulnerabilidade de uma mulher. É o meio mais fácil e rápido de uma boa transa. É só saber aplicar a técnica.

— Ei! — chamo sua atenção e ela se vira no momento em que uso meus braços como suporte para sair da água com um único movimento. Ela observa meus músculos se contraírem e caminho até ela com a minha melhor postura.

— Sai, tu tá molhado. — ela me afasta, tocando meu peito sorrateiramente e desvia o olhar para o meio das minhas pernas por breves segundos. A minha cueca é preta e a luz tá fraca. Má sorte dela.

— Inventa uma desculpa melhor pra me tocar. Tu também tá molhada. — passo a mão pelo cabelo e sorrio.

— Ah, saquei. — ela cerra os olhos com rímel borrado. — Já entendi como tu funciona. Nada sofisticado... Ãhm...

— Shawn. — a relembro meu nome já sabendo que com certeza ela não havia esquecido.

— Isso! Shawn. — eu a encaro, mas ela não se pronuncia, como se não tivesse mais nada a dizer.

— Como eu funciono?

— Ah... considerando o Jaeger-Lecoltre no teu pulso — ela olha o relógio. —, o fato de ter sido o primeiro a invadir uma festa privada, de jogar toda essa auto confiança pra cima de mim e achar que eu ainda vou te dar moral depois de ter, violentamente, me agredido com tinta vermelha e manchado meu biquíni favorito, eu conseguiria te definir com... egocêntrico.

— O relógio é herança e o biquíni... — a analiso. — posso te dar outro se for...

— Mimado. — ela diz com desdém e segue o caminho até a cadeira que estava sentada antes, então a sigo.

— Eu não sou mimado. — certo, falando desse jeito e ficando na defensiva até pode parecer que eu sou, mas não é verdade. Sério.

— Superficial. — ela se abaixa para pegar uma bolsa e tenho uma visão privilegiada de sua bunda parcialmente descoberta.

— Se eu sou mimado e superficial, tu é o que?

— Tu não me conhece e não tem nada a dizer sobre mim. — ela se vira e diz com uma prioridade de suas palavras que faz com que um calor suba pela minha espinha. Não tenho certeza se é raiva ou excitação.

— Então se eu dissesse que tu é uma mulher insegura que usa das palavras pra diminuir os outros e sentir-se bem consigo mesma, como se fosse a dona da verdade, eu estaria errado? — ela me encara por um breve segundo que me faz repensar minhas palavras. Eu não conheço essa garota e ela já se demonstrou agressiva, talvez não fosse a melhor ideia atiçar essa onça.

— Absolutamente. — ela coloca a bolsa no ombro e segue andando.

Eu a sigo novamente. Merda.

— Então se eu sou o mimado, me diz como tu sabe qual é a marca do meu relógio?

— Tu tem o perfil exato de caras que eu atraio para meu covil como uma sereia atrai marinheiros, então quando os conquisto e faço-os confiar em mim, uso dessa segurança pra passar a perna e roubar seus pertences. — ela se vira com um sorriso perturbador e segura meu braço. — Por um desses aqui, vale a pena.

— Ãhm... — O quê? — O quê? — a encaro incrédulo, quando ela solta uma gargalhada.

— É brincadeira. — ela molha os lábios e encara os meus. — Ou talvez esse seja o primeiro passo da minha aposta sorrateira. — ela levanta a sobrancelha e volta a andar.

— Onde tu tá indo? — seguro seu pulso.

A música que havia parado durante a guerra volta a tocar e as pessoas começam a sair da casa.

— Tu por acaso percebeu o estrago que fez?

— Estrago? Eu... — ela me olha de uma forma impaciente.

Desculpe estar tão lerdo, a culpa é da bebida. A culpa sempre é da bebida.

— Vou achar um lugar pra tentar me limpar, sei lá.

— Tá, eu vou contigo.

— Eu não duvido que tu conheça muito bem os quartos da casa, mas pode deixar que eu me viro.

— Que isso! Eu causei os danos, me deixa concerta-los. — a encaro e ela faz o mesmo, analisando minha proposta com os olhos cerrados.

— Tudo bem. Fica a teu critério me seguir ou não.

Where Were You In The Morning ❀ Shawn Mendes ❀ Onde histórias criam vida. Descubra agora