Após uma vida infeliz, que começou ainda na infância com a partida do seu pai e o buraco que sua ausência causou, Anastásia se isolou do mundo, encolhendo-se em uma bolha de sofrimento que parecia que iria durar pela eternidade. No auge da dor, cans...
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Sinto minha boca secar rapidamente, como um pequeno e tórrido deserto o desejo começa a crescer em mim. Uma pequena chama que parece virar uma grande fogueira, tudo isso enquanto o encaro parado a porta. Sua camisa ainda está em minhas mãos e a diversão parece brincar em seus olhos cinza enquanto ele me encara.
— Pelo visto você sentiu minha falta. — Sussurra, a voz cheia de promessas, mas então seu olhar fica sombrio. — Você estava fugindo de mim.
— Não. — Tento, mas não consigo, suspiro e balanço a cabeça. — Desculpe, eu estava com medo, confusa com tudo isso. Ninguém nunca me fez sentir assim, Christian. Eu não seria capaz de atravessar lugar algum por qualquer pessoa, mas aqui estou eu.
— Eu vejo.
Suspiro esmorecida, há tantas coisas que eu poderia dizer nesse momento, mas de forma obtusa todas as palavras parecem ter deixado minha mente. Meu cérebro parece agora ser um pequeno e vago espaço. É como me sinto quando ele está por perto, as palavras somem, os medos e até mesmo minhas dores.
— Eu fiquei... — Tento falar enquanto Christian me olha com desvelo. — Eu não sabia o que fazer, Christian. Tudo o que eu senti quando cheguei foi que eu finalmente poderia ficar em paz, mas lá estava você, com a sua mulher.
— Ex-mulher.
— Isso não importa, você ainda estava do lado dela. Eu não consigo, não consigo passar por isso, fingindo ser outra pessoa. Eu só quero estar ao seu lado, porque eu preciso de você.
Levanto a cabeça para tentar conter a nuvem de lágrimas que se forma em meus olhos, trazendo-me o desespero à tona. É tão difícil colocar isso em palavras, tão difícil fazê-lo entender que desde o primeiro momento que eu o vi, eu precisei dele, e eu continuo precisando, mas viver entre mentiras, não me traz segurança.
— Eu só não consigo fazer isso. — Sussurro envergonhada, sem conseguir lhe encarar. — Eu quero estar ao seu lado, mas eu quero ser apenas a Anastásia.
— Eu aceito.
Abaixo a cabeça e lhe encaro, cheia de receios, ele me causa tanto medo. Tudo o que ele é capaz de me fazer sentir assusta-me de forma irrefutável, mas sempre que meus instintos me pedem para correr, o olhar dele me mantém presa aqui.
A passos largos ele se aproxima, parando na minha frente, sua mão se levanta com calma e toca meu rosto secando as pequenas lágrimas que conseguiram fugir. Seu toque aquece a minha pele ao mesmo tempo em que me atormenta. Ele é meu ponto seguro, e eu não consigo entender como isso aconteceu. É como se Christian já existisse dentro de mim, e encontrá-lo só despertou tudo o que eu deveria sentir por ele.
— Não chore. — Sua voz sai baixa, mas cheia de compreensão. — Eu entendo seus medos, eu não quero nada a mais que você, eu quero apenas a Anastásia. E somente o que ela pode me oferecer.
