Especial de Natal

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2018, 25 de Dezembro

Meu estomago revira um pouco e eu quero rir, mas me contenho, me contenho porque não posso falar nada, essa foi a regra das crianças, deixar eles fazerem o que quiser comigo no Natal, era esse o presente que eles queriam. Agora estou vendada, sentada em uma cadeira que não para de rodar, Zepp e Nick estão em cima dos meus cabelos, e eu já estou ficando com medo da brincadeira.

Ouço os risinhos de Teddy e balanço a cabeça, não imaginei que um bebê de dois anos poderiam ser tão sapeca, mas ele é, e me assusta. Teddy é uma mistura constante de Emma e Lizzie e é exatamente isso que me apavora nele.

— Meu Deus — a voz de Christian faz todo o barulho cessar. — Que bagunça é essa?

— Papai, não grita assim — Emma pede.

— O que vocês estão fazendo com a minha mulher?

— Fica quieto, pai — Judy pede rindo. — Só mais um minuto.

— Eu estou ficando com muito medo — sussurro e todos começam a rir.

Encolho ao sentir algo encostar em meus braços, fazendo-me cócegas, mas me mantenho parada, agora querendo revirar os olhos ao ouvir Christian rir.

— O que vocês estão aprontando?

— Nada tão terrível quanto o "mais rápido, Christian" — Camy diz e eu me contenho para não rir. — Não tem graça, mamãe!

— Claro que não — sussurro encolhendo os ombros. — Quer dizer...

— Para — pede Winter, apavorada. — Não diz nada.

— Ok...

— Papai, agora sai — Emma pede, toda autoritária. — Você não pode mais ver a mamãe.

— Olha só, eu quero a mamãe inteira, até a meia-noite, entenderam?

— Sai — todos gritam e Christian apenas ri.

Ouço a porta do quarto se fechar e me encolho, rindo pelas cócegas que estou sentindo, acho que Winter pode estar pintando algo em meu braço, a tinta gelada percorrendo minha pele não nega. Estou ansiosa, tentando adivinhar o que elas estão fazendo, mas estou me controlando.

— Ok, terminei aqui — Winter diz, com animação.

— Minha vez — Camy fala, e sei que está sorrindo. — Mamãe, você vai precisar tirar essa roupa.

— Você está me deixando com medo, sabia?

— Vai, mãe!

Respiro fundo e levanto-me da cadeira, um pouco zonza por terem me rodado tanto, mas consigo me manter de pé e agora, estou sorrindo por ouvir todo o burburinho vindo da sala... acho que nossa família chegou.

— Mamãe, fica parada — Camy pede, enquanto abre meu vestido.

Fico grata por ter mantido minhas peças intimas, não que eu tenha vergonha dos meus filhos, mas prefiro evitar todo o tipo de constrangimento, costumo acreditar que eles não têm travas nas línguas, aliás, acredito fielmente nisso.

— Não mexe o braço, mamãe — Winter pede e eu balanço a cabeça.

Camy termina de tirar meu vestido e logo ela está me ajudando a colocar outro, um tecido suave e gelado, provavelmente seda ou cetim, não sei, mas não questiono. Visto a roupa e espero pacientemente ela fechar nas minhas costas, fazendo-me rir as vezes, quando ela termina, me faz sentar na cadeira para calçar saltos altíssimos e eu me pergunto vagamente o porquê de tudo isso.

Judy tira os macacos do meu cabelo e começo a arrumá-los, distraindo-me.

— Que tal eu cortar seu cabelo um pouquinho?

— Você não é louca — digo firme e ela ri. — Não se esqueça que moramos na mesma casa, eu sei onde seu quarto fica.

— Credo, mãe! Era brincadeira!

Pelo que conheço, Judy deve estar revirando os olhos agora e isso me faz rir, minhas meninas estão tão grandes e eu as conheço tão bem. É divertido. Judy terminar de ajeitar meus cabelos e logo a claridade toma meus olhos, fazendo-me apertá-los quando ela tira a venda. Levanto-me e viro-me lentamente, para encarar a mulher em frente ao espelho... uau.

Meus braços estão pintados, sobre as cicatrizes, pequenas flores e galhos de cerejeiras, estou usando um vestido rosa longo e absolutamente lindo e eu não entendo o que é tudo isso. Viro-me para as meninas e encaro, em expectativa.

— Você tem feito tudo por nós nos últimos anos — Judy diz, sorrindo.

— Queríamos retribuir — Camy conclui.

— Por isso arruamos você, e as nossas avós e nossos tios fizeram a ceia... toda.

— Vocês estão brincando, não é?

— Não, mamãe — Judy fala rindo. — Hoje, você só tem que aproveitar e, nós até ensaiamos uma música.

— Meus amores, não precisava disso.

— É claro que precisava, mamãe — Emma diz, batendo os cílios.

— É, e assim que você pode nos perdoar por quebrar aquele vaso caro — fala Lizzie.

— E a janela dos fundos — Winter diz, sorrindo.

— E mais algumas cosinhas — Teddy fala sorrindo.

Semicerro os olhos e coloco as mãos nos quadris, então eles começam a rir, o que posso fazer? Ter seis filhos e dois macacos é estar constantemente vendo algo da casa quebrar, mas mesmo que eles me deixem tão irritadas às vezes, eu os amo, mais que tudo.

As crianças me abraçam e depois fogem para a sala e o som das vozes só se torna maior, é assustador a quantidade de pessoas que há nessa família.

— Você está linda.

Viro-me para a porta, assustada e com a mão sobre o peito, mas sorrio para Christian. Ele se aproxima devagar e para na minha frente, segura meus braços e sorri encarando os desenhos, que cobrem todas as minhas cicatrizes.

— Você mudou as nossas vidas — diz baixinho, sem tirar os olhos dos meus braços. — Você e Camy...

— Ei, isso é passado agora.

— Eu sei, mas estou feliz que tenha acabado. Você nos traz para a luz, Ana.

— Na verdade, Sr. Grey, quem traz luz é você, mas eu posso lidar com isso — sussurro e ele sorri. — Já pensou o que vai querer de Natal?

— Já.

— É mesmo?

— E você vai me dizer?

— Hm... acho que você não vai gostar.

— Me diga.

— Eu quero outro filho — diz e eu arregalo os olhos.

— Nem pensar!

— Eu posso te convencer.

— A resposta é não!

— Ana — balança a cabeça negativamente e me encara. — Eu posso te convencer.

— É mesmo? Como, exatamente, você vai fazer isso, Sr. Grey?

— Vamos começar tirando essa roupa e depois, eu te digo o resto, mas nesse momento, quero apenas desembrulhar meu presente de natal. Um ótimo presente, Sra. Grey.

— Ah, Sr. Grey! 

Meu Pequeno Ponto SeguroOnde histórias criam vida. Descubra agora