Após uma vida infeliz, que começou ainda na infância com a partida do seu pai e o buraco que sua ausência causou, Anastásia se isolou do mundo, encolhendo-se em uma bolha de sofrimento que parecia que iria durar pela eternidade. No auge da dor, cans...
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Caminho até a parede de vidro e encosto minha testa nela, o dia ensolarado deu lugar a uma chuva forte, o céu está escuro e lá embaixo, observo Christian entrar no carro com as meninas. Apoio as mãos na janela e suspiro quando ele me encara, então me afasto, sem conseguir olhá-lo partir.
Eu sempre soube que isso não estava certo, essa necessidade de tê-lo por perto em tão pouco tempo não me faz bem e mesmo não querendo, agora eu preciso dele. E ele tem que ir.
Suspiro com pesar e passo pelos meus sobrinhos indo em direção a sala de segurança, sento-me em frente ao computador e volto as imagens de hoje, sorrindo ao ver o quanto nós nos divertimos, mas agora tudo acabou. Escondo o rosto entre as mãos e deixo as lágrimas caírem, ele não pode voltar.
— Tia... você está chorando?
Levanto a cabeça e encaro João e Taís parados a porta, enxugo as lágrimas e me levanto.
— Exclua as imagens, João, por favor. — Peço, tão baixo que quase não me ouço. — Será a última vez, Christian não irá voltar aqui.
— Não... tia, não faz isso. — Taís implora, começando a chorar.
— Eu sinto muito, apenas... apenas façam isso.
Passo rapidamente por eles, mas sequer alcanço a cozinha, suspiro e fecho meus olhos quando Taís segura meu braço. A sua respiração está alta e eu sei que é porque ela está com raiva, com raiva de mim.
— Eu não vou deixar você fazer isso! — Ela diz firme. — Eu já vi você se destruindo milhares de vezes. Eu achei você desmaiada, após tentar se matar, inúmeras vezes e eu nunca pude fazer nada!
— Taís, por favor.
— Não! — Grita assustando-me. — Você tem que parar com isso, parar de querer que ele vá embora, isso não é justo!
— O que eu posso fazer? — Viro-me e lhe encaro. — Ele precisa estar longe, e sempre vai ser assim, você acha que eu aguento?
— Eu sei que você aguenta, mesmo que você aja assim, como uma fraca, eu sei que você não é fraca. Você pode não querer fazer nada, por medo, mas isso não me impede.
— Taís...
— Eu sinto muito, mas eu não vou perder você, nem deixar que você caia sozinha.
Taís solta o meu braço e passa por mim rapidamente. Era exatamente disso que eu tinha medo, ela se apegou a Christian e a esperança de que ele pode mudar as coisas. Eu só não tenho certeza se ele realmente pode fazer isso.
— Eu excluí as imagens... — João Miguel sussurra, ele para ao meu lado e suspira. — Ninguém nunca vai saber sobre eles, mas eu copiei as imagens para esse pen drive.
— Por quê?
— Para que você se lembre como é feliz com ele.
João coloca o pen drive na minha mão e passa por mim, tão chateado quanto Taís. Suspiro e decido não ficar com eles agora, eu só quero ficar no meu quarto.
