Entro no meu quarto em uma velocidade enorme e bato a porta com força, fazendo o barulho ecoar por toda a casa. Me jogo na cama e abafo um grito com o travesseiro.
Não estou acreditando que o meu pai vai fazer isso comigo. Será que já não basta a falta de importância comigo, que ele faz questão de deixar claro? Que raiva!Sei que não sou uma pessoa fácil. Tenho total noção disso. Sei também que já fui expulsa de inúmeras escolas e nenhuma me aceita, apenas por olhar a minha ficha escolar que inclue destruição dos bens escolares, vandalismo, violência, entre outras reclamações, além das péssimas notas. Mas me colocar na escola dele é demais. Eu não mereço isso. Ele também não me quer lá, aliás ele não me quer por perto. Não entendo porque está me obrigando a estudar lá. Mas se ele pensa que eu vou mudar o meu comportamento tendo ele como dono e diretor da escola em que eu estudo, está muito enganado. Meu pai não vai me suportar por muito tempo naquele lugar. Sei disso.
Sou tirada dos meus pensamentos por batidas na porta. Penso em ignorar, mas escuto a voz abafada da Vânia, a governanta, perguntando se eu estou bem.
Levanto da cama à contra gosto e abro a porta.-Não, eu não estou nada bem.-respondo ignorante.
Ela entra e fecho a porta novamente.
-Eu acabei escutando a discussão da cozinha.-ela diz com a expressão preocupada. Vânia se tornou uma verdadeira mãe, cuidou de mim desde que eu nasci, principalmente depois da morte da minha mãe, quando eu tinha sete anos.
-O bairro todo escutou.-falo cruzando os braços- Faz ele mudar de ideia, Vânia. Só você pode, ele só ouve você.-tento convencê-la.
-Na verdade Belinha, eu também acho que isso seja o melhor para você no momento. Ainda estamos no início de Junho e você já foi expulsa de três escolas esse ano.-bufo irritada.
-Já viu que eu estou bem e não preciso de nada. Pode ir agora.-falo grossa, como na maioria das vezes.
-Me parte o coração ver que você se tornou essa adolescente problemática.
-Sai daqui, Vânia.-falo mais alto e ela sai fechando a porta.
Respiro fundo ainda irritada e jogo o travesseiro no chão.
Eu sou uma estúpida mesmo... Vânia é a única que me apoia e me ajuda e, em troca, eu a trato desse jeito.
Suspiro e me jogo na cama.Vou ter que aturar meu pai mesmo, por um tempo. Pouco tempo, se depender de mim. Vejo meu celular vibrar e pego o mesmo abrindo a mensagem do meu pai.
Mensagem on...
Prepare-se para o primeiro dia de aula amanhã. Não admito atrasos...
Fala sério, Rogério!!! Nós estamos na mesma casa.
Esteja pronta amanhã cedo
Mensagem off...
Não respondo mais.
Ele nem se dá ao trabalho de bater na porta do meu quarto e dá um aviso. Ele não se importa comigo. Não passamos mais de cinco minutos no mesmo ambiente, apesar de morarmos na mesma casa e ele não move uma palha para mudar isso.
Aposto que ninguém no trabalho do meu pai sabe que ele tem uma filha...espero que não saibam. Eu não faço questão que saibam que a aluna nova é a filha do diretor. Quentão nenhuma.Não preciso desse título, não quero esse título. Quero que falem de mim apenas quando a palavra confusão esteja no meio da frase, sempre foi assim.
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A Filha do Diretor
Teen FictionIsabella tem uma relação conturbada com seu pai desde a morte da sua mãe e quer distância dele, mas é obrigada a estudar na escola onde ele, além de dono, é diretor.