Capítulo 8

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Chegando na escola, estava entrando quando ouço alguém gritar meu nome, percebo desespero na voz e olho para trás imediatamente.
Vejo um homem arrastar uma criança que tentava se soltar a todo custo, e que gritava meu nome. Tento lembrar se conheço esse garoto de algum lugar e logo as imagens dele invadem minha mente. Ele é o garoto, morador de rua, que ficou com medo de mim aquele dia.

- ISABELLA, ISABELLA. - ele continua a gritar, estava quase chorando.

Um choque de realidade me desperta dos meus pensamentos e corro para ajudar o menino.

- Ei, solta ele. - falo parando na frente do homem que o carregava.

- Quem é você para me dizer o que eu tenho que fazer? - ele vem para cima de mim, parecia que queria me bater.

- Solta o garoto. - falo com firmeza.

- O que você vai fazer se eu não soltar? - aperta o braço do menino que me olha, seus olhos pediam socorro.

- Eu não tenho medo de você. - falo para o homem.

- Nem eu de você. Sai da minha frente, garota. - ele me empurra e acabo caindo no chão.

- DESGRAÇADO. - grito com raiva e levanto do chão - SE VOCÊ NÃO SOLTAR ESSE MENINO AGORA, EU VOU CHAMAR A POLÍCIA. - grito já pegando meu celular no bolso e ele continua a andar arrastando a pobre criança.

- Chame quem você quiser. - diz o homem sem parar de andar.

Olho mais uma vez para o menino e disco o número da polícia. Peço ajuda dizendo que tem uma criança sendo acredita por um brutamontes desgraçado. Corro novamente até eles para impedir que ele fuja antes da polícia chegar.

- Eu vou pedir mais uma vez, solta esse menino. - paro na sua frente.

- Eu já disse que não. - ele praticamente grita.

- Eu pago o que você quiser. - falo abrindo minha carteira - Olha, eu tenho cinco mil reais aqui, em dinheiro. - falo - Posso te fazer um cheque também. É só me dizer quanto você quer. - o olho.

- Quer o trinta mil. - ele diz.

- Isso é muito dinheiro. - falo já me arrependendo.

- Nada feito, então. - ele continua andando.

- Você não vale nada, desgraçado, filho da mãe. - falo com muita raiva dele.

O homem para de andar no mesmo momento e se vira para mim.

-O deia quando me xingam. - ele diz se aproximando mais.

Empurra o menino que cai no chão.
Ele me dá um murro na barriga e gemo de dor caindo no chão.
Depois ele chuta minhas costas e me dá um murro na boca. Sinto o gosto de sangue.

- PARADO AÍ. - ouço um grito e vejo que é a polícia.

Agradeço mentalmente. Não sei até quando iria aguentar. Esse cara é muito forte.
Os policiais se aproximam do brutamontes e ele é algemado.
Uma policial se abaixa perto de mim.

- Você não devia irritar um cara desse tamanho. Ele podia ter te matado com mais um chute daquele. - arqueio a sobrancelha e cuspo um pouco de sangue - Está se sentindo bem? - pergunta.

- Claro... só acabei de apanhar de uma baleia assassina, nada de mais. - ela rir e me ajuda a levantar.

- Isabella. - o menino me abraça e sinto o corpo todo doer.

- Vai com calma, garoto. - falo sorrindo e ele se afasta um pouco.

- Você precisa cuidar desses machucados. - diz a policial - Quer ir ao hospital? - ela pergunta.

- Não. - falo rápido demais - A minha escola é ali na frente...podemos ir lá. - ela concorda.

Fomos até lá. Andei com certa dificuldade e sentindo mais dor a casa passo.
Sento no primeiro banco que vejo dentro da escola e peço para a porteira um pouco de gelo.
O garoto, que ainda não sei o nome, senta ao meu lado e começamos a falar tudo que aconteceu para a policial que anotava tudo em uma caderneta.

- Espera aí, você tentou comprar o menino? Com cinco mil reais? Sabe que isso é errado, não sabe? - dou de ombros.

- Estava tentando ganhar tempo. Óbvio que eu não ando com cinco mil reais na carteira. - explico.

A porteira aparece com o gelo e sai em seguida, coloco no canto da boca.

- Acho que vocês passaram por muito hoje. Devia ir ao hospital, para ter certeza que não teve uma hemorragia interna. - a policial fecha a caderneta e me olha.

- Não precisa, eu vou ficar bem. - falo suspirando.

- E quanto ao garoto, vamos levar ele para um orfanato. - diz.

- O quê? Não. - falo - Eu quero ficar com ele, ele é meu amigo. - digo.

- Vamos ver o que posso fazer...mas você é menor de idade, não pode adotar uma criança. - diz - Vou levá-lo comigo, mas você pode visitá-lo sempre que quiser. - abre a caderneta e anota algo. Arranca a folha e me entrega - É meu número. Pode me ligar para saber do menino, onde ele está e como está. - afirmo com a cabeça - Até mais, Isabella. Se cuida e não se meta mais em confusão. - diz ela.

- Tchau, Isa. - diz o menino triste e me abraça - Meu nome é Henrique. - ele diz e acompanha a policial que já estava indo embora.

- Tchau, Henri. - falo e ele me olha sorrindo.

Suspiro cansada e me ajeito no banco, sentindo a dor do murro na barriga me pegar de jeito.
Logo, meu pai aparece.

- A porteira me chamou. Disse que você apareceu aqui com uma policial e um garoto. O que você fez dessa vez? - ele quis saber.

Olho em seus olhos e penso um pouco.

- Por que você é assim? Eu sempre sou a errada, sou eu que sempre faz o que não devia...mesmo que eu não tenha feita porcaria nenhuma, eu sempre sou a culpada. - desabafo.

Meu pai sai de perto de mim, me deixando sozinha. Que maravilha.
Depois de alguns minutos, vejo o professor Ruan vindo em minha direção.

- O que aconteceu com você, Isa? - ele pergunta preocupado.

- Não interessa. - falo grossa e suspiro - Eu quero ir para casa. - levanto com dificuldade.

- Você está bem? - ele pergunta quando gemo de dor.

- Estou. - respondo - Pode me ajudar? - pergunto.

- Claro. - ando me apoiando no professor Ruan até o seu carro.

Ele me leva até minha casa e me ajuda a sair do carro.

-Vai me contar o que aconteceu? - ele pergunta.

- Não aconteceu nada. - falo seca - Até mais, professor. - abro a porta e entro.

Caminho devagar até o sofá e deito no mesmo. Acho que Vânia não está em casa.
Fico um bom tempo deitada no sofá. Preciso de um remédio para dor, urgentemente.
Assim que Vânia chega, peço o remédio para ela.

- Quem bateu em você? - ela pergunta enquanto observa meus machucados - Foi o seu pai? - nego com a cabeça - Tem certeza? Você sabe que pode confiar em mim. Se o Rogério te bateu, você pode me contar.

- Não foi ele, Vânia. - falo calmamente -  Foi...um brutamontes... - suspiro.

A Filha do DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora