Capítulo 24

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(Vânia na multimídia)

Assim que acordo, vejo Ruan dormindo ao meu lado e sorrio. Pego meu celular no criado-mudo e vejo as horas. São 7:30.
Suspiro e olho para o Ruan mais uma vez.

- Mozi... - sussurro no seu ouvido e lhe dou um beijo no rosto - Mozi, acorda. - ele murmura algo que não consigo entender - Ei, acorda. - lhe dou um selinho e vejo ele abre os olhos devagar.

- Bom dia, amor. - beija minha testa demoradamente.

- Bom dia, Mozi. - respondo.

- Que horas são? - quis saber.

- 7:30. - ele arregala os olhos.

- É sério? - afirmo com a cabeça - Estou muito atrasado. - passa as mãos no cabelo suspirando. Ruan senta na cama e pega seu celular na minha gaveta. Depois de alguns minutos, coloca o celular no mesmo lugar de antes e deita novamente.

- Não vai trabalhar? - pergunto confusa.

- Falei ao seu pai que surgiu um contratempo. - responde. Ele me puxa fazendo com que deite minha cabeça em seu colo e começa a fazer cafuné no meu cabelo - Seu aniversário está chegando.

- Pois é... - suspiro.

- O que pensa em fazer? - ele pergunta.

- Nada, como sempre... Provavelmente, eu vou ir para a escola e agir como se fosse qualquer outro dia de aula normal, com algumas reclamações do meu pai por algo que eu tenha feito para provocá-lo. Normal... - sorrio forçado.

- Isso não é normal. - ele diz.

- Estou acostumada, não me importo. - minto.

- Não fala isso... O seu dia vai ser incrível.

- Bem... Na segunda é a viagem da turma, então não tenho certeza disso. - o lembro.

- Você vai, não é? - pergunta.

- Tenho escolha?

- Não. - sorri. Depois de algum tempo levanto da cama e tomo um banho demorado. Ao sair, vejo Ruan mexendo no celular.

- Acho melhor você ir, alguém pode querer me incomodar aqui. - falo.

- Vânia já veio aqui enquanto estava no banho, mas eu apenas fiquei em silêncio esperando ela ir embora. - diz e levanta se aproximando de mim - Vou ter que pular a janela, mas nos vemos, ok?

- Ok. - ele me beija e sai do quarto pela janela. Me aproximo da mesma e vejo quando o alarme da casa toca e uma voz feminina gritar por socorro - Droga. - falo comigo mesma.

Saio do quarto correndo, Fernanda estava na sala falando ao telefone com a polícia e Vânia fechando as portas. Saio pela porta da frente escutando os seus gritos pedindo que eu volte. Depois de dá uma volta pela casa, vejo Ruan escondido no jardim.

- De madrugada o alarme não tocou. - ele diz.

- Provavelmente Vânia só ligou hoje porque pensou que eu pudesse tentar fugir pela janela. - suspiro.

- O que vamos fazer agora? Se me pegam aqui eu posso ser demitido. - passa a mão nos cabelos.

- Você não vai ser demitido. - ouvimos o som de uma sirene se aproximando.

- Talvez preso. - me seguro para não rir do desespero dele.

- Vem. - sigo para o muro no fim do jardim - Todos os muros da casa tem cerca elétrica, menos esse. Vai dá no quintal da casa do vizinho, é um velhinho gente boa, você diz para ele que estava com a Isabella e precisou fugir, ele vai te deixar passar. O bom é que ele não gosta do meu pai, não vai falar nada. - Ruan me dá um selinho rápido e começa a escalar o muro.

Quando vejo que ele já está do outro lado, volto para dentro de casa. Minha querida madrasta estava chorando e contando que tinham invadido a casa. Vânia trazia um copo de água para ela, enquanto dois policiais a olhavam esperando que ela contasse de fato o que tinha acontecido.

Atrás de mim, meu pai entra feito um furacão na casa e abraça a Fernanda. Estava subindo para meu quarto, quando ele me chama e o olho.

- O que você tem a ver com isso? - pergunta cruzando os braços.

- Nada. - respondo dando de ombros.

- Fala a verdade. Você está trazendo marginais para dentro da minha casa? - ele me encarava.

- Não é marginal. É meu namorado. - falo irritada com tantas perguntas.

- Seu namorado? O Natanael está na escola nesse exato momento.

- E quem disse que Natanael é meu namorado? - retruco.

- Então quem é ele?

- Não te interessa. - sorrio de lado - E você não estaria aqui se não colocassem alarmes na janela do meu quarto. - subo para meu quarto e me tranco no mesmo.

Passei o fim de semana assim, nem o Ruan me convenceu a sair de casa. Na segunda feira, acordo bem cedo, o que detesto obviamente.
Tomo um banho demorado e me visto. Pego minha mochila e minha mala. Hoje é aquela viagem da escola, infelizmente.
Desço as escadas sem a menor vontade possível e vejo meu pai saindo da cozinha.

- Isabella, quero falar com você. - ele diz. Meu coração acelera. Será que depois de oito anos, ele lembrou do meu aniversário?

- O que você quer? - finjo indiferença enquanto, por dentro, a ansiedade toma conta.

- Só queria te dizer... Mandei colocar todas as coisas da sua mãe no sótão. - fala ele.

- Ah... É isso. - suspiro.

- O que mais seria? - ele pergunta sem me dá muita atenção.

- Nada. - respondo seca. Saio de casa e sigo para a escola.

Vejo Ruan no portão, passo por ele e vou até a biblioteca. Depois de alguns minutos, ele aparece.

- Feliz aniversário, meu amor. - fala no meu ouvido e me abraça.

- Valeu. - sorrio forçado.

- Tudo bem contigo? - coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Tudo. - falo sem ânimo. Quando ele ia dizer algo, escutamos alguém entrar no lugar e nos afastamos imediatamente. Era a bibliotecária.

- Acho melhor você ir para o ônibus se não quiser levar uma suspensão. - Ruan fala alto para a mulher escutar.

- Pouco importa. - respondo, mas obedeço.

A Filha do DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora