(Vânia na multimídia)
Assim que acordo, vejo Ruan dormindo ao meu lado e sorrio. Pego meu celular no criado-mudo e vejo as horas. São 7:30.
Suspiro e olho para o Ruan mais uma vez.- Mozi... - sussurro no seu ouvido e lhe dou um beijo no rosto - Mozi, acorda. - ele murmura algo que não consigo entender - Ei, acorda. - lhe dou um selinho e vejo ele abre os olhos devagar.
- Bom dia, amor. - beija minha testa demoradamente.
- Bom dia, Mozi. - respondo.
- Que horas são? - quis saber.
- 7:30. - ele arregala os olhos.
- É sério? - afirmo com a cabeça - Estou muito atrasado. - passa as mãos no cabelo suspirando. Ruan senta na cama e pega seu celular na minha gaveta. Depois de alguns minutos, coloca o celular no mesmo lugar de antes e deita novamente.
- Não vai trabalhar? - pergunto confusa.
- Falei ao seu pai que surgiu um contratempo. - responde. Ele me puxa fazendo com que deite minha cabeça em seu colo e começa a fazer cafuné no meu cabelo - Seu aniversário está chegando.
- Pois é... - suspiro.
- O que pensa em fazer? - ele pergunta.
- Nada, como sempre... Provavelmente, eu vou ir para a escola e agir como se fosse qualquer outro dia de aula normal, com algumas reclamações do meu pai por algo que eu tenha feito para provocá-lo. Normal... - sorrio forçado.
- Isso não é normal. - ele diz.
- Estou acostumada, não me importo. - minto.
- Não fala isso... O seu dia vai ser incrível.
- Bem... Na segunda é a viagem da turma, então não tenho certeza disso. - o lembro.
- Você vai, não é? - pergunta.
- Tenho escolha?
- Não. - sorri. Depois de algum tempo levanto da cama e tomo um banho demorado. Ao sair, vejo Ruan mexendo no celular.
- Acho melhor você ir, alguém pode querer me incomodar aqui. - falo.
- Vânia já veio aqui enquanto estava no banho, mas eu apenas fiquei em silêncio esperando ela ir embora. - diz e levanta se aproximando de mim - Vou ter que pular a janela, mas nos vemos, ok?
- Ok. - ele me beija e sai do quarto pela janela. Me aproximo da mesma e vejo quando o alarme da casa toca e uma voz feminina gritar por socorro - Droga. - falo comigo mesma.
Saio do quarto correndo, Fernanda estava na sala falando ao telefone com a polícia e Vânia fechando as portas. Saio pela porta da frente escutando os seus gritos pedindo que eu volte. Depois de dá uma volta pela casa, vejo Ruan escondido no jardim.
- De madrugada o alarme não tocou. - ele diz.
- Provavelmente Vânia só ligou hoje porque pensou que eu pudesse tentar fugir pela janela. - suspiro.
- O que vamos fazer agora? Se me pegam aqui eu posso ser demitido. - passa a mão nos cabelos.
- Você não vai ser demitido. - ouvimos o som de uma sirene se aproximando.
- Talvez preso. - me seguro para não rir do desespero dele.
- Vem. - sigo para o muro no fim do jardim - Todos os muros da casa tem cerca elétrica, menos esse. Vai dá no quintal da casa do vizinho, é um velhinho gente boa, você diz para ele que estava com a Isabella e precisou fugir, ele vai te deixar passar. O bom é que ele não gosta do meu pai, não vai falar nada. - Ruan me dá um selinho rápido e começa a escalar o muro.
Quando vejo que ele já está do outro lado, volto para dentro de casa. Minha querida madrasta estava chorando e contando que tinham invadido a casa. Vânia trazia um copo de água para ela, enquanto dois policiais a olhavam esperando que ela contasse de fato o que tinha acontecido.
Atrás de mim, meu pai entra feito um furacão na casa e abraça a Fernanda. Estava subindo para meu quarto, quando ele me chama e o olho.
- O que você tem a ver com isso? - pergunta cruzando os braços.
- Nada. - respondo dando de ombros.
- Fala a verdade. Você está trazendo marginais para dentro da minha casa? - ele me encarava.
- Não é marginal. É meu namorado. - falo irritada com tantas perguntas.
- Seu namorado? O Natanael está na escola nesse exato momento.
- E quem disse que Natanael é meu namorado? - retruco.
- Então quem é ele?
- Não te interessa. - sorrio de lado - E você não estaria aqui se não colocassem alarmes na janela do meu quarto. - subo para meu quarto e me tranco no mesmo.
Passei o fim de semana assim, nem o Ruan me convenceu a sair de casa. Na segunda feira, acordo bem cedo, o que detesto obviamente.
Tomo um banho demorado e me visto. Pego minha mochila e minha mala. Hoje é aquela viagem da escola, infelizmente.
Desço as escadas sem a menor vontade possível e vejo meu pai saindo da cozinha.- Isabella, quero falar com você. - ele diz. Meu coração acelera. Será que depois de oito anos, ele lembrou do meu aniversário?
- O que você quer? - finjo indiferença enquanto, por dentro, a ansiedade toma conta.
- Só queria te dizer... Mandei colocar todas as coisas da sua mãe no sótão. - fala ele.
- Ah... É isso. - suspiro.
- O que mais seria? - ele pergunta sem me dá muita atenção.
- Nada. - respondo seca. Saio de casa e sigo para a escola.
Vejo Ruan no portão, passo por ele e vou até a biblioteca. Depois de alguns minutos, ele aparece.
- Feliz aniversário, meu amor. - fala no meu ouvido e me abraça.
- Valeu. - sorrio forçado.
- Tudo bem contigo? - coloca uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Tudo. - falo sem ânimo. Quando ele ia dizer algo, escutamos alguém entrar no lugar e nos afastamos imediatamente. Era a bibliotecária.
- Acho melhor você ir para o ônibus se não quiser levar uma suspensão. - Ruan fala alto para a mulher escutar.
- Pouco importa. - respondo, mas obedeço.
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Filha do Diretor
Teen FictionIsabella tem uma relação conturbada com seu pai desde a morte da sua mãe e quer distância dele, mas é obrigada a estudar na escola onde ele, além de dono, é diretor.