A Filha do Diretor

Capítulo 23

Acordo com o Ruan me observando.

- Bom dia, Bêh. - ele diz e me dá um selinho demorado - Posso te chamar de Bêh?

- À vontade. - digo - Bom dia. Está melhor, Mozi?

- Com você do meu lado, é óbvio que sim. - sorrio - E você? Como está?

- Muito bem. Faz tempo que não durmo uma noite inteira. - levanto da cama e vou até o banheiro. Tomo um banho rápido e escovo os dentes com a escova do Ruan mesmo. Visto a roupa que estava ontem.

- Vai à escola? - ele pergunta assim que saio do banheiro.

- Não estou a fim. - falo sentando na cama.

- Quando vai me contar o que aconteceu? - quis saber.

- Não aconteceu nada, já disse. - ele suspira e levanta indo até o banheiro. Pego o relógio da minha mãe, que arranquei à força do braço de Fernanda ontem, na gaveta do criado-mudo de Ruan - Saudades de você. - sussurro. Guardo o relógio novamente.

Depois de alguns minutos, Ruan sai do banheiro e me olha.

- Vou na escola, quer que eu te leve? - nego com a cabeça.

- Não conta ao meu pai que me viu. - peço.

- Óbvio que não vou contar. - ele se abaixa perto de mim e me beija - Até mais, Bêh. - ele sai.

Passo o dia inteiro assistindo Grey's Anatomy.
Estava deitada na cama de Ruan, assistindo a série pelo notebook, até que o mesmo entra no quarto. Olho a hora. 19:45 hrs. Desvio o olhar da tela do notebook e o olho.

- O que está assistindo? - ele pergunta tirando a camisa.

- Grey's Anatomy. - respondo séria - Estava na escola até agora?

- Não. Estava na sua casa. - diz - Seu pai me chamou para jantar, não podia negar. Mas vim o mais rápido que pude.

- Hum... - volto a olhar para o notebook.

- Está de mal humor? - Ruan pergunta.

- Não. - respondo seca. Ouço ele suspirar e sinto quando ele deita ao meu lado envolvendo minha cintura com seu braço - Deixa de ser folgado, Ruan. - ele fecha o notebook e me vira na cama ficando em cima de mim.

- Eu, realmente, prefiro Mozi. - diz.

- Me deixa em paz. - peço.

- Não. - tento o empurrar, mas ele segura meus braços na altura da cabeça e sorri aproximando nossos lábios. Desisto de lutar e retribuo ao beijo. Ruan se afasta de mim sorrindo.

- Estúpido. - sussurro quando ele sai de cima de mim.

- Seu pai acha que você está com alguma amiga. - ele diz. Levanto da cama ignorando a informação - Quando vai voltar para sua casa? - ele pergunta. Suspiro.

- Quando eu tiver vontade. - ia sair do quarto, mas Ruan segura meu braço me fazendo parar.

- Eu sei o que aconteceu e sinto muito por isso, mas você não pode fugir de seus problemas, não dá para fugir do seu pai a vida toda. Uma hora, vai ter que enfrentá-lo e vai fazer isso de cabeça erguida. - abaixo a cabeça suspirando. Ruan me abraça.

No dia seguinte, acordo um pouco tarde. Fiquei o dia inteiro pensando na minha vida e o que devia fazer. Assim que Ruan chegou, pedi para ele me levar para casa.

- Vou sentir sua falta. - ele comenta enquanto dirige.

- A gente se ver todos os dias... - falo olhando pela janela.

- Não é a mesma coisa. - o olho.

- Acha que estou fazendo o certo? - pergunto.

- Sim. - suspiro. Ruan coloca a mão na minha perna - Qualquer coisa, pode contar comigo. - dou um meio sorriso e seguro sua mão.

Depois de alguns minutos assim, ele para o carro na esquina da minha casa. Respiro fundo e solto a mão do Ruan.

- Hey. - o olho e o mesmo me beija. Sorrio e saio do carro. Ando à passos lentos até a minha casa e penso várias vezes antes de abrir a porta.

Ao entrar, vejo meu pai e a Fernanda no sofá, abraçados. Bato a porta com força fazendo com que notem a minha presença. Subo para meu quarto o mais rápido possível e tranco a porta.
Tomo um belo e demorado banho e visto o pijama mais confortável que encontrei. Deito na cama e encaro o teto por algum tempo, até adormecer.

Abro os olhos assustada e respiro fundo algumas vezes. Olho as horas no meu celular. 3:20 hrs da manhã. Mando uma mensagem para o Ruan.

Mensagem on...

Hey???

Oieh Bêh

Pensei que estava dormindo...

Estou terminando de corrigir umas provas

Aconteceu algo contigo?

Não... só não consigo dormir

Pesadelos?

Eu acho não devia ter voltado

Queria estar aí com você...

Eu também

Espera um pouco...

O que foi?

Já chego aí...

O que vai fazer?

Só me espera

Mensagem off...

Vinte minutos depois, alguém bate na porta do meu quarto. Tomo um susto e coloco a mão no coração. Levanto devagar e me aproximo da porta. Abro com certo receio, mas respiro aliviada ao ver Ruan. Ele entra no meu quarto e tranco a porta novamente.
Olho para o Ruan e me aproximo lhe dando um selinho.

- O que faz aqui? - pergunto o olhando nos olhos.

- Eu disse que viria, não disse? - sorri e coloca a mão na minha nuca me puxando para um beijo.

- Achei que não estava falando sério. - confesso assim que finalizamos o beijo.

- Não quero você dormindo nas aulas. - sorrio. Ruan senta na minha cama e tira o tênis, deito do outro lado e me cubro com a cobertor até o pescoço - Está com frio? - ele pergunta deitando ao meu lado.

- Um pouco. - respondo. Ele me puxa para perto dele e envolve minha cintura com seu braço e começa a mexer nos meus cabelos - Você não tem juízo. - comento sorrindo.

- Por que? - ele quis saber.

- Você sabe que está na casa do diretor da escola que você trabalha com uma de suas alunas, não sabe?

- Bem que eu desconfiava. - dou risada.

- Você é incrível. - falo sincera.

- Sei disso. - abro um sorriso e Ruan deposita um beijo na minha nuca.