Capítulo 6

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Paro numa praça perto do hospital. Eu preciso ir mais longe que isso, mas eu não consigo mais. Minhas pernas estão tremendo muito, minha respiração e os batimentos cardíacos ainda não voltaram ao normal. Enxugo as mãos, que soavam demais, na calça. Faço um coque desajeitado no cabelo.

Eu sou mesmo uma fraca. Não consigo enfrentar nem mesmo um hospital.
Depois de alguns minutos ali sentada, já estou voltando ao normal. Levanto devagar e vou andando à passos lentos até minha casa.
Vânia estava na sala de estar, arrumando o cômodo quando eu entrei.

- Isa? Ainda está muito cedo para está em casa. Aconteceu algo? - ela estava preocupada.

A olho uns instantes e subo para o meu quarto sem dizer uma palavra. Tiro o tênis e deito na cama, me cobrindo até o pescoço. Não demorou muito, Vânia entra no meu quarto e senta na minha cama ao meu lado.

- O que está sentindo? - ela quis saber.

- Dor... - falo baixo.

- Onde dói? - quis saber.

- O corpo...

- Está sentindo mais alguma coisa? - pergunta.

- Náusea. - ela coloca a mão na minha testa.

- Está com muita febre. Seu pai sabe que está doente? - suspiro.

- Ele me levou ao hospital. - falo.

- Sério? Ele conseguiu fazer isso? Mas onde ele está?

- Eu fugi de lá, Vânia. - falo me irritando com tantas perguntas - Eu não consegui ficar mais de cinco minutos naquele hospital. Saí correndo e deixei o Rogério lá. - ela me olha com pena - Para com isso, Vânia. Eu não preciso da pena de ninguém. - falo grossa.

- Tudo bem, desculpas querida. - ela passa a mão em meus cabelos e levanta - Quer que eu chame o doutor Alfredo para te examinar?

- Pode ser, mas depois. Eu quero ficar sozinha. - ela assente.

-S e precisar de mim, é só gritar. Depois venho ver como você está e trago remédios, se quiser. Tudo bem? - afirmo com a cabeça e ela sai do meu quarto.

Fecho os olhos e tento dormir um pouco. Não demora muito e o sono me pega.

***

Acordo com alguém me chamando. Vejo que é Vânia.

- O que foi? - pergunto passando a mão no rosto.

- Você está suando muito e parece que a febre aumentou. - ela estava muito preocupada - Eu vou chamar o doutor Alfredo. Já volto. - sai quase correndo do quarto.

Levanto devagar e vou em direção ao banheiro. Tomo um banho rápido e me visto com um pijama cinza. Quando estava deitando na cama, sinto vontade de vomitar e corro para o banheiro novamente. Levanto a tampa do vaso e vomito tudo que comi hoje. Aperto a descarga e escovo os dentes antes de voltar para a cama.

- Está tudo bem? - Vânia pergunta entrando no quarto.

- Sim. - respondo.

- Tem certeza? Eu não quero que minta para mim, Isabella. - reviro os olhos.

- Está tudo bem, Vânia.

- O médico já está à caminho. - avisar - Tentei ligar para o seu pai, mas ele não atendeu.

- Não precisa falar nada para o Rogério. - digo fria - Se ele se interessar, pode muito bem perguntar.

- Não seja dura com ele... - a interrompo.

- Sabe que detesto que me dêem lição de moral. - falo.

- Eu... - a olho irritada e ela para de falar. Ouvimos a campainha tocar - Acho que o doutor Alfredo chegou. - sai deixando a porta aberta.

Minutos depois, ela e o médico aparecem.

- Como vai, mocinha? - ele pergunta sorridente.

- Acho que se eu estivesse bem, não teria te chamado aqui. - respondo.

- Isabella. - Vânia me repreende.

- Tudo bem, a Isa não está em um bom dia. - o doutor sorri para mim - Pode me dizer o que está sentindo? - ele pergunta.

O médico passou alguns remédios e exames, os quais eu não vou fazer.
Depois que ele foi embora, Vânia fez um lanche e levou no meu quarto.

- Eu não quero comer, não estou com fome. - falo irritada com sua insistência.

- Por favor, Isa. Assim você não vai melhorar nunca. - ela diz.

- Eu não quero... - olho para aquela bandeja com sanduíche e suco e meu estômago começa a revirar - Pode deixar aí que eu como depois. - falo para me livrar de Vânia.

- Tudo bem, mas é para você comer. - ela coloca a bandeja na mesinha perto da minha cama.

Ligo a televisão e passo alguns canais, deixando em um jornal.

- Que horas são? - pergunto à Vânia.

- 18:04 hrs, daqui a pouco seu pai chega. - ela diz arrumando uma pequena bagunça no meu quarto - Quando ele chegar, vou aproveitar para comprar seus remédios. Não quero te deixar aqui sozinha, nesse estado.

- Eu não sou mais uma criança. - falo sem olha-la.

- Para mim, vai ser sempre minha menininha. - diz baixo.

- Eu vou dormir um pouco, estou com sono. - falo ajeitando a coberta.

Minutos depois já estou dormindo.

Acordo com uma forte dor na cabeça e resolvo tomar um remédio. Olho as horas no meu celular. Já se passa das onze da noite.
Levanto da cama e me arrependo pois estava muito frio. Pego a coberta e passo pelos meus ombros para tentar me aquecer um pouco.

Desço as escadas e vou procurar um remédio para dor na cozinha. Tomo um comprimido e vou para o quarto de Vânia. Entro no quarto e a vejo dormir.

- Vânia. - a chamo e ela logo acorda me olhando preocupada.

- Aconteceu algo, Isa? - pergunta.

- Eu...posso dormir aqui? - ela sorri.

- Claro que sim. - deito na sua cama e me cubro direito - Estou com muito frio. - falo já tremendo.

- Vou pegar mais cobertas para você. Espera um pouco. - Vânia levanta e pega algumas cobertas na cômoda ao lado da cama.

Me cubro com todas elas, quatro cobertas ao todo, e mesmo assim continuo com frio, mas falo para Vânia que está ótimo.

- Seu pai perguntou por você. - ela diz e não falo nada - Ele ficou preocupado quando saiu correndo do hospital.

- Ele não veio atrás de mim... - falo quase num sussurro.

- Ele não sabia o que fazer. Você sabe, melhor do que ninguém, que ele não é um pai perfeito. Dá um desconto para ele. - suspiro e fecho os olhos.

- Eu não sou uma filha perfeita...mas pago com juros. - falo e ela fica calada, pois sabe que é verdade.

- Ele te ama... - diz depois de alguns minutos.

Finjo que já estou dormindo para não ter que dizer nada.

A Filha do DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora