Capítulo 3

4.6K 327 15
                                    

No intervalo, vou ao banheiro, mas estava interditado. Abro um sorriso satisfeita. Isso significa que o papai já viu o recado. Agora, eu só preciso me esconder dele.
Vou até a biblioteca da escola e sento um pouco afastada. Na verdade, nem precisava. O lugar está vazio, apenas a bibliotecária. Era isso que eu pensava, até ver o garoto que queria me dá lição de moral mais cedo aos beijos com uma qualquer. Pego o celular no bolso e tiro uma foto do casal.
Saio da biblioteca rapidamente e sigo para o laboratório. Ainda preciso me esconder, não estou a fim de ouvir as reclamações do meu pai em pleno intervalo.

Fico mexendo no celular até o fim do intervalo. Volto para minha sala sem pressa e sento no meu lugar.
Minutos depois da professora de biologia entrar na sala, meu pai aparece.

-Isabella Mendes.-fico com uma imensa vontade de rir, mas me seguro e o olho como se não soubesse de nada.

-O que eu fiz dessa vez?-pergunto com tédio.

-Na minha sala, agora.-diz ríspido.

-Acho que tenho, pelo menos, o direito de saber do que estou sendo acusada, não acha?-ele me olha com raiva.

-Não se faça de sonsa, Isabella. Sei muito bem que foi você que andou usando um piloto vermelho por aí.

-Na verdade, eu não sei do que você está falando.

-Você está conseguindo me tirar do sério no seu primeiro dia aqui.-ele se aproxima e começa a olhar minhas coisas.

-Claro que você pode invadir a minha privacidade, fique à vontade.-falo irônica.

-Levanta.-faço o que ele mandou e ele olha meus bolsos- Onde está o piloto?-ele quis saber.

-Não sei do que você está falando, já disse. Não tenho piloto nenhum.-falo demonstrando um pouco de irritação.

-Bom, diretor. Se me permite, eu acho que qualquer aluno pode ter feito aquilo.-diz a professora- Poderia revistar todos eles, já que fez isso com a Isabella.-sugere ela e os outros alunos começam a reclamar- Quem tem a consciência limpa, não tem nada a temer. Fiquem calmos.

-Tem razão, professora.-meu pai diz sem parar de me olhar- Pode fazer isso para mim?-sai de perto de mim.

-Claro que sim.-a professora fala.

Sento no meu lugar novamente e a professora começa a olhar os materiais dos alunos.
Acho que deve ter uma lei que proíbe isso, e se não tiver deveria ter.

Ao chegar no garoto ao meu lado, a professora tira o piloto vermelho e mostra ao diretor.

-Natanael, me acompanhe até a minha sala.-diz meu pai.

-Eu não sei como isso veio parar aqui, eu não fiz nada.-ele tenta se defender.

-Você se explica na minha sala, me acompanhe.-o garoto levanta e segue meu pai.

Os alunos começam a comentar sobre o que acabou de acontecer.

-Silêncio, turma. Não quero ouvir nenhum comentário sobre isso.-ela diz e começa a sua aula.

Quase no fim da aula, a culpa já está me corroendo. Escutei uma garota dizer que ele pode ser expulso, já que esse aquilo dá suspensão e essa seria a quarta esse ano.
Eu não deveria está assim, mas o que posso fazer? É mais forte que eu.

Peço para beber água e saio da sala. Vou em direção à sala do diretor. Vejo Natanael no banco ao lado da porta de cabeça baixa. Passo por ele e entro na sala do diretor sem bater na porta, a fechando em seguida.

-O que faz aqui Isabella?-ele pergunta irritado- Eu estava ligando para a mãe do Natanael.

-Expulsou ele?-sento na cadeira em frente à mesa.

-Obvio que sim. Só falta a mãe dele vir aqui para oficializar tudo.

-Não faz isso.-peço.

-Por que não?-ele me olha por um tempo e fico calada- Foi você. Como...-o interrompo.

-Como eu sei sobre você? Simples... você ignora tanto a minha presença, que às vezes esquece que também moro naquela casa.-falo.

-Isabella, você tem ideia de como aquilo pode me comprometer?-ele exalta um pouco a voz.

-Tenho sim. Mas você também tinha quando fez isso.-ele suspira.

-Nós conversamos em casa.-ele diz.

-Na verdade, não. Você não se lembrava de mim até ontem, quando disse que eu viria para essa escola. Percebeu que ontem foi a maior conversa que tivemos em anos? E estávamos discutindo, aos berros.-ele me olha.

-Você é bem difícil, mas eu não vou te mudar de escola, sei que é isso que você quer.-levanto da cadeira.

-Tchau, Rogério.-saio da sala e ele atrás de mim.

-Sinto muito, Natanael. Houve uma pequena confusão, foi provado que você não fez nada.-ouço o meu pai dizer- Pode voltar para a sua sala.-Natanael diz algo, mas não escuto.

Logo ele me acompanha e anda ao meu lado.

-O que você falou para o diretor mudar de ideia?-ele quis saber- Espera aí.-para na minha frente- Foi você, não foi?-dou de ombros.

-Eu não sei do que você está falando.-empurro ele e volta a andar.

***

Faz duas semanas que estou nessa escola, fiz de tudo para meu pai ficar irritado comigo e querer me tirar daqui, mas ele está focado em não aceitar provocações minhas. Decidi dá um tempo e faz alguns dias que estou na minha.
Hoje é terça-feira. Acordei cedo e fui para a escola.

As primeiras aulas passaram rápido

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

As primeiras aulas passaram rápido. No intervalo, fui até a biblioteca e sentei em uma cadeira afastada colocando as pernas em cima da mesa.

-Quanta educação numa pessoa só.-escuto a voz do Natanael e dou de ombros enquanto leio um livro- A garota problema resolveu tirar uma folga foi?

-O dinheiro está pouco, não vai dá para ir longe. Logo, logo ela está de volta.-ele rir.

-Não sabia que gostava de ler.-ele diz olhando o livro em minhas mãos- O seu jeito rebelde e os cabelos azuis não dão à impressão que gosta de ler.

-Para mim, isso é preconceito. Só porque eu pintei meus cabelos de azul e faço de tudo para ser expulsa, não quer dizer que eu não sei ler.-falo séria.

-Não foi isso que eu disse.-ele fala e dou de ombros.

-Nunca me importei com o que pensam de mim, porque vou me importar agora?-fecho o livro, levanto e saio da biblioteca depois de o colocar de volta na prateleira.

Vou beber um pouco de água antes que o sinal toque. Enquanto estou enchendo o copo com água, a garota com quem discuti no primeiro dia e desde então estamos nos provocando, passa por mim e pisa no meu pé, de propósito.
Que criancice dessa garota.

-Perdão Belinha, foi sem querer.-diz falsa.

Jogo toda a água do meu copo em seu cabelo de prancha.

-Me desculpa Brenda, foi totalmente sem querer.-sorrio falsa e me afasto dela que espumava de raiva sem acreditar no que eu tinha acabado de fazer.

A Filha do DiretorOnde histórias criam vida. Descubra agora